[CONCLUÍDA]
Noah passou por uma fase terrível e seu coração ainda está despedaçado. Agora, ele decidiu viver um dia após o outro, tentando compreender as particularidades dessa cidade enorme que é São Paulo, onde ele vive, mas se sente sozinho. Poré...
Noahzinho, Você provavelmente não tem como saber, mas conversei com a Sabi ontem. Ela me deu notícias suas e me contou como você está, com a terapia e tudo mais. Contou sobre ela e Pepe também, fiquei feliz em saber que eles ainda estão juntos. Acho que não botei muita fé no início, a Sabi é meio doidinha, né? Achei engraçado, ela e o Pepe fazem um casal legal. Você tem se sentido sozinho? Eu, sim. Sinto sua falta de forma estranha e esmagadora. Ontem foi o último dia da viagem. Apresentei meu cuida e o nosso grupo tirou nota máxima, graças a Heyoon, que foi quem salvou a gente com as locações onde filmamos. Você ia gostar dela, eu acho. A fotografia ficou incrível por causa dela. Lembrei de você, das fotos nas molduras pelas paredes do seu quarto. O olhar de vocês para as coisas é parecido, sempre buscando um ângulo que ninguém vê. Sempre procurando algo que ninguém nota. Depois da apresentação, nós fomos de skate até um Pizza Hut daqui para comemorar. Acredita que agora eu sei andar de skate? Claro que isso foi culpa da Heyoon, e me rendeu alguns arranhões — coisa que também me lembrou de você, sabe... É delicioso passear no skate pela orla das praias daqui, vendo a enorme quantidade de palmeiras, gaivotas e crianças que correm para lá e para cá. Na verdade, vou sentir muita falta daqui. Tudo é maravilhoso. O sorvete, os carros, as luzes neon e os prédios altos do centro, que parecem brotar do nada no meio de tanto de casinhas de mesmo tamanho. Espero poder voltar em breve e respirar de novo esse ar de cinema em sonho que a cidade tem. Voltando à minha conversa com Sabi... Eu mandei uma mensagem para ela no Facebook (já que você parece ter deletado o seu, ou simplesmente não o acessa mais), e bom, eu precisava de notícias. Ela me contou da recaída, e eu me senti muito mal. Sei que parte disso é culpa da doença, mas não posso ignorar o fato de que também tenho uma grande parcela de culpa. Eu não quis te deixar para trás, e vou te dizer isso, pessoalmente, em dois dias. Talvez eu te entregue todas essas cartas também, ou talvez eu conte tudo olhando no seus olhos, não sei ainda. Mas sei que, em dois dias, estarei de volta a São Paulo, respirando o ar poluído e quente (já estamos chegando no verão, certo?), e irei até você. Irei até aquele terraço que não é terraço do Conjunto Nacional, e vamos conversar de novo, como não fazemos há um mês. Você ainda não sabe, mas a Sabi vai ligar para você e pedir para que você a encontre lá. E eu vou estar lá. Vou estar lá para você, talvez com um café na mão, e com muita, muita saudade. Você não faz ideia do quanto sou grata por ter sido... atropelada. Estranho, não é? Acho que não somos lá o casal mais normal. Se é que somos, de fato, um casal. Até depois de amanhã, Noahzinho. O dia em que as coisas voltarão a ser como eram.
Com amor e saudade, Sina.
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