Capítulo 23

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Na semana seguinte Geff começou a trabalhar com Luís e Robson no porto, ele carregava caixas e aprendia a operar máquinas, não era um trabalho fácil, mas Geff parecia gostar. Ele chegava em casa cansado a noite e se deitava ao meu lado enquanto eu lhe contava sobre o que Diana me ensinara e as histórias que dela eu ouvia.

Parecia que éramos felizes, sei lá. Eu não tinha notícias de Rafael, mas com os dias eu deixara de me preocupar, deixara de esperar e imaginar o pior. Diana me ocupava e entre uma receita de bolo e outra ela me ensinava como mexer a massa sem usar as mãos.

Aqueles eram dias tranquilos, dias em que eu não precisava pensar e me torturar com o medo da fuga, ou com o ressentimento do abandono, eu conseguia sorrir e o cheiro de bolo no forno era como sonhar. Eu me acostumava a ideia de que ali era o meu novo lar, que ali começaria a minha nova vida, mas ainda tinha medo do que poderia acontecer, eu ainda entendia pouco e não queria mais ter inseguranças.

Vez ou outra tornávamos a sair, Diana gostava da noite e me fazia bem circular pela cidade como uma pessoa normal, voltamos algumas vezes para jogar sinuca e em outros fins de tarde quente saíamos para beber maltado não muito longe dali. Quando Geff precisava trabalhar até de noite Diana e eu íamos para o prédio abandonado coma vista para a ponte e para o mar e ficávamos fumando maconha e tentando fazer acrobacias enquanto o dia terminava, o sol se punha e a noite vinha.

Diana então me explicou o uso das forças, duas forças essenciais que muitas vezes podiam salvar a nossa vida. Não era algo fácil de se fazer, não era simples como voar ou controlar a gravidade, mas não era impossível, uma delas inclusive eu já tinha conseguido.

Eu havia estudado algo parecido com aquilo no ano passado, nas aulas de física eu precisei quebrar a cabeça para entender a força nuclear, mas ali, do jeito que Diana explicava tudo era mais simples e mais fácil de entender. A força fraca enfraquece e repele qualquer matéria, qualquer corpo, quase da mesma forma que acontece em nível atômico, a força fraca impedia o contato e o toque da matéria. Foi o que eu havia feito com Rafael, eu o havia empurrado e empurrado a mim em direções opostas, ele não conseguia me alcançar porque a força que exercia era invisível como dois ímãs que não se repelem. Ela me mostrou como funcionava, ela veio correndo na minha direção e eu corri na direção dela pelo terraço do prédio e quando nossos corpos estavam prestes a se chocar ela fez acontecer, com força nossos corpos foram empurrados para trás nos afastando de novo.

A segunda era a força forte, exatamente o contrário da força fraca, ao invés de repelir o outro a força forte atraía, como o ímã atrai o metal, quando ela demonstrou nossos corpos foram atraídos e eu senti meus pés sendo arrastados sobre o chão até que eu me colei a ela, por mais que eu tentasse me desprender eu não conseguia, ela de fato me prendia a ela.

As duas forças eram de extrema importância, a força fraca já salvara muitos de serem alvejados por balas e até mesmo serem capturados, e a força forte era fundamental em um resgate e no voo alto no céu carregando outro volitare, na maioria das vezes ferido ou incapaz de voar. Eu lembrei daquela noite com Geff no quarto, quando nos beijamos e voamos juntos, eu não o segurava no ar com força, ele flutuava comigo, tão leve quanto eu.

Mas as duas forças eram cansativas, o efeito não durava muito tempo e quando acabava nosso corpo ficava exausto e pesado demais até mesmo para voar. As duas ações não eram como brincar com a gravida, ou com a energia elétrica ou as ondas de rádio, era extremamente cansativo e uma última carta na manga que só usávamos quando necessário.

Eu estava contente por poder aprender com Diana, era um alento saber que mais pessoas podiam fazer o mesmo que eu, e que aquilo não se resumia a voos descontrolados e sonhos estranhos no meio da noite. Havia uma infinidade de possibilidades e era bom ter alguém com Diana paciente o bastante para me ensinar e me fazer despertar aquilo tudo que havia dentro de mim.

VOLITARE | (Romance Fantasia Gay) | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora