Na Liberdade, chupamos Melona, que é também conhecido como um dos melhores picolés do mundo. Claro que quem deu o título fomos Sabi e eu. Também compramos uma afinidade de doces orientais, que são deliciosos. Um dos meus favoritos é o Peppero, uma espécie de palitinho salgado, com chocolate por cima. Convenço Sina a comprar um verdadeiro estoque, coisa que também fiz.
Sabi e Sina estão bastante entrosadas, o que é legal, mas acabo me sentindo um pouco triste por ver a Sabi sozinha entre nós dois. Vejo que ela está se esforçando para parecer bem. No entanto, sinto que ela não está bem. Acho que eu a conheço bem o suficiente para saber que, por mais que ela tem inúmeras paqueras não resolvidas, ela quer ao menos uma ali, sorrindo com ela.
É por isso que decido apresentar o Pepe para ela.....
No dia seguinte, de volta à livraria, pergunto ao Pepe quais os planos dele para a folga.
— Vou jogar rugby.
— Rugby?
— Sim. Jogo no time amador da USP. — ele dá de ombros.
— E o que é isso?
— Bom — ele começa a explicar — , basicamente é um esporte em que duas equipes de quinze jogadores se enfrentam, usando as mãos e os pés, na tentativa de levar uma bola oval até a linha de fundo do time adversário. Ou então a gente tem que passar ela no meio das traves de meta. Não é tão difícil quanto parece. — ele se apressa a complementar, provavelmente vendo a minha expressão confusa.
— Realmente parece bem difícil — comento.
— Na prática, é mais fácil, eu acho.
— entendi... E o jogo são abertos? Quer dizer, qualquer um pode ir?
— São, sim. Por que, você quer ir?
— Quero. Eu acho. Parece legal — respondo, hesitante. Nunca me interessei por esportes, a não ser nas minhas pedaladas, mas acho que bicicleta nem pode ser chamado de esporte. É só um meio de transporte.
— Você nunca pareceu gostar de esporte — ele observa, parecendo ler meus pensamentos.
— Verdade, não tenho muita afinidade mesmo, mas...
— Mas...?
— Mas, vou mesmo assim. Pode me esperar lá — sorrio.
— Ok — ele devolve um sorriso surpreso. — Te espero lá então.....
Depois de uma semana chata e monótona onde Sina é a única coisa que me salva da completa inércia, meu despertador soa de novo na quinta-feira, e acordo animado.
Encaro o mapa com os Post-its sobre a minha cama e o analiso por um instante. Prefiro não fazer nada do que estava planejado para poder levar Sabi ao jogo do Pepe, e Sina vai conosco. Espero que não seja um fiasco, afinal, não sei fazer papel de cupido.
Quando encontro Sabi e Sina debaixo do MASP, algumas horas depois, Sabi está impaciente e curiosa.
— Será que eu posso saber aonde vamos?
Ela olha para Sina, procurando respostas.
— Também não faço a menor ideia... Todos os passeios de quinta são meio secretos, só sei quando chegamos ao lugar ou no meio do caminho.
Sorrio para elas.
— Não precisam conversar como se eu não estivesse aqui, sabem... Vamos ver um jogo. Mas, o resto é secreto. E é melhor vocês apressarem o passo se não quiserem se atrasar.
Sorrio, embora elas não vejam. Estou muito animado, mesmo que elas não saibam disso.....
— O QUÊ? — Sabi grita ao entrar na pequena arena. — É RUGBY. MEU DEUS, EU AMO RUGBY!
— Como assim você ama rugby? Você sequer sabe o que é isso?
Ela me olha como se fosse me matar.
— Claro que sei! Sempre vejo as partidas pela TV com meu pai ou quando tem algum jogo aberto, tipo esse! Agora, que ideia é essa de me trazer aqui?
Sina não diz nada, só olha para mim com uma cara engraçada, sem entender nada. Quando Sabi se adianta, caminhando pela fileira apertada até os acentos, segura na mão de Sina e faço um carinho leve. Ela sorri. Então, sentamos e esperamos o jogo começar.....
Quando começa, tenho certeza que fiz a coisa certa. Ou melhor, mais ou menos... As meninas parecem estar se divertindo muito. Na verdade, eu e Sina estamos nos divertindo muito, mesmo sem entender nada do jogo.
É que Sabi é realmente uma fã insana de rugby, e ela está gritando coisas loucas desde que o jogo começou.
— ISSO Aí É UM SCRUM OU ABRAÇO COLETIVO?
Sina e eu apenas trocamos olhares, sem entender nada, e caímos na gargalhada o tempo todo.
O jogo parece dramático, para não dizer violento. É super agressivo, e assistir aquilo causa certa apreensão. Na verdade, em mim e em todas as pessoas nas arquibancadas. Exceto na Sabi, que foca em dar pequenos susto na gente de vez em quando, principalmente na hora em que levanta de repente e berra alguma coisa.
Engraçado ver Pepe ali, e ele parece maior do que sempre pareceu na livraria. Ele olha para nós o tempo todo, então sei que ele já viu que eu, de fato, vim. Só que ele me olha de novo e de novo, e já estou começando a ficar confuso. Será que até eles estão ouvindo os gritos de Sabi?
Pepe definitivamente está mais forte e alto. Mesmo assim, temo que ele vá se partir a qualquer momento, quando algum cara que é facilmente três vezes maior que ele avança para atacá-lo. Em um desses ataques, ele está carregando a bola, mas desaba com ela e um oponente a agarra com força e o larga caído ali.
— NÚMERO 15, SERÁ QUE VOCÊ PODE JOGAR DIREITO?
Percebi então que o número 15 é Pepe, e meu coração palpita.
Ele levanta um pouco desajeitado e com ajuda de um colega do mesmo time — pela cor dos uniformes — , e ele olha na nossa direção.
— E SERÁ QUE VOCÊ PODE PARAR DE ME DISTRAIR? — ele grita de volta, e sinto como se alguém tivesse dado um tiro aqui perto.
Sabi congela. Lentamente, ela senta de volta no seu lugar, completamente vermelha.
Ele parece desconcertado e volta a correr atrás da bola.
— Certo... — digo depois de um silêncio desconfortável. — O que é que foi isso?
Sina dá um sorriso engraçado.
— Acho que os jogadores estão ouvindo os gritos da Sabi.
— Não tenho culpa se ele já está mal — Sabi se defende, dando de ombros. — Pode até ser bonitinho, mais precisa melhorar.
— O quê? — pergunto ao ouvir o "bonitinho".
— O que o quê? — ela pergunta, confusa.
— Quem é bonitinho? — pergunto de novo, e agora Sina também me olha sem entender nada.
— Aquele camisa 15 e mal educado.
Sorrio.
— Aquele camisa 15 — olho para a Sabi, para ter certeza de que ela está acompanhando a minha fala — é o Pepe lá da livraria. Que trabalha comigo... Já falei dele pra você.
Agora sua boca está ligeiramente aberta, impressionada.
— E já que você o achou bonitinho... — coloco um tom irônico na palavra — , acho que vai ser mais fácil dizer que vamos sair todos juntos depois daqui. E aí talvez você possa ensiná-lo a jogar direito.
Agora ela está ainda mais vermelha e com a boca ainda mais aberta.
Sina se apoia em mim, e eu me viro para ela, sorrindo.
Tocamos as mãos, cúmplices, e Sabi fica ali, sem palavras.O Noah virando cupido da Sabi e do Pepe = td pra mim 🤧💕
Já votaram na Sina hoje?
Xoxo ✨
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𝐀𝐒 𝐋𝐔𝐙𝐄𝐒 𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐁𝐑𝐈𝐋𝐇𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 - 𝐍𝐎𝐀𝐑𝐓
Romance[CONCLUÍDA] Noah passou por uma fase terrível e seu coração ainda está despedaçado. Agora, ele decidiu viver um dia após o outro, tentando compreender as particularidades dessa cidade enorme que é São Paulo, onde ele vive, mas se sente sozinho. Poré...