041|ɴᴏᴀʜ

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Chego ao apartamento tentando não pensar em quantas pessoas me viram chorando pela rua e quais devem ter sido seus julgamentos para assinar. Abro a porta e tudo está diferente. Parece que toda alegria que havia ali algumas horas antes foi sugada, e tudo que faço é fechar os olhos e querer Sina ali comigo, conversando e assistindo filmes, e não me contando que vai embora.
Em um segundo, sinto uma angústia bizarra e aquela dor lancinante tentando paralisar meus músculos que me fazem cair de joelhos no chão. Merda, preciso dos meus remédios. Eu me movimento de quatro pelo chão do apartamento, me arrastando e tentando reunir forças, mesmo com a dor e as lágrimas que parecem queimar meu rosto, para encontrar algo que possa me salvar. Abro a gaveta do criado-mudo e o potinho de remédios não está lá. Procuro na gaveta de baixo, aflito, e nada. Nem na última gaveta.
Eu me levanto o máximo que consigo para checar a cama e a cômoda, mas não vejo nada.
Caio no chão, fraco e com a visão turva, o apartamento se convertendo em borrões. Meu cérebro grita "salve-se", só que meu corpo não quer obedecê-lo. Sinto algo grande e forte me subindo pela garganta. Não é um grito nem choro, ou vômito. É algo sufocante, una velha "conhecida". Que eu odeio.
Uma crise de ansiedade que não me visita há muito tempo.
Preciso me mexer, preciso fazer alguma coisa, mas pensamentos me atropelam e povoam minha mente cinza e escura com toda a força. Dizem coisas como: e se você cair na escada? E se atropelar alguém de novo com sua bicicleta? E se você for atropelado? E se algo cair na sua cabeça? Você pode cair num buraco. E se a farmácia estiver fechada? E se te venderem o remédio errado?
E se você não chegar a tempo?
Merda, não vai dar tempo.
Caralho, por que meu cérebro simplesmente não se comporta?
Meu coração bate como se ele pudesse explodir a cada momento, e o suor sai dos meus poros me deixando quase seco. Mesmo assim, nunca me seco completamente e sinto que estou pingando mais e mais.
Passo um braço sobre o outro e eles estão molhados, as veias, sobressaltadas. Não encontro meu celular. Como a Sabi vai me encontrar aqui?
E se ela não me encontrar aqui?
E se eu não conseguir levantar?
Nunca pensei que doeria mais do que já doía antes. Agora, entendo meu pai. É como se toda a beleza do mundo tivesse sido sugada, e não houvesse mais nada, nada que pudesse restaurar minha felicidade.
Então, não tenho mais forças nem para pensar. Apago, entrando em um vórtice escuro e torturante.
Não consigo mesmo sair do lugar.

O que será que vai acontecer com o Noah?Xoxo ✨

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O que será que vai acontecer com o Noah?
Xoxo

𝐀𝐒 𝐋𝐔𝐙𝐄𝐒 𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐁𝐑𝐈𝐋𝐇𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 - 𝐍𝐎𝐀𝐑𝐓Onde histórias criam vida. Descubra agora