Capítulo 13

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Nos drogamos e bebemos até amanhecer, quando o sol despontava no céu eu entrei para a barraca com Geff e deixei Jonas e Augusto ainda acordados deitados na grama e olhando para o céu dizendo que estavam vendo formas na nuvens como duas crianças.

Geff tinha os olhos fundos quando se deitou do meu lado, mas ele não dormiu imediatamente disse que não conseguiria, ainda estava chapado demais e se fechasse os olhos ia sentir tudo girando e provavelmente vomitar. Eu peguei água para ele e o fiz beber dizendo que ele tinha de se hidratar, ele mordia os dentes e sorria de tudo, ria feito bobo. Lena já estava dormindo e os meninos não pareciam ouvir ou prestar atenção nos risos de Geff.

Quando fechei a barraca eu me deitei e me virei para Geff, ele tinha os olhos na altura dos meus e o rosto perto demais do meu. Ele me olhou abrindo um sorriso infantil e disse que estava feliz, muito, mas muito mesmo, muito feliz. Eu ri do jeito bobo dele e disse que também estava feliz, como nunca havia estado antes.

— Eu quero fazer uma coisa... — ele disse reticente daquele jeito bobo dele de dizer as coisas.

— O que? — Eu perguntei curioso e sentindo um frio na barriga, um frio bom diferente do frio dos sonhos.

— Posso? — Ele perguntou sem dizer o que.

— Pode o que? — Eu perguntei de novo rindo.

Eram borboletas no estômago eu soube depois.

Eu lembrei do que ele dissera naquela noite acampados perto da cachoeira, não era preciso falar, esse tipo de coisa a gente meio que sente, a gente meio que sabe quando tá acontecendo, a intenção parece ter cheiro, o olhar da pessoa muda e a gente sabe que tá acontecendo alguma coisa e deixa rolar se quiser.

Eu estava tão chapado quanto Geff, mas fiquei muito lúcido quando ele me beijou, eu senti tudo girando como ele disse que sentiria se fechasse os olhos, eu fechei os meus olhos e senti os lábios molhados dele tocando os meus, e era bom, era incrível diferente de qualquer outro beijo que eu já recebera, era o beijo de alguém que eu amava muito, respeitava e admirava, era o beijo do meu melhor amigo.

Na hora eu não me importei com o que aquilo significava, no que aquilo representava para qualquer um de nós dois, eu só deixei que ele me beijasse, que sua mão alcançasse meu pescoço e que os nossos corpos se achegassem e que ele me abraçasse com força enquanto me beijava.

Eu nunca tinha pensado em Geff daquela forma, eu nunca antes havia me imaginando beijando-o, até que ele mencionou a experiencia no acampamento, naquela noite eu olhei diferente para ele, eu vi um cara diferente e esse cara era o que estava me beijando naquele momento, não era o Geff ogro que havia repetido de ano duas vezes e que fazia bullying na escola antes de nos conhecer, não era o cara que falava de garotas como conquistas nem o cara que jogava futebol nas aulas de educação física, era o outro Geff que estava ali, o sensível que me dava conselhos quando eu brigava com o meu pai, o mesmo que me dava maconha quando eu estava irritado e que sentira a minha falta e sentira que perdera um pedaço de si quando eu fui embora. Aquele era um Geff totalmente novo, era um Geff especial, era um Geff que precisava de mim. Quando Geff dizia que me amava não era como Jonas e Augusto que me amavam também, ele dizia algo a mais, ele dizia que podia me amar além, além de quem nós éramos e da nossa amizade.

Eu me senti em paz e seguro nos braços dele, talvez mais do que eu esperava que me sentiria. Ele tinha mãos leve quando passava os dedos no meu rosto e tinha olhos doces quando olhava para mim, ele me abraçava com carinho e parecia disposto a me proteger como dizia que faria. Ele me beijou com força e vontade como se se o beijo acabasse aquele encanto acabasse também, mas não acabou.

Nós dormimos juntos naquele dia, ele me abraçou enquanto eu dormia e eu me senti salvo dentro do abraço dele, quando fechei os olhos cansado eu tinha certeza de que não haveria sonhos, que não haveria mais loucura nem alucinações enquanto ele me abraçasse, enquanto ele estivesse por perto, enquanto eu estivesse com ele e com os meus amigos. Ele me compreendia em um abraço, ele me alentava em seu carinho, naquele dia ele fora o meu lenitivo.

VOLITARE | (Romance Fantasia Gay) | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora