Capítulo 10 (Angel)

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Detetive Carter ou Allen como ele queria ser chamado quando não estava a trabalho, estacionou em frente a minha casa.

— Obrigada pela carona, Allen  — falei, pegando minha bolsa no banco de trás e abrindo a porta do passageiro.

— De nada, Angelina! — Revirei os olhos. Odiava que me chamasse de Angelina.

"Menos um ponto para ele".

— Espere! — Ele falou segurando meu braço com força, impedindo-me de sair do carro.

Olhei para ele surpresa. De novo achei que ele iria falar alguma coisa, mas não se atreveu.

— Só diga para sua mãe que eu mandei um beijo e que ligarei em breve! — Bufei, e ele sorriu.

Algo nele era familiar para mim, mas não sabia dizer o que era. Meu instinto se contradizia em confiar ou não confiar nele, e depois de tudo o que passei não confiar era a coisa mais segura a se fazer.

— Ok.

***

Entrei em casa encontrando mamãe e Maria fazendo biscoitos muito cheirosos na cozinha.

— Oi. Cheguei! — Falei me encostando ao batente da porta da cozinha.

— Oi filha, tudo bem?

— Sim, o Allen... — Fiz aspas com as mãos, revirando os olhos. — Me deu uma carona e te mandou um beijo!

— Que bom, ele é muito gentil!

Ela parecia encantadora, mesmo estando suja com farinha e usando um avental de florzinha colorida. Fiz ânsia, imitando o sinal de enfiar o dedo na goela. Mamãe revirou os olhos e sorriu da minha traquinagem. Pelo jeito ela já tinha me perdoado. Nós nunca conseguimos ficar de mau uma com a outra por mais do que 24 horas.

— Quer nos ajudar? — Ela estendeu um cortador de biscoitos em forma de estrelinha para mim. — Maria me ensinou uma receita da tia avó dela que tem um toque de pimenta como você gosta!

— Não mãe, obrigada pela oferta, mas eu preciso trocar esse vestido e colocar algo mais quente primeiro!

Eu tinha ido de manhã para a escola com um vestido de moletom e tênis, minha blusa ainda estava amarrada na cintura. Ela abaixou o cortador.

— Mas depois eu desço pra comer! — Falei rindo. Ela assentiu e sorriu.

Cheguei ao meu quarto e escancarei a porta, ainda me sentindo frustrada pela conversa enigmática com o detetive Carter. Esse cara me deixou com a pulga atrás da orelha, e com certeza, era melhor manter certa distância dele.

A minha janela estava aberta e entrava um vento forte por ela, estava vindo uma tremenda tempestade. Larguei meus livros e bolsa na cama e fechei a janela. Tive que fazer força, pois o vento forte jogava a janela contra mim e as cortinas de cetim batiam no meu rosto, me atrapalhando.

Tirei minha roupa, ficando somente de lingerie e fui até minha penteadeira. Parei em frente ao espelho analisando minha aparência, eu estava péssima. Os olhos meio inchados e um pouco de olheira aparente, e o delineador preto totalmente borrado pela minha choradeira há uma hora. Eu devia até ter perdido um pouco de peso, pois minhas omoplatas estavam bem aparentes. Esse look ficaria perfeito para o Halloween.

A luz do meu quarto piscou, parecia que logo faltaria energia, mas quando piscou de novo fez algo refletir nos meus olhos. Notei que havia um papel em cima da minha penteadeira. O branco do papel chamou minha atenção. Peguei o papel não o reconhecendo, estava dobrado. Abri cautelosa.

A Protegida (Segundo livro da trilogia Salva-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora