Eu estava suando e não conseguia respirar direito, eu forçava o ar para dentro dos pulmões, mas ardia, minha garganta rangia e eu esfregava os olhos com as mãos suadas tentando acordar de vez.
— Tá tudo bem? — Geff perguntou se virando com a voz modorrenta com sono. — O que foi? — Ele se levantou e pôs as mãos nas minhas costas. — Respira devagar, calma.
Eu fui segurando o desespero da respiração e lentamente fui me acalmando enquanto Geff massageava minhas costas e respirava devagar comigo me mostrando como manter o ritmo do fôlego.
— Tá tudo bem — ele disse. — É só uma crise de apneia. Você teve um pesadelo.
Eu engoli em seco pedi desculpas por tê-lo acordado. Ele não reclamou, disse que não tinha problema, afinal já era quase dia.
— Se importa se eu fumar um cigarro? — Eu perguntei sentindo as mãos tremendo.
— Você acaba de sair de uma crise de apneia e quer fumar? — Ele perguntou com um leve tom de sarcasmo.
— Vai me acalmar.
— Tenho coisa melhor para gente fumar — ele disse. — Quem sabe assim você volta a dormir?
— Eu não vou conseguir dormir de novo.
— Tá chovendo muito — ele disse abrindo o ziper da barraca e o deixando entreaberto. As gostas de chuva respingavam na entrada da barraca, mas ele pareceu não se importar. — A gente não vai poder sair direito hoje então é melhor você dormir um pouco mais.
Ele se sentou e acendeu o cigarro de maconha.
— Desculpa — eu pedi e ele levantou o olhar para mim sem entender.
— Pelo que? — ele balbuciou com o cigarro no canto da boca.
— Por ter te acordado, sei lá — falei com a mão na testa e escorado no joelho.
— Não precisa se desculpar — ele respondeu depois de soltar a fumaça, depois estendeu o cigarro para mim e perguntou: — Você consegue se lembrar?
— De que? — Perguntei sem saber do que exatamente ele falava.
— Do sonho — ele respondeu.
— Sim — admiti. — Quer dizer... mais ou menos.
— Eu também estava no meio de um sonho quando acordei.
— E com o que você sonhava?
— Com minha casa — Geff respondeu. — Tinha cheiro de café fresco e bolo recém saído do forno. E você?
— Com a chuva — respondi. — E a cachoeira.
— Lena é quem sempre diz que sonhos são só reações do nosso cérebro reorganizando nossas memórias e vontades, ou algo assim.
— Lena manda a gente jogar no jogo do bicho toda vez que sonha com algum animal — eu disse rindo.
— Mas ela nunca ganhou nada.
Terminamos de fumar e Geff voltou a dormir, eu disse que tentaria dormir um pouco também, mas não consegui, dei um ou dois cochilos mas acordei logo com o barulho da chuva. Quando o sol nasceu eu desisti de tentar dormir mais, peguei o celular mas ali o sinal era pior que na Praia do Sono. Fiquei jogando um jogo qualquer durante uma hora e então ouvi o barulho de Lena saindo da barraca assim que a chuva deu uma trégua. Saí também e a ajudei a secar o fogareiro e a fazer um pouco de café. Quando ficou pronto eu peguei uma caneca e levei para Geff, pensando no sonho que ele tivera com café, imaginei que ele fosse gostar. Ele acordou sem resmungar e bebeu o café grato.
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VOLITARE | (Romance Fantasia Gay) | COMPLETO
Teen FictionVocê já sonhou que estava voando? Você já sonhou que estava caindo? Guilherme ficou internado durante três meses em um hospital psiquiátrico depois de uma suposta tentativa de suicídio e recorrentes sonhos e visões. Embora os médicos atestassem su...