A Decisão de Hermione (Snamione)

Sonhando acordada

O tempo passou rápido, não houve mais pesadelos nem sonhos e Hermione esqueceu aquela sensação. A última semana no Largo Grimmauld já estava se tornando até mesmo tediosa. No último dia as malas já estavam prontas e todos aguardavam apenas dar o horário de ir para a estação. Hermione já não aguentava mais ver Rony e Harry jogarem xadrez e quando Rony deu seu segundo xeque mate decidiu sair dali antes que quebrasse todas as peças com as próprias mãos. Dirigiu-se para a cozinha na esperança de encontrar alguém interessante para conversar, tarefa que achou meio difícil de acontecer e teve certeza quando não viu ninguém no local. Pensou em ir para seu quarto, mas estava com sede e já estava na cozinha mesmo, então pegou um copo e a jarra de água. Mas apesar de sua garganta pedir por aquele copo ela não o levou até a boca, pois um segundo mais tarde ela o viu e todos os pesadelos e sonhos que tinha esquecido, voltaram.

Estava sentado no fundo ao canto, escondido entre as sombras. Parecia o mesmo de sempre, menos pelos olhos negros que agora traziam cansaço e angustia.

Um arrepio passou por sua espinha. Seus olhos castanhos estavam pregados nos negros que não piscavam e transmitiam uma intensidade tão grande que poderia se sentir violada. Sem dizer uma única palavra o homem se levantou arrumando a capa esvoaçante e afastando o cabelo negro. Seu andar era elegante como sempre e mais uma vez Hermione se viu encarando-o sem ter o que falar. Quando chegou perto o suficiente ela ofegou e seus olhos desceram até a linha de sua boca encarando os lábios finos. Ainda sem falar nada e devagar ele pegou o copo d'agua e o colocou na pia, seus dedos estavam frios devido o gelo do copo e causaram um arrepio forte na espinha dela quando encostou em seu braço fazendo-a chegar mais perto. A jovem ofegou quando a mão subiu pelo seu braço e afagou a pele de sua bochecha, acariciando-a, fazendo-a corar e respirar mais rápido. O viu chegar mais perto e sentiu a mão grande enterrar-se em seus cabelos volumosos chegando o rosto delicado mais perto do seu, olhando no fundo de seus olhos como se avisasse que não haveria volta. Hermione consentiu silenciosamente e ele avançou colando seus lábios. Fogo e gelo se fundindo. Inicialmente o beijo era casto, apenas um encostar de lábios, uma saudade matada. Mas a mão apertou sua nuca levando-a para mais perto, transformando o beijo em algo mais desesperado. Os lábios que antes nunca havia experimentado, eram agora o que ela jamais queria largar.

Ela gemeu.

Ele levou suas mãos ao corpo dela, explorando-a, querendo-a. A explosão interna se seguiu deixando o corpo da menina ardente, ela o queria naquele momento. Ele cessou o beijo e ela abriu os olhos respirando fundo e o olhando no mesmo lugar, sentado no canto da cozinha, com as pernas cruzadas e olhando-a como se estivesse se divertindo com a situação, até um singelo sorriso brincava em seus lábios. Hermione condenou-se mais uma vez por estar sonhando com isso. Apesar de não acontecerem fazia alguns dias, já teve uns três sonhos com ele enquanto estava acordada e eram tão reais que a deixavam tonta. Não que ela não gostasse deles, era como se o beijasse de verdade, mas na maioria das vezes ela sussurrava seu nome e se perdia em pensamentos e então ficava envergonhada.

- Está lendo minha mente professor?

- Não é preciso.

Sua garganta secou, tomou todo o copo de água e ainda achava que precisava de mais. Pensara que não o veria até Hogwarts e isso trazia um alívio ao seu coração, pois sabia que estando perto dele aquele sentimento retornaria com força apenas de olhar em seus olhos. E não estava errada, o olhar dele estava preso ao seu, mostrava fogo e luxuria. Ele a queria, e ela sabia que no fundo, lá onde guardou seus sentimentos, também o queria. Porém percebeu que aquele olhar trazia muito mais do que apenas desejo, trazia uma tristeza profunda, uma angústia que conseguia sentir o peso. O que teria acontecido? Achou difícil permanecer olhando-o e por isso direcionou os olhos para qualquer lugar, menos para ele. Permaneceram assim durante um tempo, ela olhando para o chão e ele olhando para ela.