Capítulo 28

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___ Eu não te queria filha!
Eu apenas queria esquecer tudo o que havia acontecido comigo e você para mim era a semente que me recordaria eternamente tudo o que eu sofri.
Eu queria morrer, eu queria voltar no tempo. Eu queria tirar você, mais o George não deixou, disse que já que eu havia engravidado do meu amante, de algo ele deveria tirar proveito. Eu nao tive escolhas, prossegui com a gravidez mais aquilo era demais para mim. Quando você nasceu eu via eles em seu rosto. Eu era violentada todas as noites em meus sonhos, em todas as vezes eu implorava por ajuda, mais ninguém me ajudava.

Eu nutri por você todo o ódio que eu sentia por eles, eu descontei em você toda a dor que eu sentia. Nada justifica, nunca justificará, mas todas as vezes que eu te fazia mal eu dizia a mim que fazia a eles, eu olhava para você e via cada rosto aqui presente.

Nada justifica mas está foi a forma que eu encontrei para amenizar minha dor, de lhe dar com as lembranças do estupro que sofri....

___ Já chega!


Nicolas diz puxando a corrente e me arrastando para fora do galpão enquanto eu a cada passo tenho certeza de que sou incapaz de voltar a viver aquele inferno novamente.
Pensando nisso lanço meu corpo sobre um espelho que havia no canto da parede o quebrando com impacto. Pego um pedaço do mesmo como um objeto de defesa.

___ Eu não vou com você!

O ameaçou com o objeto cortante.

___ O quê vai fazer? Me matar com isso?

Ele gargalha da minha idéia fracassada de tentar me livrar de suas garras.
Olho para todos ao meu redor e por fim vi que aquilo era inútil, eu morreria ali ou partiria com aquele homem, então escolhi a única alternativa que eu tinha, a única que me era viavel mas antes eu salvaria minha filha.

Sinto meus olhos encherem de lágrimas quando olho o objeto em minhas mãos, busco forças para fazer o que tanto desejei por toda minha vida e sinto minhas mãos trêmulas, vejo o rosto pálido da  minha filha que chora em silêncio, certamente não sabe o que me dizer neste momento, George também chora enquanto profere ameaças a quem tentar me tirar daqui ou me tocar novamente.

Suspiro pela última vez tomando coragem para finalmente colocar um fim em minha dor.
Sera que em fim eu encontraria a paz?

___ Fernanda, George, por favor, me perdoem! Eu amo vocês!

Enfio o vidro em meu abdômen o mais profundo que consigo, sentindo o ardor do corte me dominar, o sangue instantaneamente desce sobre minhas mãos manchando as roupas que eu uso.

___ Não! Por favor mãe....
Mãe...

Ouço os gritos da Fernanda frenéticos enquanto sinto meu corpo perder as forças que o mantinham de pé, meu sangue escorre pelo chão quando Nicolas se aproxima de mim e abraça meu corpo que começa a gelar.

___ Por que você fez isso sua desgraçada, você é minha porra! Você não pode morrer. Não pode!

Aperto seu corpo como se precisasse dele para aplacar meu medo da morte, mas tudo não passava de uma boa oportunidade para pegar as chaves que libertariam minha filha e meu marido.
Sinto nojo do homem a minha frente que desenvolveu uma paixão doentia por mim e não percebeu. Sua fixação em me manter aprisionada em seu domínio apenas me traz a certeza de que prefiro a morte ao me encontrar novamente em seus braços, muito menos sendo dividida entre seus irmãos como ele fazia.

___ Por, por favor, me deixe me despedir de minha filha!

Digo em um sussurro a ele como meu último pedido.


___ Desgraçada! Você não vai morrer, está me ouvindo! Eu digo quando pode me deixar, será que não aprendeu isso ainda?


___ Viva, ou morta... Eu, só preciso me despedir dela....

Ele assente com a cabeça e isso me deixa de certo modo um pouco aliviada.

Nicolas levanta meu corpo em seus braços e neste momento rodeio o meu em sua cintura, lentamente ele me abaixa, colocando-me no chão próximo de Fernanda e eu a abraço pela última vez, George também se aproxima então uso o pouco tempo que me resta, a pouca força que tenho para lhes dar uma única oportunidade de fugirem.

___ Pegue as chaves e salve nossa filha.

Cochicho para que somente os dois me ouçam. Entrego para George também a arma que peguei no instante em que o homem me carregou em seu colo.

___ Por quê fez isso?

George pergunta se remoendo em culpa e remorso, embora eu saiba que é difícil controlar tais sentimentos espero que ele se perdoe com o tempo.


___ Eu vivi mais de vinte anos em pura dor, eu não posso viver tudo aquilo novamente! Eu já perdi tanto em minha vida, ao menos uma única vez poderei fazer algo de bom por vocês.
Não se culpe George, eu não te culpei por nada, em nenhum momento, por isso não faça isso consigo mesmo.

___ Tudo teria sido diferente se eu houvesse te escutado, ou pelo menos te dado a oportunidade de se defender das minhas acusações!


___ O passando não muda, nada poderia garantir que as coisas seriam melhores, eu fiz minha escolha também em não contar... Por medo, vergonha, nojo... Nós dois erramos, porém cabe a você escolher um caminho diferente do meu, se dê uma oportunidade de deixar tudo isso para trás!

___ Filha, você tem razão, eu nunca teria me arrependido se não descobrisse que era filha do George, porém seu pai havia mudado antes mesmo dessa revelação, e o momento marcante foi trazer o Miguel ao mundo, ali, você tocou o mais profundo do coração do George.

Me perdoe por dizer que comigo não aconteceu o mesmo. Me perdoe por te culpar por toda minha dor, e me perdoe por não ter me arrependido antes. Me perdoe por te pedir perdão porque eu sei que não o mereço, e prometi a mim mesma que não o pediria porque não sou digna do seu perdão....

___ Rebeca...

___ Shiu... Está tudo bem! Não temos muito tempo
O Nicolas vai se aproximar para me pegar, neste momento quero que o imobilize com essa arma... se soltem com a chave e fujam.

Entrego-lhes a arma que havia pego da cintura de Nicolas sem que o mesmo houvesse percebido.

___ Não vamos sem você!

___ Vai sim filha! Durante toda sua vida eu descontava em você a dor que senti ao ser estuprada. Essa é a primeira vez que posso fazer algo por você, após tanto mal que te causei. Então vá, e seja muito feliz, você, meu neto, seu marido e seu pai, como uma família! A família que sempre sonhou e mais do que ninguém mereceu.
E mesmo sabendo que eu não mereço, tente me perdoar um dia, porque hoje meu maior medo é saber que te perdi completamente e todas as vezes fui eu a única culpada.

Após entregar  a eles a arma eu por fim deito minha cabeça sobre o chão frio, preparada para partir, sentindo minhas forças se esvaindo e meus olhos fechando aos poucos sem minha permissão.

___ Eu te perdoo!

Sinto uma lágrima descer por meu rosto ao ouvir suas palavras enquanto sinto seus dedos tocando minha face já pálida.
Sinto algo em meu peito que me faz flutuar, é algo tranquilo e reconfortante!


___ Então essa é a sensação de paz! Eu gosto disso, gosto muito!

Digo a mim mesma em um sussurro, quando viro meu rosto para os dois a minha frente e com a última oportunidade que tenho lhes digo a mais pura realidade em meu coração antes de partir.


___ Eu amo vocês, para todo o sempre!

Boa noite meninas! Sumi mais voltei.

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Esse capítulo vale muitas estrelinhas 😉

A ESPERA DE UM MILAGRE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora