Ora pois, estamos de volta! Espero que estejam se cuidando direitinho. Lavem as mãos e respeitem a quarentena, amo vocês ❤️
A sua frente estava o esposo, olhar cansado porém irritadiço, com a mochila de trabalho jogada sobre o ombro. Nem mesmo tinha ouvido o carro dele chegando.— Porque as crianças ainda estão no carro, Eiji?
— Calma, amor, eu posso explicar! — tentou contornar a situação, um tanto nervoso. Não queria que o esposo soubesse que ele tinha sido tão negligente e estúpido como pai a ponto de cometer um vacilo como aquele, seria vexamoso — A boa notícia é que o Hikaria aprendeu a destravar o cinto e travar as portas, então não é tão lento quanto pensávamos, a má notícia é que a chave está lá dentro.
Katsuki que estava com os braços cruzados e expressão fechada franziu aindda mais as sobrancelhas como se processasse.
— Está dizendo que trancou as crianças dentro do carro? — o tom de descrença na voz dele foi o que deixou Eijiro se sentindo ainda pior.
Sim, ele tinha sido desatento e sentia-se uma falha como pai e esposo. Não era másculo colocar as pessoas que ama em risco e isso o fez travar o maxilar quando as lágrimas vieram. Tudo o que conseguiu fazer foi balançar a cabeça em confirmação.
Katsuki bufou, os olhos revirando enquanto dava as costas e seguia para casa, deixando Eijiro parado na garagem sem saber como agir. Acreditou que ele iria explodir a cara dele, xingá-lo por ser irresponsável e ele apenas lhe vira as costas, como se não tivesse nada a ver com aquilo?
Não importava, tinha que se concentrar nos filhos, poderia resolver qualquer pendência ou mal entendido com o esposo mais tarde. Encontrou uma verdadeira zona de guerra, com Hikari se esgueirando para o banco do motorista, segurando o volante e tentando girá-lo, antes dos dedinhos curiosos seguir pelo painel explorando tudo o que podia tocar e apertar.
Hideki juntou-se à irmã, se contorcendo na cadeirinha tentando se libertar, chateado por querer não pode explorar também. A voz de Izuku ainda soava em algum lugar no assoalho do carro, abafada parcialmente pelos gritos dos bebês. O som estridente da buzina ecoou por todo o quarteirão quando Hikari descobriu como ativá-la, batendo as mãos repetidas vezes enquanto ria, pulando e festejando.
O caos estava instaurado e Eijiro quase cedeu ao desejo de sentar na calçada e chorar. Preparava-se para quebrar a janela do carro quando viu Katsuki sair de casa com um molho de chaves nas mãos. Ele se aproximou, olhos postos nos seus com o semblante de quem está contemplando alguém com o QI de uma ameba, e destrancou a porta.
A chave extra do carro, como podia ter esquecido? Um rubor ainda mais envergonhado se alastrou por suas bochechas, o semblante se contorcendo em um esgar de descrença em si mesmo.
— Eu não lembrei da chave. — tentou se justificar, a voz um chiado por entre os dentes.
Um breve bufada, como pudesse conter todos os demônios interiores com isso. Katsuki parecia cansado e completamente desinteressado em brigar.
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Nosso Segredo (livro 2)
FanfictionAos poucos, Katsuki consegue compreender e aceitar a si mesmo, desligando-se das amarras que o prendiam às aparências. Sua postura e concepção em relação à própria identidade de gênero passam por uma reformulação e seus conceitos amadurecem ao ponto...