A música do piano

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Capítulo 19 – A música do piano

Quando seus olhos castanhos abriram-se, sua visão demorou para focalizar o quarto estranho onde estava. Era grande demais para ser o seu de monitora chefe da Grifinória e luxuoso demais para ser da ala hospitalar. Ela passou a mão pelo lençol de seda e sentiu a textura do cobertor a lhe cobrir. Respirando fundo e esticando o corpo sentou-se olhando com curiosidade ao redor. A cama onde estava tinha dosséis de mármore revestidos com cortinas pretas de bordas prateadas. Era muito bonito e a cama era enorme. Ela esticou os pés em direção ao chão e tocou o assoalho gelado. Sentia seu corpo fraco, mas não estava com dor nem tremores. Passou a mão pelos seus cabelos imaginando o quanto eles estariam bagunçados, mas para sua enorme surpresa eles estavam devidamente arrumados e presos, alguém cuidara dela o tempo que estivera de cama e, por mais que não tivesse percebido antes devido o deslumbramento pelo quarto em que estava, aquele alguém segurava sua mão.

Ela levantou os olhos para a poltrona diante da cama e se surpreendeu ao vê-lo ali, sentado de uma forma nada confortável, com os olhos negros fechados com leveza enquanto segurava sua mão. Seu peito subia e descia devagar. Suas vestes bagunçadas denunciavam o quanto ele havia se mexido enquanto dormia.

- Severus. – Chamou baixinho balançando a mão dele. – Severus, hã, quer dizer, professor Snape.

Em seus sonhos, Snape a ouvia chamar por seu nome. Sua voz era doce e o chamava pelo seu nome de um jeito amável. Era ela. Seu anjo de cachos castanhos, seu anjo de sorriso belo. Seu anjo ainda o chamava. Mas tinha medo de abrir os olhos e descobrir que ela jamais esteve ali. Era difícil ter a coragem de responder ao chamado e acabar o sonho. Mas precisava tentar

- Professor.

Os olhos negros abriram-se devagar focalizando não um anjo, mas a própria beleza que um dia a natureza poderia ter feito. Devagar ele arrumou-se na poltrona, passou a mão no cabelo e esfregou os olhos, tudo sem soltar a pequena e delicada mão. Tinha medo de a perder

- Senhorita Granger? – Piscou algumas vezes. – Como se sente?

- Bem – Respondeu retirando a mão da dele devagar abaixando os olhos para as cobertas. – Obrigada. – A voz dela era angustiante e amargurada.

- Não precisa agradecer.

- Certo. – Disse desconcertada. - Onde estou?

- Na mansão Snape. Foi o único lugar onde poderia te trazer e cuidar de você.

- O que eu tive?

- A senhorita entrou em choque traumático, seu estado era muito grave, estava começando a entrar em coma, Papoula cogitava a hipótese de lhe levar à ST'Mungus, mas eu consegui reverter a situação, a senhorita não está completamente bem, mas vai melhor com mais um pouco de repouso.

Hermione abriu a boca para falar algo, mas as palavras pareciam difíceis demais de sair e ela a fechou. Seus olhos piscaram tentando evitar as lágrimas que viriam de qualquer forma. Mas Snape já sabia o que ela queria perguntar.

- Teremos tempo para conversar sobre o que aconteceu. Enquanto isso é melhor se alimentar e descansar um pouco.

- Eu não...

Mas Snape já havia saído. Ela encostou-se novamente nos travesseiros e deixou que finalmente aquelas lágrimas saíssem. Se encolheu embaixo do cobertor e abraçou as pernas. Chorou e chorou, acabou dormindo de exaustão e quando acordou novamente o quarto estava escuro, deveria ser noite. Ela levantou-se da cama e encontrou um roupão e pantufas para ela. Olhou em volta se perguntando onde era o banheiro. Havia uma porta ao lado de um grande armário no fundo do quarto. Entrou fechando a porta.

A Decisão de Hermione (Snamione)Onde histórias criam vida. Descubra agora