Capítulo 22

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Fernanda On

___ Sim, são esses mesmo! Eu tenho certeza, são os mesmos homens que tentaram nos abordar no estacionamento do shopping.

Digo com convicção, tenho total certeza que são os mesmos, embora que no sequestro do George tenha mais homens do que naquele dia. Com certeza contrataram mais bandidos.

___ Acreditamos na senhora, mais é necessário que sua mãe confirme, ela também estava no dia ocorrido!

___ Não entendo o motivo, eu já confirmei, os seguranças envolvidos também o fizeram.
Minha mãe está medicada no quarto, abalada com todo o ocorrido, não vejo necessidade alguma de atormenta-la ainda mais!

___ Pelo vídeo podemos ver que sua mãe teve um comportamento exagerado demais e....

___ O que o senhor está tentando insinuar?

___ Que talvez sua mãe conheça os sequestradores...

___ Eu posso interpretar suas palavras de várias formas possíveis, então acho melhor se explicar!

___ Olha... Sua mãe reconheceu o perigo antes de qualquer um ali... talvez ela conhecesse os bandidos e....

___ Não! A Rebeca não compactuou com toda essa loucura, eu estava lá, eu vi o desespero nos olhos dela, ninguém me contou, eu vi e não há nada que possam dizer que me convensam do contrário.

Digo furiosa com as insinuações, eu não posso acreditar que desconfiam de que a Rebeca está tramando todos os ataques em que sofremos ultimamente.
Ela não faria isso!

Retiro-me para o escritório completamente atordoada.

___ Querida?

___ Não pode ser verdade Ricardo, ela não faria isso... Não a Rebeca que eu conheço a cinco meses, mas....

___ Mas?

Suspiro confusa, a verdade é que até mesmo eu, no fundo do meu ser duvido das intenções dos Thompson.

___ Ah Ricardo, eu não sei no que acreditar... A verdade é que os Thompson de hoje me fizeram acreditar serem incapazes de tal atrocidade, mais os que eu conheci a dezoito anos são capazes de coisas piores...

Ao virar-me dou de cara com Rebeca me olhando de forma decepcionada, ela nada diz, apenas se retira de forma silenciosa assim como havia surgido, e eu permaneço estática no mesmo local, sem saber ao certo o que fazer neste momento.

___ O quê eu faço?

Pergunto derrotada, com um sentimento de culpa do qual impede que eu prossiga com as desconfianças a respeito de Rebeca.

Ricardo se aproxima e de forma carinhosa deposita um beijo casto em meus lábios antes de proferir sua opinião.

___ Eu acho que antes de julgar sua mãe pelas palavras do investigador, você deva escuta-la primeiro e por fim fazer seu próprio julgamento.
Mas esta é a minha opinião, você precisa tomar a sua própria, por isso vou deixa-la sozinha para refletir no que será feito a partir de agora.

Passo incontáveis minutos sozinha, refletindo sobre todos os acontecimentos, e cada vez mais me sinto culpada por Rebeca ter escutado minhas palavras, ela era a mais abalada de todos, passou dias e mais dias trancada no quarto, teve crises de pânico, aquilo era real, não tinha a menor possibilidade de ser encenação, então por que eu duvidei dela?

Após refletir bastante, decido por fim lhe pedir desculpas, eu de fato não acredito que ela tenha armado tudo aquilo, tão pouco tenha participação no sequestro do George.

Caminho a passos decididos até os aposentos da Rebeca, quando passo pela sala principal sou chamada constantemente pelo investigador no qual faço questão de ignorar, meu assunto com a Senhora Thompson tem maior importância para mim no momento.

Bato na porta incontáveis vezes e o seu silêncio torna minha culpa ainda maior, decidida a lhe pedir desculpas pelo meu erro adentro o local encontrando o quarto completamente vazio e suas vestes que usara a pouco tempo sobre a cama.

___ Rebeca?

Percorro todo o quarto e banheiro apenas para constatar o que já suspeitava, ela sumiu, e por hora volto a me questionar onde terá ido a está hora da madrugada.

O dia amanheceu e novamente a noite se iniciou, Rebeca sumiu completamente do mapa e o investigador Ronaldo cada vez mais suspeita dela, ja que por acidente ela ouviu minha conversa com Ricardo, segundo Ronaldo ela descobriu que é a principal suspeita e fugiu sabendo que seria pega em breve.

Caminho sobre seu quarto inquieta, não sei o que pensar, não sei no que acreditar, observo a parede pintada recentemente com uma cor peculiar, lembro-me do dia em que nos aventuramos pelas fábricas com o propósito de encontrarmos a cor perfeita, recordo -me também do banho de tinta e das brincadeiras que fizemos ao pintar cada cantinho deste quarto, em como ela parecia uma criança feliz, aquele dia eu a vi sorrir como nunca antes, e da forma em que não voltei a vez após o ocorrido do Shopping.

___ Você não planejou aquilo!

Digo convicta, Rebeca é inocente, mais onde estará? Por que fugiu?

Deito-me em sua cama, como se ela fosse me contar um segredo, aconchego-me em posição fetal, colocando minhas mãos por baixo do travesseiro quando sinto meus dedos tocar  algo frio. Levanto-me olhando o papel em minhas mãos nele estão escritos pontos de referência em algum lugar da cidade.

___ O quê você está querendo me dizer com isso Rebeca?


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Rebeca On


.

Ouvir tais palavras de desconfiança da Fernanda me destruíu completamente, eu não estava preparada para aquelas palavras, doeu mais do que eu poderia imaginar.

Sim eu fugi, até aquele momento eu estava disposta a contar a verdade, falar sobre a ligação e pedir ajuda para encontrar o seu pai, o problema é que ali tive a certeza de que ela não acreditaria em mim....
Eu estava sozinha!

Anotei tudo o que eu me lembrava daquela noite a mais de vinte anos, os pontos de referência que me levaram para longe daquele lugar, para longe daquele homem, através das anotações eu chegaria ao local onde mantinham o George preso.
Eu estava morrendo de medo, mais esse seria meu sacrifício final, só tinha um único jeito de sair dali e eu estava preparada!

Ao chegar próximo da casa onde passei dias, as lembranças do passado me atingem em cheio, respiro fundo mantendo a calma. Essa não é a hora.

Pego meu celular que até então estava desligado para economizar bateria e o escondo atrás das caçambas de lixo esperando que a polícia rastreie o aparelho a minha procura e nos salve, ou pelo menos salve o George.

Sigo em direção à porta velha e enferrujada que me trazem arrepios, minhas mãos trêmulas relutam ao tocar o metal gelado que me trazem lembranças do dia no qual eu as toquei para nunca mais voltar, no entanto aqui estou eu mais uma vez!

A ESPERA DE UM MILAGRE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora