A Rosa Dourada - Snames

Vinte&Um

James preguiçosamente abriu os olhos, os esfregando com sono e procurando os óculos redondos na mesa de cabeceira. Ele derrubou algo, mas sua cabeça enterrada nos travesseiros de fronhas brancas estava tão pesada com o sono que sequer registrou o fato. Alcançou os óculos, mas demorou para colocá-los e levantar da cama por pura preguiça.

Se espreguiçando como um gato ele abriu seus olhos verde-oliva e olhou ao redor do quarto com desinteresse. O relógio no chão fora pisado quando o ômega se levantou da cama, o que fez o Grifinório cair na cama sibilando de dor. — James eu vou... — ele nunca foi capaz de ouvir o resto da frase porque no momento em que Snape adentrou a porta seu corpo paralisou e os olhos negros como carvão se arregalaram. O coração do ômega acelerou de medo e ele se encolheu, olhando para o Sonserino de olhos arregalados. Uma gota do sangue que saia do corte em seu pé caiu no chão de pedra escura e James ouviu um rosnado do único vampiro presente.

— S-Severus... — gaguejou. — Saí... Saí daqui...

— Não. — o sussurrou na voz rouca pela necessidade o paralisou e James começou a tremer. — Não. Não vou... Sair...

Severus repetia freneticamente para si mesmo: "Não vou atacar ele! Eu sou mais forte...! Sair... Tenho que... Sair daqui!" - mas era impossível. Seu coração acelerou e a respiração saía freneticamente por seu nariz que já fora quebrado tantas vezes que ele nem contava mais. O cheiro de ferrugem e sal do sangue fazia o Grifinório ficar enjoado, mas era simplesmente o cheiro mais delicioso que o vampiro já sentira.

Rosnando, ele se aproximou e, com sua varinha, consertou o relógio. Se ajoelhando, ele segurou firmemente o calcanhar do ex-Potter quando este tentou fugir, o imobilizando com um feitiço na cama de casal espaçosa e assistindo as lágrimas de medo caírem pelo rosto do outro. Hipnotizado por estar tão perto e com a quantidade espantosa do belo líquido vermelho sendo desperdiçado, Severus sentiu suas presas crescerem e ele avançou.

James gritou quando sentiu a mordida e chorou ainda mais pela dor. Mas então ela foi diminuindo rapidamente e tudo o que ele sentiu depois de um tempo foi letargia. Sonolento ele olhou para o mais alto e viu um líquido roxo escorrendo pelo canto dos lábios finos de seu marido que ainda se alimentava dele de maneira ávida, os olhos fechados firmemente como se tentasse solucionar um problema muito difícil, um enigma indecifrável.

Severus o soltou devagar assistindo como seu veneno curava o corte consideravelmente grande e profundo, orgulhoso de si mesmo por ter conseguido fazer aquilo sem precisar provar do sangue do outro. Ele abafou um bocejo pelo cansaço físico e mental de ter que resistir aos seus instintos tanto assim e passou a mão pelos cabelos longos os jogando de lado.

— Você vai se atrasar se ficar me olhando assim. — disse com a voz exausta e a garganta ardendo como o próprio inferno pela sede de sangue. — É melhor você ir logo.

Já mais desperto o ômega se ergueu e olhou para o local onde deveria estar o ferimento, mas não havia absolutamente nada. Era como se nunca tivesse se ferido na vida, ele nunca se sentira mais disposto. Olhou para o maior com um agradecimento na ponta da língua, todavia paralisou e sorriu sem perceber ao ver que o alfa da noite estava se apoiando na cama de olhos fechados parecendo quase desmaiado. — Severus? — chamou, recebendo um "hm?" baixinho. — Vem deitar.

Não foi preciso um segundo convite. Se erguendo parcialmente e se jogando na cama de lençóis ainda desarrumados o alfa dormiu quase que automaticamente, fazendo o ômega lúpus rir. James se levantou e foi ao banheiro tomar um banho rápido, se trocando e pegando seus materiais o mais rápido que pôde, com pressa, para não perder o café, porque agora estava tão animado que poderia correr uma maratona e jogar Quadribol contra os times da Corvinal e Sonserina sozinho. Correu para se alimentar esquecendo parcialmente do Sonserino adormecido no quarto.