Capítulo 6

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Ouço a porta da frente sendo aberta e corro, sabendo que é a Alice.

"Aonde você tava? Você me preocupou!", digo a abraçando e ao mesmo tempo a empurrando.

"Calma, amiga, eu tava morrendo de  enjoo e meu celular tinha descarregado, mas eu estou bem!", ela se afasta de mim.

Enjoo?

"Mas você tinha dito que tava com dor de cabeça...", franzo o cenho esperando uma reação e ela simplesmente dá de ombros.

"Isso também", ela sobe com sua mala pro meu quarto.

Suspeito, mas não vou falar nada por agora.

"Então a gente vai ter que ficar o final de semana inteiro com seu irmão?", Alice pergunta.

"Infelizmente... Pelo menos vamos estar juntas, né? Meu pai sentiu sua falta no sábado passado", digo enquanto fecho minha mala.

Eu normalmente fico na casa do meu pai todo fim de semana, e na maioria das vezes a Alice vai comigo. Ela é quase uma filha pro meu pai também, e ele até brinca falando que sente mais saudade dela do que de mim.

Ele é todo serelepe, morro de rir. Haha.

"Dessa vez eu não esqueci e trouxe meu biquini", ela se joga na minha cama.

"Que bom, você ia pelada na sauna, só vou levar um biquini", digo me jogando ao seu lado na cama, encarando o teto.

Meu pai mora em um condomínio enorme, tem sauna, umas 3 quadras só de basquete, fora a normal, piscina aquecida, jacuzzi e parquinho. Ainda por cima, é de frente pra praia. Meu irmão é privilegiado pra porra.

Ela não responde nada e quando olho pra ela, percebo que está dormindo. Tadinha da minha bixinha, deve estar cansada. Me jogo em cima dela, fazendo montinho e amassando ela.

Ela resmunga alguma coisa, mas volta a dormir, COMIGO EM CIMA DELA. Essa menina dorme até em cima de uma pedra, não tem como.

•••

Sinto uma almofada sendo jogada em mim e desperto.

"Bom dia, flores do dia", diz desanimado.

"O que você tá fazendo aqui?", a Alice resmunga do meu lado, enfiando a cabeça de novo no travesseiro.

"Meu pai mandou eu buscar vocês, ele ficou preso no trabalho, mas provavelmente quando a gente chegar ele já vai estar lá", ele sai do quarto e depois grita, "Vou estar no carro, em 5 minutos eu saio, com ou sem vocês", eu gostaria de poder duvidar disso, mas do jeito que ele é, é possível deixar a gente em um deserto e ainda falar boa sorte.

"Bora", puxo Alice da cama.

"Não...", ela murmura se espreguiçando.

"Vamos, eu deixo você sentar no banco da frente se você levantar agora", deixo ela de lado e vou me arrumar.

"Pra sentar mais perto ainda do Samuel? Não, obrigada", ela fala, mas se levanta indo pro meu guarda roupa.

"Você trouxe uma mala, por que vai usar uma roupa minha?", pergunto colocando uma calça legging.

"Não tô afim de abrir minha mala, vai dar muito trabalho", ela tira sua blusa e coloca uma minha.

"Dê o cu mas não dê intimidade, viu", digo e ela levanta o dedo do meio.

"Pronta?", pergunto e ela assente.

•••

"Demoraram 4 minutos, quase morri de esperar vocês", Samuel fala quando destrava o carro para nós entrarmos.

"Que bom. Morra.", Alice fala e se encosta na janela, fechando os olhos. Tenho certeza que em 30 segundos ela já vai estar dormindo.

"Você não conseguiu achar nenhuma amiga mais simpática?", Samuel pergunta pra mim e acelera o carro.

Agora que estamos na luz do dia consigo ver seu rosto. Tem vários hematomas roxos, em seus olhos e sua bochecha.

"Levou uma bela surra, hein", encosto meu dedo na sua boca, que tem um rasgo, provocando ele.

"Cala a boca", ele dá um tapa na minha mão e segue o caminho olhando pra estrada.

Someone To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora