• CK •
Kamilly tava até estranha, caladona na dela, e eu também nem disse nada. Estacionei o carro ali no estacionamento daquele bar, e encarei ela serinho.
CK: Tu tá bem?
Kamilly: Sim. - suspirou, e me olhou, fazendo uma careta. - Por que?
CK: Sei lá, pô, tá caladona ai.
Kamilly: Só bateu dor de cabeça agora, só isso mesmo. - deu um sorriso falsão, e eu nem disse mais nada.
Sai do carro, e esperei ela. Só ai fui reparar em como ela estava. Caralho irmão, tava gatona mermo, pô.
Comecei a andar com ela, e fomos entrando naquela lanchonete, que era meio que um bar também. Tinha uns caras ali, junto com umas minas fumando narguilé na parte de fora.
Kamilly suspirou, fazendo um bico enorme, e sentou numa mesa ali, mais para o fundo.
Pedi alguns bagulhos ali pra ela comer, algumas cervejas, e dois baseados.
Clebinho falou que aqui era um dos únicos lugares que vendia maconha e os caralhos, mas se a polícia brotasse, o b.o era teu mesmo.
Sentei na frente da Kamilly, que me olhou sorrindo de lado.
CK: Tu tá lindona ai. - murmurei, me encostando no banco.
Ela parou por um tempo, e parecia pensar em alguma parada. Tava nem entendendo, mas também nem disse nada, fiquei caladão na minha ali.
Quando ela abriu a boca pra falar, uma mulher veio deixar as paradas que pedi. Kamilly já abriu maior sorrisão vendo os lanches, e eu apenas dei uma risada fraca.
Acendi meu biricutinho, e fui abrindo a cerveja.
Kamilly: Eu queria tanto fumar...- fez bico, me olhando fumar o cigarro.
Na merma hora eu me liguei, e apaguei o cigarro ali no cinzeiro.
CK: Pô, foi mal, ainda não coloquei na cabeça que tu tá grávida. - suspirei, e ela sorriu de lado. - Como tá a cria?
Kamilly: Bem...eu acho. Você vai mesmo na ultrassom?
CK: Claro, carai, falei que ia, e vou.
Ela começou a comer, e eu continuei bebendo minha cerveja, apenas olhando pra ela, caladão.
Na minha cabeça, só passava o fato de como ela vai ficar se eu matar o TK. Tô ligado que ela é coladona na dele, e os caralhos, mas é foda, pô.
Sei como é perder um pai, e saber que ela vai sofrer com esse bagulho também, me deixa com uma sensação estranhona.
CK: Como tu ficaria se matassem seu pai?
Na mesma hora ela me olhou, parando de mastigar, e ficou me encarando por uma cotona, com uma cara estranha.
Kamilly: Por que tá me perguntando isso?
CK: Só queria saber mermo. Tô ligado como é perder o pai...- suspirei, dando outro gole na cerveja.
Kamilly: Eu...eu ficaria muito mal, sabe? E iria querer de tudo matar a pessoa que tirou ele de mim...não suportaria deixar a pessoa que matou meu pai, viva.
Ih, pô, na merma hora engoli secão, e fiquei calado na minha, e por um momento eu pensei em deixar essa vingança de lado, por causa dela.
Mas é foda, pô. TK mó vacilão, e não merece ter perdão não.
Tô ligado que meu pai era um filho da puta, mas comigo ele não era. Sinto falta pra caralho, pô. É pai!.
Faz mais de vinte anos que tô atrás do Tiago, só esperando a hora certa pra acabar de vez com o arrombado, traidor do caralho.
E também tô ligado que essa hora ai, tá chegando, pô.