Capítulo 25

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Além de funcionar como ponto de encontro de reuniões o farol também era uma base para qualquer eventual crise, onde entre as pedras escondiam chaves para entrepostos seguros e outros objetos que poderiam ser necessários, como armas.

As armas ficavam submersas em caixas impermeáveis há dois metros do nível da água. Assim que chegamos ao farol Rafael mergulhou e trouxe para a superfície uma desas caixas corroídas pelo sal e a água, mas completamente preservada por dentro.

Eu observava tudo em silêncio, infelizmente eu não sabia o que fazer e tudo o que eu poderia esperar era que Rafael e Luís tomassem logo a melhor decisão para nos tirar daquela situação.

Se Robson e Diana estivessem bem eles entrariam logo em contato, se algo tivesse acontecido e eles tivessem escapado eles logo iriam para ali, então só o que podíamos fazer era esperar.

Rafael pegou cartuchos de munição e enfiou nos bolsos, Luís pegou uma arma na caixa também e fez o mesmo. Quando Rafael olhou para mim como quem pergunta se eu iria me armar ou não eu virei o rosto e dei às costas para ele. Eu não estava de acordo com aquilo, não gostava de armas e evitava todo tipo de perigo, eu não conseguia segurar uma arma com frieza como eles faziam.

— Você sabe atirar? — Luís perguntou para Geff.

Geff fez que sim com a cabeça e Luís jogou uma calibre vinte e dois na direção de Geff que a segurou com firmeza.

Geff havia servido ao exército no ano anterior, havia passado doze meses no serviço militar. Eu deveria ter me alistado naquele ano, mas meu pai conseguiu uma dispensa com os atestados médicos. No fundo eu fiquei aliviado quando soube, de um jeito ou de outro eu não gostava de nenhuma alusão à guerra, tampouco de fazer parte de um exército ou qualquer outra força armada. Ali não seria diferente.

Cheguei a resmungar, disse que se armar não resolvia o nosso problema e que matar rastreadores não fazia com que eles nos deixassem em paz, mas Rafael retrucou ainda irritado dizendo que quando eles estivessem perto o bastante de mim eu iria querer ter uma arma comigo.

Nós ficamos esperando enquanto o dia avançava, aos poucos nuvens se formavam sob o céu e ameaçava chover. Rafael e Luís conversavam baixo sentados em meio as pedras e Geff ficou do meu lado sentado nas escadas do farol. Vez ou outra tentávamos ligar para Diana ou Robson, mas ninguém conseguia resposta. Rafael tentou contato com outros membros da comunidade, mas também não conseguiu saber nada. Justus já estava ciente do certo ao sobrado e da perseguição até o metrô, ele não achava uma boa ideia sairmos da cidade, mas ficar ali era ainda mais perigoso para nós. Ele ficou de contatar suas fontes e nos informar se descobrisse o que havia nos entregado, se haviam seguido a trilha de Geff ou se haviam seguido Rafael depois do atentado ao laboratório em Minas Gerais. Haviam diversas possibilidades, mas independente do que fora nós estávamos marcados, eles provavelmente já sabiam quantos eram, identificaram nossos rostos e estavam alertas para qualquer sinal de aparição. Ir ao sobrado naquelas primeiras horas não era seguro, nem para nós ou para qualquer outro volitare, o melhor a se fazer era esperar, e se o pior tivesse acontecido também lá a comunidade pensaria logo em um plano para localizar Diana e Robson e consequentemente resgatá-los. Falar com Justus tranquilizou Rafael um pouco, mas não o bastante. Por fim Justus deu a Rafael uma direção, se até as nove da noite Diana ou Robson não aparecessem Justus enviaria um barco que nos levaria para a ilha de Itamaracá onde havia uma casa entreposto que poderíamos ficar até as coisas acalmarem ali na capital.

Por volta de oito da noite começou a chover, o que não tornou a espera menos confortável do que já era, estávamos com fome, com sede e então sentíamos frio também. Geff e eu ficamos no pequeno espaço que havia no topo do farol onde mal cabia nós dois, pelo menos ali a chuva não nos molhava tanto e era mais tranquilo do que perto de Rafael e Luís que o tempo todo ficavam discutindo o que iriam ou não fazer.

VOLITARE | (Romance Fantasia Gay) | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora