Respire

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Capítulo 30 – Respire

Hermione se xingava a cada segundo, Dayra lhe falara tantas vezes daquele lugar. Contou-lhe detalhes que somente quem foi saberia onde é, e agora a verdade estava em sua cara, jogada de qualquer forma. Dayra fora reptada por ele e levada para o lugar em que via em seus pesadelos. Quantas vezes a menina acordara assustada e fora até seu quarto para lhe contar que mais uma vez sonhara com o homem que a levava embora para uma grande sala que tinha um palco e várias cadeiras, um local sombrio e escuro.

Ela estava paralisada na frente da televisão, mas quem estava mais surpreso era Snape, ele não precisara ler a mente de Dayra nem de Hermione, a menina lhe contara tudo sobre seus pesadelos e ele sabia que aquele era o local que ela tanto temia.

O ex professor de poções estava paralisado assistindo o noticiário urgente. Jamais pensou que ouviria esse nome de novo.

"Aidan Evan Laine."

Era ele, novamente ele. Aquele inseto que atrapalhara sua vida uma vez, que roubara a mulher que ele amava, que ainda ama. A menina que se transformara, que sofrera, que ele fizera sofrer. Voltara dos mortos como o próprio Voldemort fez tantas vezes antes.

- Laine.

As palavras saíram de sua boca com raiva e repulsa, uma palavra dita sem vontade, sem coragem, com ódio.

Ele olhou para os olhos castanhos de Hermione, só havia um sentimento explicito: Medo.

Aquele era um sentimento tão intenso que Snape conseguia tocá-lo no ar, estava impregnado em cada partícula de poeira, no oxigênio que estava inspirando. Hermione tremia de medo, mas ele também sentia. Dentro de si ele sentia o medo afetar seu corpo fazendo-o se arrepiar com o simples pensar sobre o que poderia acontecer à menina, à filha de Hermione. Uma menina que ele pensara estar sonhando ao ver de tão idêntica que é à própria Hermione no primeiro dia em Hogwarts.

Um flash de sua ida ao hospital passou por sua mente. Ele dissera a ela que a protegeria, prometeu que ela não estaria em perigo enquanto ele estivesse ao seu lado. Mas ele não estava lá essa noite, foi chamado para o evento e não negara. Ele disse que iria embora, que não mais voltaria e ele foi. Foi e a deixou sozinha, naquele quarto. Uma presa fácil para alguém que estava tão perto como Laine, disfarçado de seu médico.

Foi então, quando lembrou-se do sorriso da menina, que tomou a decisão. Decisões sempre fizeram parte de sua vida. Morrer, viver, proteger, fingir, matar, maltratar, torturar, cuidar, procurar, resgatar, mentir.

Tantas coisas que teve que fazer, sendo mandado por todos. Agora ninguém o mandava ir, ele sabia que teria que ir. Proteger o que era seu. O que sentia que pertencia à ele. Pois Dayra era sua. Sua filha, sua menina, sabia disso desde o dia em que a viu entrar em sua botica. Dumbledore passara tantos anos tentando lhe ensinar o poder do amor e, no entanto, somente naquele momento ele entendera que o amor acontecia inexplicavelmente com as pessoas mais improváveis, pois na verdade ele nem ao menos sabia se amava a menina, mas sabia que daria sua vida por ela. Isso era amor, não era?

Ele deu um singelo e quase imperceptível sorriso ao se lembrar o dia em que a viu pela primeira vez.

Estava linda, um verdadeiro anjo. Imaginou primeiramente que ela era uma ilusão de sua mente cansada pelo trabalho. Era ela, menor, mas era ela. Hermione. Os cabelos volumosos, a expressão de interesse e curiosidade que somente sua ex-aluna sabia fazer. A pele de pêssego brilhando com as gotículas da chuva rasa da rua. Seus dentes avantajados, as mãos pequenas. Era ela exceto pelos olhos, não eram os olhos de Hermione, eram os olhos dele. Dourados. Sabia que de alguma forma ela mexia com ele. Sua alma era bela, ele podia ver. Sentia que sua voz o chamava, o fazia sentir necessidade de estar ao seu lado, protegê-la. E ele nem ao menos sabia por quê.

A Decisão de Hermione (Snamione)Onde histórias criam vida. Descubra agora