Quando caímos no terraço do prédio onde Diana havia nos levado naquela primeira noite de bebedeira mal tivemos tempo de nos levantar e ouvimos um disparo. O barulho foi desesperador, estávamos alertas desde que saímos do farol e pousar recebendo tiros não era um bom sinal.
A bala ricocheteara em uma barra de ferro no parapeito do terraço e silenciara depois de soltar faísca, foi apenas um tiro, não houve outro, nós nos dispersamos e corremos para as extremidades do terraço aberto tentando nos proteger instintivamente.
Eu pensei que aquele provavelmente seria o lugar mais próximo para onde Diana correria se precisasse se esconder, era um lugar particular que ela havia compartilhado com Geff e eu em uma noite de bebedeira, eu supunha que não fazia parte do sistema de entreposto da comunidade, uma vez que o prédio jazia abandonado.
Quando chegamos tivemos a certeza de que havia alguém ali armado, mas não sabíamos quem, nem quantos. O tiro havia saído do alto da escada que dava acesso ao terraço, mas o telhado estreito do alpendre escondia na escuridão quem quer que fosse.
Rafael fez sinal para que eu me abaixasse e ficasse parado, ele começou a andar agachado em passos lentos e silenciosos na direção do alpendre com a arma engatilhada em mãos. Olhei para Geff e ele estava com a mão no cós da calça, preparado para sacar a arma e atirar também.
Lá fora a cidade seguia em um ritmo normal, os barulhos da noite eram os mesmos e não parecia que havia uma guerra sendo declarada, os carros buzinavam e todas as luzes da cidade estavam acesas.
Quando Rafael estava quase chegando ao alpendre no meio do terraço eu ouvi o segundo disparo na direção de Rafael. Mas o tiro não o acertara, quem quer que tivesse atirando — e eu queria acreditar que fosse Diana, — não tinha uma mira certeira ou treinamento para atirar no escuro.
Eu ouvi o clique da arma engatilhada para um terceiro clique que não chegou a ser disparado.
— Diana? — Rafael perguntou quando chegou perto o bastante dela.
— Graças a Deus — ela respondeu saindo do alpendre e correndo na direção dele. — Rafael!
Quando vi que era Diana tornei a respirar aliviado.
— O que aconteceu, Rafael? — Diana perguntou o abraçando com voz de choro. — Como você me achou?
Ela não havia conseguido ir longe, enquanto ela se recompunha eu vi a ferida no antebraço e o sangue na roupa, ela havia sido baleada, o tiro atravessara a carne a bala saiu pelo outro lado. Diana se escondeu ali assim que conseguiu sair do sobrado e fez um torniquete improvisado com um pedaço da saia do vestido azul que usava e com outro pedaço improvisou uma atadura, não havia sido muito grave, mas ela preferira não arriscar sair dali e ser encontrada.
— Onde está Robson? — Rafael perguntou esperançoso.
— Ele não conseguiu fugir — ela respondeu em tom de pesar. — Ele caiu da sacada, acertaram ele.
— Nós precisamos sair daqui — Rafael disse levando-a na nossa direção. Quando me viu ela correu e me deu um abraço aliviada perguntando se estávamos bem. — Foi um ataque coordenado, Diana — Rafael explicou. — Gradativamente eles tomaram todos os entrepostos da cidade, no fim do dia levaram Justus, e ainda devem estar terminando de limpar as casas e os apartamentos.
— Mas por que? — Diana perguntou incrédula. — Nós não fizemos nada de errado, ninguém se expôs, eles não tinham como nos encontrar, nem como tomar todos os entrepostos.
— Mas eles tomaram — Rafael respondeu também sem saber o porque.
— O que a gente faz agora? — Ela perguntou começando a ficar preocupada. — Para onde a gente vai?
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VOLITARE | (Romance Fantasia Gay) | COMPLETO
Teen FictionVocê já sonhou que estava voando? Você já sonhou que estava caindo? Guilherme ficou internado durante três meses em um hospital psiquiátrico depois de uma suposta tentativa de suicídio e recorrentes sonhos e visões. Embora os médicos atestassem su...