— O que foi aquilo? — perguntei a Luke enquanto caminhávamos em direção à Casa. — O que você falou pra ela?
Logan, Jake e Anna fingiam que não estavam prestando atenção, observando o céu, assobiando, limpando as unhas. Tirei a jaqueta que Jake me dera, pois o sol estava quente em contraste com o outono do qual tínhamos saído.
— Eu deveria saber do que você está falando?
Soltei um suspiro de frustração e comecei a andar mais rápido, o que não importou, já que eu tive que esperar para irmos falar com a Stef juntos.
Assim que entramos na casa, Celeste correu até nós. Luke se agachou para fazer carinho nela, mas ela passou reto por ele e parou aos meus pés, voando a poucos centímetros do chão, de maneira que nem precisar me abaixar para lhe coçar a orelha.
Depois ela foi até Annabell para lamber o seu rosto e a derrubou no chão. Nós demos risada enquanto Logan a puxava pela mão para ajudá-la a se levantar.
Mas, tirando isso, os outros estavam em aula, então a sala estava desocupada, a não ser pelos pufes, cadeiras e sofás.
— E se ela disser não? — indagou Logan subitamente.
— Nós vamos mesmo assim — respondeu Jake simplesmente, olhando para mim.
Eles respeitavam muito Stef; eu não queria que isso mudasse por minha causa, mas não podia esperar por permissões dela, tampouco. Ir sozinha era uma opção pouco provável. Por mais que eu escapulisse, sabia que iriam atrás, o que daria mais trabalho e se tornaria mais uma preocupação. E, se finalmente percebessem que eu dava mais trabalho que valia, como continuaria sozinha? Agora eu entendia o cuidem dela.
Olhei para eles, todos esses pensamentos cruzando a minha mente tão rápido que se sobrepunham. Mas a verdade era que eu já tinha feito minha decisão, e sempre seria Elena. Mas era minha. Eles podiam fazer a deles, e eu entenderia. Ainda tinham que encontrar Henry, o que nos dava um objetivo em comum, visto que Henry e Elena estavam juntos, levados à mando de Drakon.
— Nós vamos dar um jeito. Mesmo que ela não use seu poder para achar Amos, não pode nos impedir de ir. E é por Henry também, então ela tem que ajudar — disse Anna.
— Vamos deixar nossas coisas e depois vemos isso — interveio Luke. Estávamos agitados; não podíamos ter nadado tanto pra morrer na praia. — Não dá pra cruzar uma ponte antes de chegar nela.
E depois de atravessar não dá pra voltar, pensei.
Annabell subiu comigo, onde guardei algumas roupas, a jaqueta de estampa do exército e a bússola, que no final eu nem havia usado. Eu também trouxera minhas pantufas do Beemo e do Jake, de Hora de Aventura. Jake tivera um ataque de riso ao descobrir e me fez prometer que iria mostrar pra ele depois.
Isso me fez refletir. Depois do quê? De resgatarmos nossos respectivos amigos? — não que Elena fosse gostar de ouvir isso; como eu, ela não se considerava uma donzela em apuros, apesar de, como eu, às vezes ser. Porque, honestamente, se eu a tivesse encontrado dois dias depois de chegar eu teria agarrado sua mão e partido sem olhar para trás. Como eu poderia fazer isso agora?
Eu só queria encontrá-la. Uma ponte de cada vez.
— Você acha que Stef vai concordar? Que a gente vai encontrar Amos e ele vai nos dizer alguma coisa? — questionou Anna da cama, criando flocos pequenos de neve com as mãos distraidamente. — Pensei muito nisso. Nas chances de Amos aceitar ser útil. Não quero ser um balde de água fria, mas não posso ser cegamente otimista.
Essa era eu.
— Tem outra coisa que eu queria falar com Stef — revelei. O bilhete estava com Luke, me lembrei. Teria que pedir a ele.
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Os Últimos Descendentes - Sangue
FantasyVocê acredita em magia? Juliet Thorne costumava não acreditar, mas ela não fazia ideia de que tudo que ela aceitava como realidade estava prestes a mudar. E que ela não teria outra escolha. Depois de sua melhor amiga ser levada por homens materia...