Capítulo 12

21.3K 2.5K 1K
                                    

"Tá, deixa eu ver se eu entendi...", Alice fala quando estamos sentadas na minha cama, "O Caio foi te defender e você gritou com ele sem razão?"

Fico em silêncio.

"Meu Deus Cat!", ela joga almofada que estava em suas mãos na minha cara.

"Ei! Não foi totalmente sem motivo! Ele se intrometeu em um assunto que não era da conta dele!", jogo a almofada de volta mas ela pega antes de atingir seu rosto e deixa em seu colo.

"Só que... Era no caso, né. Se a irmã dele tá no meio, ele também tá", ela argumenta.

Suspiro.

"Tanto faz", mudo de assunto, "Vamos dormir", eu digo e me deito na cama apagando o abajur.

"Ai, ai... Amanhã eu vou descobrir o que aconteceu entre eles", ela promete pra ela mesma e cai do meu lado também apagando o abajur do seu lado da cama.

Eu queria dormir, mas não conseguia.
Eu contei tudo pra Alice, menos o quase beijo, até por que ele não aconteceu de fato, então não tem o que contar.
Mas aqueles olhos dele me encarando estavam por toda parte.
Se eu fecho bem os olhos ainda consigo sentir o cabelo dele em minhas mãos.
E é assim que eu vou dormir. Pensando em um quase beijo cercado de feijões enlatados e cereais.

No meio da noite sinto algo se mexer, mas só viro para o outro lado e me obrigo a voltar a dormir.

•••

Acordo com o ronco da Alice e tenho vontade de jogar ela da janela.

"Aaaaaaaah", eu grito enquanto bato nela com meu travesseiro, "Para. De. Roncar!", falo pausadamente e ela acorda desesperada.

"Que foi? O que...?", ela diz confusa e sonolenta.

"Você me acordou!", eu a empurro.

"E você me acordou!", ela me empurra de volta, "Estamos quites, bora voltar a dormir", ela enfia sua cara no travesseiro de novo e volta a dormir imediatamente.

Alice consegue dormir em qualquer circunstância, mas se eu acordar, só consigo dormir de novo na noite seguinte.

Me levanto e vou procurar alguma coisa.
O que? Eu também não sei, mas tô no modo automático e quando vejo já estou no meio do corredor. Ninguém vai estar acordado a essa hora, nem meu pai.

Paro e penso. Tô com fome? Não. Tô com sono? Sim. Tô entendiada? Sim. Tô precisando de um banho? Desesperadamente.

Tá, pelo menos achei alguma coisa pra fazer. Eu tô com uma dor de cabeça do cão, sendo que eu só bebi uma dose. Minha tolerância pra bebida é igual a de um feto.

Vou pro banheiro e fico de baixo da água por pelo menos 20 minutos. Desculpa, tartarugas, mas eu precisava desse banho.

Coloco uma legging e um top qualquer. Esse nem é específico pra corrida por que eu não tava planejando acordar 6 horas da manhã de um domingo, mas acho que serve. Visto um moletom por cima.

Pego meu fone e começo a correr pelo condomínio. A música me envolve e começo a correr intensamente e quando me dou conta estou na praia. A vista é linda.

Meu pai mora aqui há pelo menos 3 anos e eu nunca vim pra essa praia. O sol ainda está nascendo e está a coisa mais linda que eu vejo há algum tempo. Eu acordo todos os dias 5 da manhã e estou tão focada em correr que acabo não apreciando o que está bem à minha frente.

Sento em um banquinho que tem de frente ao mar e fico ali por algum tempo. Só eu, a música, o sol, o mar e os meus pensamentos.

Quando decido voltar pra casa já são mais de 7:30. Corro até em casa e diminuo o ritmo quando vejo alguém na porta. Não alguém, Caio. Ele está olhando pela janela da sala que nem um stalker maníaco. Joe, é você?

"Oi...?", falo me aproximando e tirando o fone de ouvido.

"Ah, oi", ele coça seus cabelos.

Seus cabelos, tão macios e...

"Eu vim aqui por que queria conversar com você", ele fala.

Ele é realmente muito afrontoso pra vir aqui na minha casa, na mesma casa do Samuel. Olho em volta.

"Aqui não", digo e ele me acompanha.

"Que tal a praia? Tá sempre vazia essa hora", ele sugere.

É, meu amigo, acabei de vir de lá e não seria uma péssima ideia voltar pra ver aquela vista.

"Beleza", digo e em 15 minutos chegamos lá e sentamos no mesmo banco que eu estava há alguns instantes antes.

"Então... Eu queria me desculpar por ontem, minha intenção nunca foi fazer você parecer frágil, e...", ele começa.

"Não, eu que me desculpo! Você estava só sendo legal comigo e eu fui grossa sem motivo algum. Eu tive uma noite estressante e descontei em quem estava tentando me ajudar", eu o interrompo.

"De qualquer jeito, aquele não era meu lugar, você estava falando com seu irmão e eu não deveria ter me metido", ele fala.

"Você tá brincando? Ele tava tão puto que eu realmente achei que ele fosse me apagar e me levar pra casa nos ombros, você me salvou", digo sorrindo e dou um soquinho de brincadeira em seu ombro.

Ele ri de volta. Meu Deus, ele é lindo. Está usando a mesma roupa de ontem, mas a luz do sol batendo em seu rosto, faz seus olhos brilharem mais ainda.

"Enfim, desculpa por qualquer inconveniência", ele diz sorrindo.

"Você não vai mesmo me contar o que aconteceu entre você e meu irmão?", aproveito esse momento de vulnerabilidade dele.

"Olha, eu não conto por que eu realmente não acho que seja meu papel e se alguém for te contar, tem que ser alguém que você tenha intimidade o bastante pra não mentir e não escolher lados. É claro que eu vou defender meu lado, então não vou contar a verdade imparcialmente, mas só o meu lado", ele diz sincero.

Sensato.

"Faz sentido", eu admito.

"Nossa, deve ter sido difícil admitir que eu estou certo", ele me provoca e começamos a rir.

"Cala a boca", empurro seu ombro.

Olho em seus olhos e novamente estão lá. Me encarando e sendo angelicais. Como alguém consegue ser tão lindo?

Ó vida cruel, por que me castigastes com meu pior pesadelo: Eu caidinha por um garoto?

Coloco minha mão em seu pescoço e ele me puxa para um beijo.
Um beijo lento. Um beijo calmo. Um beijo à beira da praia com o sol nascendo. E não foi só "um" beijo. Foi "O" beijo.

Deixem a estrelinha de vocês
pq esse capítulo tá perfeito e eu
fiz com muito carinho pensando
em vocês sz

Someone To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora