Capítulo 26 (Angel)

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— Angel? — Maria nos mediu com o olhar, assustada.

— É você... — Suspirei aliviada. O corpo de Jason relaxou ao meu lado.

— Você não tinha ido para a aula? — Ela segurava algumas sacolas de supermercado, e estava molhada pela chuva que ainda caia fortemente lá fora.

— Eu fui, mas não me senti muito bem e pedi pra Jason me trazer de volta.

Ela assentiu.

— Você precisa de um remédio? — Maria perguntou.

— Eu estou bem, agora. Obrigada.

— Preciso ver esse seu machucado, Angel. — Jason falou baixinho, para que só eu escutasse.

— Ah, sim.

— Ele vai almoçar aqui também? — Maria nos encarou.

— Sim. — Confirmei.

— A propósito, sua mãe me ligou para avisar que não virá para casa hoje. Ela disse que em Leigtawn está chovendo muito e as estradas estão interditadas. A chuva lá não está dando trégua para ela voltar.

— Tudo bem. Vou ligar para ela depois. — Prometi.

— Ela pediu para eu tomar conta de você hoje, e comprar mantimentos caso ela demore a voltar.

— Não precisa se incomodar, Maria. Eu já sou grandinha. — Eu sorri para ela e peguei as compras para ajudá-la.

Seguimos pela cozinha, Jason se juntou a nós. Larguei as compras na bancada e fui retirando dos pacotes, enquanto Maria ia guardando tudo no seu devido lugar. Ela sabia mais onde as coisas ficavam do que eu que era a dona da casa.

"Só pode ser que minha mãe acha que vai ficar uns três meses em Leigtawn, pois Maria tinha comprado muita coisa".

— Posso até ficar na casa da Mia, qualquer coisa. — Falei, abrindo um pacote de bolacha Oreo e dei uma para Jason, que aceitou sorrindo.

— Ok, seria bom. — Ela maneou a cabeça. — O que vocês querem para o almoço? — Logo meu apetite apareceu, e pensei em uma deliciosa sopa quentinha.

— Se vocês não se incomodarem, posso fazer macarrão a bolonhesa. — Jason se ofereceu, roubando mais uma bolacha do pacote de Oreo que eu segurava.

— Você sabe cozinhar? — Maria perguntou, erguendo as sobrancelhas.

Maria era um amor de pessoa. De todas as nossas governantas, ela era a que eu mais tinha me dado bem. Sua face com olhos arregalados, me fez rir. Era difícil acreditar que Jason sabia cozinhar, com essa sua cara de durão e todo másculo, eu compreendia o pânico dela. Era quase como ver um lutador de boxe fazendo crochê.

— Sim. — Jason sorriu. — Aprendi a cozinhar com a Madalena, aquela que eu disse que parecia com você.

— Unnn. — Ela resmungou.

— Pode ter certeza, Maria, ele sabe cozinhar. — Falei com convicção.

— Está bem então, mas eu vou ajudar. Não quero bagunça na cozinha e adoro descobrir receitas novas. — Ela sorriu. — E parem de comer bolacha, senão nem vão almoçar. — Nós assentimos e eu larguei o pacote de bolacha em cima da bancada.

Após Jason cuidar do machucado sob minha sobrancelha, colando um Band aid e assoprando com cuidado. Naquela manhã, além de médico, Jason foi o chefe cuca, e eu e Maria, as auxiliares. Na verdade, Jason não me deixou fazer muita coisa, meu serviço praticamente era mexer o molho e provar. Era a degustadora oficial, e tudo a propósito, estava com um gosto divino. Maria e ele logo se intenderam nos ingredientes, e acabaram misturando receitas e trocando segredos culinários. Foi o máximo ver esse lado de Jason tão doméstico e pacífico. Olhando-o assim era difícil descobrir por tudo o que ele já havia passado na sua vida e que ele possuía uma droga em seu organismo que o transformava numa fera. Neste momento, ele não tinha nada de animal. Apesar dele não gostar desse seu lado feroz e possesivo, mandão e estressado, acho que era exatamente disso que eu gostava nele.

A Protegida (Segundo livro da trilogia Salva-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora