Saí do banheiro enrolada na minha toalha, me sentindo envergonhada pela cena que a recém havíamos protagonizado. "Porque eu ficava assim perto dele?". Meu cérebro entrava em pane e se derretia. Cada neurônio meu se desintegrava, e eu começava a agir como uma ninfomaníaca.
Encontrei-o sentado na poltrona da minha penteadeira.
— Oi? — Ele disse com ar de pergunta.
— Depois de tudo aquilo, é isso que você diz? —Perguntei sorrindo.
— Então... obrigado? — Ele ergueu as sobrancelhas.
— Obrigado? Pelo quê? — Franzi o cenho.
— Por não estar brava. — Seus olhos tristes quase me fizeram esquecer que ele não estava aqui durante todo esse tempo. Que ele havia me deixado. Me abandonado.
— Eu não disse isso! — Falei colocando as mãos na cintura, adquirindo uma postura ríspida. — Eu estou furiosa com você! Como você pôde me deixar todos esses dias, me fazendo acreditar que pudesse estar morto? Que o Sombra da Noite já tivesse te achado, e que estivesse te torturando! Como você pôde Jason? — Falei já caindo no choro.
Esses meses realmente tinham acabado comigo.
— Você tinha dois tiros no peito. — Gritei alto, ele precisava saber o que tinha feito comigo. — Você sabe quantas vezes eu acordei a noite, porque tive pesadelos em que você estava morto? — Eu gritei com ele. Ele tinha que entender o quanto me fez sofrer.
— Desculpa, Angel. — Ele baixou a cabeça passando a mão nos cabelos. — Eu achei que era o melhor para nós dois! Achei que te manteria segura se me afastasse, mas vejo que só fiz nós dois sofrer. — Ele se levantou e veio até mim, me abraçando.
— Não se preocupe. Eu sou como um super-homem! — Ele sorriu pra mim, limpando minhas lágrimas. — As balas foram superficiais, e meu corpo se cura rápido. — Ele me encarou. — As balas não me mataram Angel, mas ficar longe de você a cada dia, era como se eu morresse!
— Você não entende, Jason. — Chacoalhei a cabeça em negação. — Desde pequena eu aprendi que quando as pessoas realmente gostam de você, elas insistem em ficar em nossas vidas. Eu vivi um ano da minha vida achando que meu pai não gostasse de mim e agora três meses achando que você nem lembrava mais que eu existisse! — Funguei no seu pescoço, quase o estrangulando com meu abraço apertado. Ele não tinha ideia o quanto eu o queria. O quanto ele era importante pra mim.
Ele me encarrou com seus olhos verdes que eu amava. Nem eu mesmo tinha me dado conta do quanto senti falta de seus olhos.
— Você é tudo para mim. — Apesar da sua expressão séria e sua postura autoritária, eu senti seu corpo tremer junto ao meu. — Me apaixonei por você antes mesmo de te beijar.
Neste momento senti como se o mundo tivesse parado, e nada mais importasse. Nem Sombra da Noite, nem minha mãe que poderia chegar a qualquer instante, e nem mesmo o fato de eu estar queimando em febre e com o nariz entupido. Jason disse que estava apaixonado por mim. Isso podia ser real? Acho que a febre está me causando alucinações.
— O que você disse? — Perguntei, desacreditada.
— Eu disse que te amo, Angel. Tentar ficar longe de você foi a dor mais terrível que já senti, nem mesmo as torturas que sofri, chegaram perto da dor que foi de não poder estar com você!
"Com certeza a febre estava me fazendo alucinar".
Inspirei profundamente e tasquei um beijo nele. Seus braços seguram meu corpo como se eu fosse um cristal. Esse beijo foi totalmente diferente do outro, esse foi cheio de uma eletricidade e magnetizado fazendo meu corpo tremer e meus olhos se encherem de lágrimas. Lágrimas do mais puro sentimento de amor. Um beijo tão doce e cheio de afeto. Um sentimento que eu nunca havia sentido por ninguém. Um sentimento tão forte que parecia que o meu ser só estava completo com ele aqui. Completando-me.
Quando nossos corpos e bocas se afastaram tive a crescente sensação de perda, e tive a certeza que nunca mais queria ficar longe dele. Nos encarávamos com sorrisos largos e caras de bobos.
— Bem... — Ele chacoalhou a cabeça, sorrindo. — Acho que não tem mais volta agora.
— Não. Com certeza não. — Eu sorri.
Escutei o carro de minha mãe estacionar.
— Sua mãe chegou. — Disse Jason. — Ei, eu preciso te dizer mais uma coisa. Na verdade, era por isso que eu tinha vindo aqui, e claro pra te beijar também! — Ele sorriu e eu sorri. — O Sombra da Noite está usando a sua mãe, Angel!
Ele deixou de sorrir e ficou tão preocupado quanto eu.
— A minha mãe? Como? — Perguntei, sem compreender.
— Eu os vi jantando outro dia.
— Você viu o Sombra da Noite com a minha mãe? Quem ele é? — Pedi com olhos arregalados.
— Eu não o vi, na verdade. Não consegui ver quem ele era, mas eu o ouvi!
— Ouviu? — Perguntei intrigada.
— Eu reconheci a risada dele, Angel, aquela risada me causa pesadelos todas as noites, é difícil esquecê-la. Eu não me esqueceria dela nem em um milhão de anos!
Sua expressão era tão tensa e preocupada, que me fez ficar apreensiva e com medo pela minha mãe. E o pior de tudo, tínhamos um grave problema.
Meu coração se quebrou em pedacinhos, só de imaginar isso. Isso não podia ser verdade, haveria de ser outro alguém, mas ele não.
"Tio Rob era um pretendente a Sombra da Noite".
— Tio Rob! — Falei incrédula. — Ele não pode ser o Sombra da Noite. — Falei chacoalhando a cabeça, negando mais para mim do que para Jason.
— Ele já está na minha lista de suspeitos, Angel. E se sua mãe está se envolvendo com ele, pode ter certeza que há uma grande chance de ser ele! — Ele disse tristemente.
— Não pode ser. Ele é como um pai para mim!
Jason colocou a mão no meu ombro, para me reconfortar.
— A gente se engana com as pessoas. Eu me enganei com seu pai! — Ele suspirou. Eu assenti. — Eu preciso ir, sua mãe está subindo as escadas!
— Como você sabe?
Ele fez um sinal apontando para seu próprio ouvido. Então compreendi que ele podia escutar minha mãe subindo, deveria ser mais um de seus poderes de super-herói.
"Meu herói".
— Voltarei de noite. Deixe a janela aberta, não te deixarei mais sozinha até descobrirmos se Robert Petrova é realmente o Sombra da Noite. Fique bem. Eu te amo.
Ele me deu um leve selinho, e saiu em segundos pela janela, no mesmo instante em que minha mãe abriu a porta.
— Como você está? — Ela perguntou largando duas sacolas no chão e vindo em minha direção. Colocou a mão na minha testa.
— Angel! — Ela exclamou estalando os dedos em frente ao meu rosto para chamar minha atenção.
Deixei de encarar a janela, e olhei pra ela com um sorriso maravilhado no rosto.
— Eu estou bem!
— Não. Sua febre ainda está alta. Vista-se e tire essa expressão de quem viu o passarinho verde da cara. Você está me deixando preocupada. Acho que essa febre está te deixando pior do que eu imaginei! — Ela disse pegando as sacolas e procurando os remédios. — Se você não melhorar vou te levar para o hospital.
Ela nem imaginava que a febre que eu sentia, não chegava nem aos pés do calor que eu senti quando Jason disse que me amava.
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A Protegida (Segundo livro da trilogia Salva-me)
RomanceAngel está desolada. Jason desapareceu de sua vida a deixando apenas com lembranças, e a incerteza de que tudo o que viveram talvez tenha sido apenas um sonho. Angel decide tentar voltar a viver mesmo que as memórias ainda a machuquem. No entanto qu...