Capítulo 11

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Quando acordei já era quase meio-dia. Eu havia compensado todas as noites mal dormidas e acordei de repente como que revigorado. Geff não estava no quarto, a bagunça da noite anterior continuava no mesmo lugar, então me levantei e comecei a juntar as taças e a esvaziar o copo que havíamos usado como cinzeiro.

Quando saí encontrei Geff e os outros perto do carro, estavam pegando as coisas de camping e tirando do porta-malas. Às duas da tarde iriamos fazer check-out e acampar ao ar livre como havíamos combinado, além de ser mais econômico. Eu os ajudei com as coisas e armei uma das barracas no extremo do campo de camping, não gostávamos de acampar perto de outras pessoas.

Almoçados, comida de verdade dessa vez, e então arrumamos nossas coisas dentro das barracas para passar a noite. Depois de tudo pronto fomos tomar banho de rio, o dia ainda estava meio frio por ser começo de outono, mas o sol era gostoso e a água estava em uma boa temperatura. Tudo parecia bem então, Jonas deixara o mau humor, e Augusto tornara a fazer piadas e a implicar com Lena de cinco em cinco minutos, Geff fumava bastante, mas era normal e eu estava feliz por estar com eles.

Na noite anterior informamos ao dono do hostel o acidente na estrada, ele ficou surpreso, disse que não era comum acidentes por ali, mas que se soubesse de alguma coisa nos falaria. Ele não disse nada, pelo visto fora só mais um acidente de estrada e não teve tanta importância assim.

De noite Lena leu minha mão, disse que tinha lido alguns livros de quiromancia e que minha mão tinha linhas fáceis de ler. Eu deixei que ela lesse, era bom ficar perto dela e me distrair, os outros jogavam bola no gramado para esquentar o corpo na noite fria, mas eu preferia ficar com Lena.

— Você conversou com algum deles? — Lena perguntou e eu sabia sobre o que ela estava falando.

— Ainda não — eu respondi. — Naquela noite quando choveu eu acordei assustado e Geff também acordou, eu quis falar para ele, mas não consegui.

— Ele me disse que você tem tido pesadelos — Lena falou.

— Disse? — Eu perguntei surpreso.

— Mas eu não falei nada para ele — ela logo justificou. — Pode ficar tranquilo.

— Pode falar — eu disse. — Talvez seja mais fácil, não sei se consigo contar.

— Só contaria se você quisesse. Mas não tem necessidade ainda, ele se importa com você, todos nós nos importamos. Não se preocupe.

— Você é uma boa amiga, Lena, eu já te disse isso.

— Aconteceu de novo? — Ela perguntou entre um sorriso de gratidão e uma ruga de preocupação. — Você sabe... durante o sono.

— Eu acho que não — eu respondi. — Se não Geff teria visto. Eu tive aquela sensação, mas não acho que tenha acontecido algo.

— Então tudo bem, não vai acontecer de novo — ela disse me tranquilizando.

Eu queria acreditar nela, mas algo em mim não me permitia.

— E você tem uma linha da vida muito linda — ela disse passando o dedo na palma da minha mão. — Funda e longa, bem definida.

— Você não vai fugir com o circo não, né? — Eu perguntei rindo.

— Não — ela respondeu logo. — Não aguentaria viver como cigana, mal aguento a vida de hippie que vocês tentam imitar.

Logo todos foram dormir, com exceção de dois ou três outros grupos de pessoas que também acampavam, não se ouvi nenhum barulho que não o do vento balançando as barracas. Eu não conseguia dormir, eu me revirava e pela primeira vez em dias o ronco de Geff começou a me incomodar. Por volta de mais ou menos duas da madrugada eu peguei o maço de cigarros de Geff e saí para fumar, para tentar acalmar os pensamentos e quem sabe conseguir dormir depois.

VOLITARE | (Romance Fantasia Gay) | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora