Aos poucos, Katsuki consegue compreender e aceitar a si mesmo, desligando-se das amarras que o prendiam às aparências. Sua postura e concepção em relação à própria identidade de gênero passam por uma reformulação e seus conceitos amadurecem ao ponto...
Rola! Quer dizer, Hola! Tudo bem? Espero que sim, pois precisamos de paz de espírito para o que vem a seguir
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Eijiro mal tinha dormido naquela noite, atormentado pela culpa de ter sido estúpido com Bakugou. Uma resolução para um conflito daquele tamanho não aconteceria em pouco tempo e precisava aceitar esse fato, ter paciência e disciplina para melhorar os pontos em que estava falhando, por mais que desejasse estar com a família.
A noite tinha sido um desastre. Os filhos estavam amuados e ele, que tinha a intenção de ajudar Katsuki a desabafar, acabou apenas alimentando a estafa mental dele ao discutir. Mais calmo ele ponderou as próprias falas e se sentiu tão estúpido e mesquinho que sequer conseguiria se expressar sem se sentir a pior pessoa do mundo.
O que estava fazendo afinal? Como poderia ter a audácia de dizer à Katsuki que poderia ser um ombro amigo se nem sabia controlar a própria língua? Tinha-o colocado contra a parede e sido egoísta com ele.
Por isso, assim que chegou na casa com o objetivo de levar os filhos à escola, Eijiro pediu alguns minutos para conversar com Katsuki que embarcou as crianças no carro nos assentos antes dele sair e dar atenção à Eijiro.
— O que foi?
— Eu queria me desculpar por ontem. — disse, sem jeito — Não foi legal culpá-lo pela sobrecarga, ainda mais quando o faz pensando no bem dos nossos filhos.
Katsuki acenou, fazendo pouco caso, ou pelo menos querendo parecer desinteressado.
— Não tem problema.
— Como não, Katsuki? As coisas que eu disse, pressionando você, foram mesquinhas. Eu apenas te julguei.
— E eu fiz o mesmo. — bufou, cruzando os braços sobre o peito — Mais alguma coisa?
Apesar de demonstrar uma postura indiferente, Eijiro podia sentir a tensão e o cansaço que ele tentava esconder.
— Não vai te fazer bem continuar desse jeito, Katsuki. Pode ser que eu não seja a pessoa certa para ser o seu suporte agora, e sei que estou te aborrecendo ao tocar nesse assunto tantas vezes, mas tente buscar ajuda. Eu posso ficar com as crianças por algumas semanas você ter um tempo para se acalmar e cuidar de si, só não deixe continuar assim.
— Caso não tenha percebido, essa sua dica serve para nós dois.
— Sim, eu sei. Vou marcar um terapeuta para mim ainda hoje, e para as crianças também. Se quiser eu posso agendar uma consulta para você também.
— Não precisa agora, minha agenda tem estado meio cheia para esse tipo de consulta.
— Sei que pode soar repetitivo, mas a oferta de ficar com as crianças serve para esse tipo de situação também.
— Apenas não se preocupe, ok? Eu estou bem, já disse.
— Vai precisar de mais do que isso para me convencer, Katsuki. Estamos juntos desde que tínhamos dezesseis anos, e estamos com quase trinta, posso me gabar de conhecê-lo e sei que não está bem.
