Capítulo 17

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Rebeca On

Anos atrás

___ Ela nos humilhou diante de toda a sociedade! Você precisa fazer algo a respeito George!

Meu marido desprezava a Fernanda mais do que tudo nesta vida, acredito que até mesmo mais do que desprezava a mim. O problema era que sua raiva e seu ódio não era o suficiente para fazer a ela o que eu fazia. Mesmo sendo conivente e presenciando algumas das cenas onde batia nela.
Foram raras as vezes em que conseguia o feito de fazê-lo participar. Era importante para mim saber que eu não era o único monstro ali, o problema era que logo ele parava e fugia, não sabia ao certo o porque dele se negar a castiga-lá por destruir nossas vidas.

___ O quê quer que eu faça? Que eu a arraste pelos cabelos e obrigue a assinar a porra dos papéis matrimoniais?

___ Você é brando demais com ela, se mostrasse de verdade quem realmente manda ela teria tanto medo de você quanto tem de mim, e nunca teria dito "Não" naquele altar!

___ Bom, talvez ela não tenha tanto medo de você assim, ela disse não na tua cara também!

Um ódio descomunal se apodera de mim, lembranças do passado me atingem, sensação de impotência me invade, ela é a única culpada por tudo o que me aconteceu, por tudo o que eu perdi, ela não me deixa esquecer...

Tomada pela raiva repentina não meço minhas palavras, as solto para ferir, rasgar e estraçalhar p coração de todos ao meu redor, quero que sintam minha dor e no momento minha vítima é meu marido e através dele punirei a única culpada pela minha desgraça.

___ Talvez eu devesse ter dado ela ao pai biológico, com certeza ele saberia lhe dar com ela, pulso firme, sabe, um homem de verdade!

Seguido do arrependimento imediato veio o tapa em meu rosto, o gosto de sangue veio acompanhado da repulsa de minhas palavras, sinto nojo de mim mesma, eu queria feri-lo e de fato consegui, mais no final eu saí ainda mais ferida do que ele.

___ Eu sempre soube que você gostou de se esfregar em outro homem, foram quantos ao longo de todos estes anos Rebeca?
Talvez sua filha também goste, vou cuidar disso! É o que você quer não é?

Foi como um soco no meu estômago, eu amava de todo o meu coração o George, mais a pressão para engravidar e dar a família um herdeiro era em demasiado grande demais para mim, éramos alvos de holofotes o tempo todo, as mídias de fofocas esperavam somente um deslize da "família perfeita" para nos denegrir, nunca tive a opção de ir na clínica fazer os procedimentos necessários para engravidar, tão pouco o George poderia solicitar um exame de fertilidade para ele. Eu não tive escolha...

___ Não! Não! Por favor não faz isso comigo!

Ouço os gritos da Fernanda que Vem do porão onde nós a trancamos a três dias atrás quando demos uma surra de cinto, mais logo após a raiva passar, vi arrependimento nos olhos de George.

Para minha surpresa ele a arrasta para um dos quartos, não entendo o que ele pretende fazer, apenas me satisfaço com o medo da Fernanda.

Corro empolgada pela cena, em fim me sentirei um pouco vingada por tudo o que passei no passado, em fim ele descontará nela a raiva que sente de mim.

Só que nada me preparou para a cena que estava por vir, meu sorriso morreu, meus pé fincaram ao chão e meu rosto empalideceu.

Ao sair e retornar novamente acompanhado de Felipo,
George estava sombrio, envenenado pelas minhas palavras ele a entregou para ser abusada por Felipo.

Eu não tive reação alguma, apenas fiquei ali petrificada e sentindo uma dor indescritível, imaginar como aquilo quebraria Fernanda de todas as formas possíveis não me trouxe satisfação, pelo contrário, senti -me no lugar dela, algo que mulher nenhuma deveria passar, ter seu corpo violado sem sua permissão, em choque fui arrastada para fora do quarto por George que trancou a mesma me entregando a chave.

___ Satisfeita agora Rebeca?

Seu rosto se tornou frio e sombrio, sem expressões,

Não respondo, não sou capaz, ouço a voz de Fernanda suplicando piedade, aquilo era mais do que eu poderia suportar, era como ouvir minha própria voz. Decidida interromper aquela atrocidade vou rumo a porta.

___ Cadê a Fernanda?

Nana como Fernanda gosta de chamar a empregada aparece em meu campo de visão, não penso duas vezes ao colocar as chaves em suas mãos, ela não compreende meu gesto então explico vagamente.

___ Tire ela de lá Naná! Ajude-a!

___ O quê vocês fizeram dessa vez?

___ Não há tempo para explicações, apenas faça o que eu pedi, tire a Fernanda deste quarto, tire ela dessa casa, leve-a para longe antes que eu me arrependa.

Minha voz soa como uma suplica e de fato é, e mesmo não querendo demonstrar preocupações, foi impossível.

Nana não pensa duas vezes antes de abrir a porta, vejo seu rosto chocado com a cena a frente, me escondo um pouco e observo também, meu coração se quebra ao ver o estado da minha filha, culpa e remorso, eu fiz isso, eu causei tudo isso!
As coisas saíram do meu controle, eu saí de controle, há barreiras que não devem ser ultrapassadas, e violar o corpo de uma mulher sem o consentimento dela é um exemplo daquilo que jamais deve acontecer.

E foi assim que ouvimos diversas ameaças da empregada sobre nós, foi assim que observei as duas fugirem pela madrugada meses depois, após engravidarmos a Fernanda e a mesma perder o bebê.

Eu poderia ter impedido muitas coisa, mais ao invés de permitir que partisse, eu a aprisionei novamente, quando ela quase foi violentada pela segunda vez eu descobri que realmente estava na hora de vira-la de mim,

E foi assim que eu fechei os olhos, dando a ela a oportunidade de se esconder de mim, oportunidade de viver seus sonhos sem que eu esteja por perto para quebrar todas as suas esperanças.

Mais o que ninguém sabe, e nunca saberá é que fui eu quem deu aquele dinheiro para que Naná levasse ela embora
com a condição de jamais permitir que possamos descobrir seu paradeiro.

O que ninguém sabe e nunca saberá é que eu fui a responsável por nenhum segurança a impedir de conquistar sua liberdade.

Durante todos esses anos eu ouvia ela suplicar aos céus liberdade e hoje eu lhe dei a chance de ser livre.

A ESPERA DE UM MILAGRE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora