Eu tava sem chão naquele momento, tá ligado? Mas mesmo todo desesperado, eu peguei ela no colo e sai gritando por alguém.
Alguns que estavam ali na ilha apenas olharam, mas não fizeram nada. Mas outros junto com o juiz lá, vieram correndo até mim, e falaram pra eu pegar o barco pra Malé.
CK: Ela não vai aguentar até lá, porra. - gritei, arrumando ela em meus braços.
O juiz falava várias paradas, e eu já ficando puto com aquele cara. Olhei pra trás, e vi o Kaio olhando na nossa direção com os olhos arregalados. Fechei meus olhos por um momento, e me xinguei mentalmente por ter esquecido do moleque.
Caralho, ele viu tudo mano!
Quando o juiz foi me levando até o barco, eu gritei o Kaio, que veio correndo mais atrás.
Entramos no barco, e eu coloquei a Kamilly numa parada ali. A mulher que estava ali pediu pra virar ela pra poder estancar o sangue, e assim eu fiz, e ela forçou uma blusa lá aonde tinha sido o tiro.
Kaio: A mamãe morreu? - perguntou baixo, e eu olhei pra ele.
CK: Não pô, fala isso não. Ela vai ficar bem!
Engoli em seco, e puxei ele pra min, abraçando forte aquele moleque.
Se alguma parada séria acontecesse com a Kamilly, pô, nada ia fazer mais sentido não.
Porra, logo no dia em que finalmente casamos acontece essa parada. Tinha certeza que foi alguém daquele barco lá que atirou nela, e eu só imaginava uma pessoa que mandou isso...o filha da puta do Grego.
Pô, ele nunca soube resolver as paradas mano a mano, sempre teve que meter a família dos caras no meio da guerra, e isso é uma vacilação do caralho, véi.
Mas se realmente foi ele quem mandou fazer essa parada, eu esqueço tudo no que ele já me ajudou, e fuzilo aquele desgraçado.
Quando chegamos em Malé, Kamilly ainda respirava, mas bem fraquinho. Peguei ela no colo, e pedi carona pro primeiro que me apareceu.
Entrei no carro com ela, e o Kaio veio junto. Eu nem falei nada pro cara, ele só meteu o pé no acelerador e foi andando pela cidade.
Depois de uns minutos, ele parou na frente de um hospital, e eu desci correndo com ela, e mais o Kaio atrás.
Entrei naquele lugar gritando por ajuda, e acho que mesmo sem o povo me entender, eles trouxeram uma maca e levaram ela.
Minhas mãos estavam cheias se sangue dela, e eu ainda um pouco molhado. Olhei pro Kaio que estava sentado em uma cadeira ali, e fui até ele, limpando minhas mãos no meu shorts mesmo.
CK: Ela vai ficar bem, pô. - falei mais pra mim, do que pra ele.
Ele me abraçou de lado, e eu beijei a cabeça dele.
******
Mais de 7 horas e nada de notícia da Kamilly, eu só sabia que ela ainda estava na sala de cirurgia.
Depois de uma cota ali tentando falar com a recepcionista do hospital, eu consegui usar o telefone. Já liguei pro Clebinho, por que era o único que eu sabia o número.
Ligação.
Clébinho: Quem é?
CK: Sou eu pô, Caíque. - falei baixo.
Clébinho: Ih, qual foi? Tu sumiu, mano.
CK: Tu tá aonde?
Clébinho: Acabei de sair da boca, por que?
CK: Preciso que tu vá atrás do TK ou da Alice agora, e passa o telefone pra eles.
Eu nem deixei ele falar nada, só pedi e ele foi, ainda na ligação. Quando ele disse que encontrou a Alice, eu já fiquei pensando em como falar a parada que tava acontecendo pra ela. Ia ser foda pra ela, pô, é a filha.
Alice: Oi, aconteceu alguma coisa, CK?
CK: Pô...vou ficar enrolando não. Kamilly foi baleada.
A linha ficou em silêncio por maior tempão, e eu suspirei alto.
Alice: O...que? Você tá brincando né, Caíque? Pelo amor de Deus. - falou baixinho, e percebi que ela já estava chorando.
CK: A gente estava na praia, de boa, e atiraram nas costas dela. Ela tá na cirurgia ainda, não sei se ela tá bem, ou...- deuxei a frase no ar, e ouvi o soluço do choro dela. - Alice, eu preciso que tu tente descobrir quem foi que atirou nela. Eu não consegui ver, mas acho que o tiro veio de um barco que estava um pouco distante da gente.
Alice: Ok, eu...eu vou atrás. E por favor, quando tiver notícias dela tenta me ligar.
Ligação.
Um bagulho era certo, eu ia acabar com quem fez essa porra com a Kamilly.