Olá, gente! Eis-me aqui trazendo mais um capítulo para vocês. Espero que curtam 😜
Ninguém é imune aos efeitos de uma mente cansada, uma hora todo mundo desaba. A diferença é que alguns o fazem em silêncio, escondendo a dor por detrás de uma fachada calma. Outros o fazem de modo ruidoso, gritando suas dores aos quatro ventos.
Katsuki está em um limbo entre os dois tipos.
Ele não é de demonstrar sentimentos, não sabe desabafar o que sente. Na maioria das vezes simplesmente não encontra as palavras corretas para externar a pressão que o está enlouquecendo. Quando no limite, porém, ele deixa clara a sua estafa. O problema é que ele despeja tudo de uma só vez como uma bomba explodindo.
As vezes é efetivo, mas nem sempre.
Ultimamente ele não tem encontrado válvula de escape para os seus desabafos. Ele tem tentado não gritar com os filhos mesmo que eles estejam levando-o ao limite, ciente de que as crianças estão passando por uma fase de adaptação difícil e que vão se rebelar e o odiar por ser aquele que propôs o início de tal inferno.
Ele também não pode descontar toda sua raiva e frustração em vilões aleatórios. Desde sempre o julgaram um herói perigoso por conta de sua personalidade, aquele que poderia trocar de lado em algum momento e essa era uma ideia que um comportamento descontrolado apenas endossaria. Sem contar que o Conselho Tutelar o vigiaria de perto se ele demonstrasse uma atitude possivelmente nociva e o estado poderia tomar a guarda de seus filhos por precaução.
Por isso ele se mantêm silencioso quanto às rachaduras dentro de sua mente. Não tem como aliviar a carga sozinho e não há ninguém além de Eijiro em quem confiaria para poder revelar suas angústias e fraquezas.
Então, ele não vai revelar a ele suas fraquezas, nem procurar seu colo e pedir socorro, ainda que Eijiro seja insistente quanto à isso. Katsuki não pode ser egoísta ao ponto de usá-lo como ponto de descarga depois de ter proposto o divórcio. Eijiro estava livre de suas obrigações para com ele, não tinha motivos para continuar a se submeter aos problemas de Katsuki.
O problema é que Eijiro consegue ser insistente quando deseja.
— Katsuki, você não está bem, eu consigo ver isso na sua cara. Sei que atualmente não estamos mais juntos, mesmo assim você pode contar comigo.
A careta de dor que ele faz a se referir a separação é algo que balança o coração de Katsuki e o faz engolir a culpa.
— Está tudo bem, já disse. — ele finge, escondendo tudo por detrás da careta de sempre, sem coragem de enfrentar o olhar de Eijiro. Sinceramente, aquele semblante servil, preocupado e amoroso vai apenas desmontá-lo de vez e é tudo o que Katsuki não precisa.
— Não precisa ser assim, Katsuki, eu ainda amo você e me preocupa vê-lo desse jeito.
Como se houvesse necessidade de afirmar o óbvio. Katsuki sabe disso, sabia muito antes de Eijiro dizer a primeira vez e realmente deseja apenas aceitar e desabafar com ele, ansioso pelo alívio que sentia ao final de cada conversa. Mas Eijiro também tem suas dificuldades para lidar, as próprias frustrações e tristezas, e não precisa adicionar cargas alheias à bagagem.
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Nosso Segredo (livro 2)
FanfictionAos poucos, Katsuki consegue compreender e aceitar a si mesmo, desligando-se das amarras que o prendiam às aparências. Sua postura e concepção em relação à própria identidade de gênero passam por uma reformulação e seus conceitos amadurecem ao ponto...