044|sɪɴᴀ

1.3K 130 23
                                    

Acordo. Talvez eu preferisse não ter acordado.
A claridade inunda meu quarto, e sei que preciso arrumar as malas. Mas estou sem vontade nenhuma.
Levanto da cama e encaro o pôster com o letreiro de Hollywood que está pregado ali. Em breve, verei o verdadeiro. Depois, faço um lanche muito mais demorado do que o habitual, tentando adiar o que não posso. Sei que estou me comportando como uma garota infantil e mimada, mas, por algumas horas, eu me dou direito.
Olhar para o celular e ver que não há mensagens do Noah é um gesto simples, porém, muito, muito cansativo e frustrante.
Minha mãe percebe, mas não fala nada.
Lembro dos próximos passeios pela cidade que ele havia programado e que não vão acontecer, imagino como ele está se sentindo agora, e o pensamento aperta meu coração. Sinto as lágrimas brotarem em meus olhos com uma rapidez inexplicável.
A tristeza no rosto dele quando me deixou no restaurante é a lembrança do último dia que passamos juntos, e esse pensamento é mais ácido e letal do que parece.
Queria tê-lo sorrindo na minha cabeça, talvez assim eu conseguisse sorrir também.

....

Chego ao aeroporto com as malas e meus pais, procurando o local onde eu encontraria as colegas intercambistas para esperarmos pelo voo. Quando finalmente encontro o grupo, tenho certeza de algo que pensei por um breve instante, dias atrás. Há meninas de diferentes estados, todas com seus cabelos cacheados e compridos, a pele escura, o corpo esguio, os dentes perfeitos, brancos e bem alinhados. Seus celulares da melhor geração, as malas caras e abarrotadas, todas com risinhos afetados e ocupadas demais com seus smartphones para me notar ali. Parece um filme da Barbie. Ou uma versão de Meninas Malvadas, com a Regina George multiplicada por sei lá, 300. É claro que me sinto a maior estranha no ninho, especialmente quando uma ou duas olhando para mim com um olhar confuso, como se eu não devesse estar ali, e voltam para suas telinhas brilhantes. Bufo e vou me sentar num lugar vago ali perto, enquanto meus pais vão falar com dois membros que nos guiarão pela viagem.

....

— Uau. Acho que você é a menina mais diferente que vou ver por aqui — uma voz, chamando a minha atenção.
Quando olho na sua direção, vejo uma menina baixa, cabelo castanho claro e um pouco ondulado, partido no meio. A voz dela não é de deboche ou ironia, mesmo assim, me irrita.
— Suponho que você também fique tempo demais olhando para a tela do seu celular.
Quando termino de falar, eu me arrependo imediatamente, e quase sou capaz de ver as palavras flutuando para longe do meu alcance.
A menina apenas me olha com uma expressão vazia, e sorri em seguida para mim.
— Você é brava. Gostei disso. Podemos ser amigas. Eu me chamo Heyoon — e me estende a mão. Olha para ela e me pergunto se realmente deveria tocar sua mão, quando ela percebe e a recolhe. — Você ganhou um ponto pela resposta, mas perdeu um por me comparar com aquelas ali. — e aponta com o olhar para o grupo deslumbrado de meninas perfeitas. — Espero nunca ser tão afetada. E, se você estiver falando desse celular — ela puxa o modelo bem antigo e arranhado no bolso — , você também está errada, por que essa tela está tão destruída que é difícil olhar demais para ela.
Eu ainda a encarava, com vergonha e surpresa quando um garoto alto, muito bonito, e negro
apareceu por trás dela com um copo do Starbucks e estendeu na direção da mocinha que conversava comigo.
Instantaneamente, eu me lembro do Noah por causa do café, e um arrepio percorre meu corpo inteiro.
— Ah, e esse é meu namorado, então... Acho que estou sempre cercada por alguém. Certo? ela pergunta ao rapaz, que me olha sem entender nada.
Quis me afundar na própria vergonha e sumir dali.
— Lamar. Prazer. — ele diz esticando a mão, e dessa vez eu a aperto.
— Desculpa... Heyoon? — tento me recordar do nome dela. — Estou tendo um dia ruim, só isso — confesso, esticando meu braço agora para ela, que aperta minha mão com firmeza e com um sorriso no rosto.
— Desculpada, sim. Agora acho bom você esquecer que estava tendo um dia ruim... Afinal, estamos indo para Hollywood. O que pode ser tão ruim assim?

E o nosso heymar apareceu!Xoxo ✨

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

E o nosso heymar apareceu!
Xoxo

𝐀𝐒 𝐋𝐔𝐙𝐄𝐒 𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐁𝐑𝐈𝐋𝐇𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 - 𝐍𝐎𝐀𝐑𝐓Onde histórias criam vida. Descubra agora