Capítulo 7 (Angel)

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Inspirei o ar profundamente segurando-o nos meus pulmões, sem conseguir acreditar no que via. Parei de cantar, e dei um passo à frente totalmente confusa pelo que meus olhos enxergavam. Senti minha mão tremer e meu corpo todo acompanhar esse ritmo. Se tudo pegasse fogo ao meu redor eu não me importaria, pois estava fixada nos olhos verdes.

Mas num instante, assim que pisquei, eles se foram.

— Jason! — Chamei aflita, sem controlar a emoção. Minha voz saiu estrangulada, quase como se eu tivesse morrendo. E eu me senti assim. Morrendo.

Todos na plateia me olharam incrédulos, mas os olhares de Mia e Jeremy pareciam assustados. Eles se viraram para trás procurando alguém que eu também procurava. Todos deveriam estar pensando que eu era maluca, e que com certeza tinha algum transtorno emocional. Sem pensar duas vezes, pulei do palco (não me importei em parecer uma dama, porque eu estava de vestido) e segui correndo em direção à saída. Empurrei algumas cadeiras que estavam no meu caminho, e Jeremy segurou meu braço quando passei apressada por nossa mesa.

— O que foi, Angel? — Ele perguntou. Seus olhos arregalados, sem compreender a situação.

Ninguém sabia o que eu tinha passado, ninguém entendia como eu me sentia. Ninguém poderia saber.

Puxei meu braço me livrando do aperto de Jeremy, sem respondê-lo, segui desesperada para encontrar Jason.

Parei na calçada e olhei para todos os lados da rua, carros passavam, pessoas conversavam, um casal se abraçava numa despedida, porém Jason não estava ali. Meu coração retumbava tão alto que parecia que ia explodir, e meu corpo trêmulo me deixava num estado completo de ansiedade e pânico. Não consegui segurar as lágrimas, elas rolavam descontroladas sem esperança de parar.

"Ele nunca voltaria. Por que eu ainda me enganava? Por que minha mente me pregava peças como essa? Por quê?".

— O que foi, Angel? O que aconteceu? — Mia perguntou chegando atrás de mim e segurando meu ombro.

— Nada. — Falei num sussurro.

Meu coração batia num compasso alto demais, numa velocidade alta demais.

"Quando meu coração vai deixar de ser masoquista?".

— Como nada? Quem é Jason? — Agora foi Jeremy quem perguntou, seu tom exaltado. Ele veio até a minha frente me encarando preocupado.

— Ninguém. — Suspirei. — Talvez, somente um fantasma na minha mente! — As lágrimas continuaram a rolar determinadas a demorarem a cessar. Mia se aproximou e me abraçou.

— Calma, Angel. — Ela falou no meu ouvido. — Eu não sei o que aconteceu, mas tudo ficará bem!

— Verdade, Angel, não chore. Se esse tal de Jason te fez alguma coisa, eu juro que quebro a cara dele! — Jeremy falou, enquanto me olhava por cima do ombro da Mia. Eu sorri tristemente pra ele, com o pensamento de que nem em um milhão de anos ele conseguiria "quebrar a cara" do Jason, mas me deu um alívio enorme no coração saber que eu podia contar com os dois. Fiz um gesto com a mão o chamando para um abraço em grupo. Ele assentiu sorrindo, se aproximou e abraçou Mia e eu.

Nunca dei tanto valor a um simples abraço, até precisar de um.

Enquanto me sentia confortável no abraço de urso em grupo, algo, porém chamou minha atenção. Um Sportege preto estacionando do outro lado da rua. A janela do motorista se abriu e um par de olhos se deteve em mim. Era o segurança do Tio Rob. O gorila que sempre me cumprimentava com um aceno de cabeça estranho.

Funguei e limpei as lágrimas. Quando seu mundo desaba, um amigo, um abraço uma palavra de consolo, é tudo que precisamos.

Resolvi encerrar a noite por ali mesmo, Jeremy e Mia me deixaram em casa por volta das 23 horas. Depois de dizer dez vezes que ficaria bem, eles me deixaram entrar em casa.

A Protegida (Segundo livro da trilogia Salva-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora