• Kamilly •
Fiz uma careta me olhando no espelho daquele quarto. Eu estava toda queimada, vermelha pra caralho.
Tinha passado a tarde toda na praia, num sol da porra. Passei protetor solar, mas não adiantou de nada aquela merda.
Kamilly: Meu Deus...tô parecendo uma pimenta...- olhei para o Caíque, que estava sentado na cama me olhando. - Tô muito quente também...
CK: Então vem quente que eu tô fervendo, gata...
Fiz careta pra ele, que deu risada, deitando na cama. Amarrei meus cabelos e fui deitar ao lado dele.
CK: Pô, tu já pensou em algum nome pra cria?
Kamilly: Esses dias eu estava pensando ai, por mais que ainda falte alguns meses pra saber o sexo...- suspirei, me ajeitando em cima dele. - Eu pensei em ser for menina colocar Karol ou Manoela...
CK: Pô, se for moleque pode ser Kaio.
Balancei a cabeça, e dei um selinho nele, acariciando sua bochecha. Por mais que só estamos nessa ilha faz um dia, eu estou amando tudo.
Aqui é um lugar maravilhoso, que eu não me importaria de morar por alguns anos.
Iriamos embora mais tarde já, e na boa? Nem queria ir embora. A favela tá tão estranha nesses dias, que não tem mais graça ficar por lá.
Eu só volto pra lá por que tenho meu trabalho, e meu curso pra fazer, por que se não, eu imploraria pro Caíque pra gente ficar aqui por pelo menos alguns meses.
Quando eu já estava quase pegando no sono ali, meu celular começou a tocar, e eu já me levantei, pegando o mesmo.
Ligação.
Kamilly: Oi pai...
TK: Pô, eu preciso que tu venha pra cá agora, Kamilly...sem enrolação. - falou todo ofegante.
Kamilly: Aconteceu alguma coisa, pai?
TK: Só...vem pra cá logo.
Ligação.
Fiquei sem entender nada ali, mas já fui arrumando as coisas dentro da mochila.
CK: Qual foi, pô? - me olhou confuso.
Kamilly: A gente precisa subir pra São Paulo agora.
CK: Aconteceu alguma parada?
Kamilly: Não sei...- suspirei, enfiando minhas roupas tudo ali dentro da mochila. - Mas, só pelo tom do meu pai, deve ter acontecido algo sim. Que horas sai a balsa?
CK: Daqui a pouco já.
Arrumamos tudo as nossas coisas ali, e saimos daquela casa, comigo quase chorando por ter que ir embora.
******
Já tinhamos pegado a balsa, e agora estávamos subindo a serra. Eu tentava ligar pra minha mãe, pra tentar saber o que estava acontecendo, mas só dava caixa postal.
Estava com um sentimento ruim do caralho no peito desde que sai daquela ilha.
Eu sabia que tinha algo acontecendo a dias, mas não procurava saber o que era, por medo de saber de algo que não iria me fazer bem.
Meu pai me ligar daquela jeito, me deixou pior do que já estava. Era nítido na voz dele que tinha alguma merda acontecendo.
Quando chegamos em São Paulo, depois de horas na estrada, Caíque foi indo direito pra Paraisópolis.
O caminho todo nós dois fomos em silêncio, sem nem olhar um para o outro.
Eu só tentava imaginar que merda estava acontecendo lá.
Assim que o carro parou na entrada, eu desci do carro, pegando minha mochila, e sai correndo, sem nem falar com o Caíque.
Entrei em casa com tudo, e vi minha mãe sentada no sofá com uma cara péssima.
Kamilly: Mãe...o que aconteceu?
Antes dela falar algo, meu pai desceu as escadas com uma cara pior ainda. Cruzei os braços, só esperando ele começar a falar.
TK: Por que caralho tu não me contou que a filha da puta da Bruna tinha ido atrás de tu, porra?