Capítulo 5

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"Olha quem resolveu aparecer", ela diz e eu cruzo os braços com um sorriso cínico.

"Sempre estive aqui, e você, ocupada ficando em 2° lugar?", digo amarrando meus cabelos em um rabo de cavalo.

"Olha aqui, você pode ter ganhado a regional ano passado, mas esse ano ela é minha!", ela aponta o dedo na minha cara e eu dou um tapa nele, abaixando.

"Se você tá se sentindo ameaçada, deveria sair, por que eu não vou desistir até chegar em primeiro lugar", falo num tom tranquilo mas ameaçador, "E eu tô bem tranquila em relação a isso, pode se estressar a vontade, mas sai do meu caminho e me deixa treinar em paz!".

Passo por ela entrando na quadra, enquanto ela fica parada no mesmo lugar emburrada.

Ela me irrita, cara! Eu odeio rivalidade feminina, por mim as mulheres tinham que se juntar e ir para uma ilha bem afastada de todos os homens e virar verdadeiras amazonas! Já tentei ficar de boa mas ela insiste em arranjar briga e eu não vou simplesmente abaixar a cabeça.

Por isso queria ser lésbica. Mas orientação sexual não é escolha, né. Até por que quem em SÃ CONSCIÊNCIA escolheria gostar de homem? Ser hétero é a minha cruz.

•••

Termino o treino e vou para o vestiário.

Não estou a fim de tomar banho aqui com outros 15 garotos e garotas no mesmo banheiro, então acho que vou pra casa e tomo banho lá.

Não tenho ouvido muito da Alice hoje, o que é estranho já que a gente manda foto de literalmente cada detalhe do nosso dia pra outra. Mando uma mensagem pra ela perguntado onde ela tá, por que ela que me leva pra casa normalmente.

Procuro alguma camisa dentro do meu armário e não encontro nenhuma, não é possível que eu tenha esquecido de colocar roupa limpa de emergência no meu armário!

Bem, impossível não é, até por que não tenho tomado meu remédio pra déficit desde semana passada, quando ele acabou e esqueci de falar com minha mãe pra marcar com a psiquiatra pra pedir uma receita nova pra poder comprar.

Respirei fundo e encostei a testa no meu armário pensando no que fazer.

Alice não me responde, então vou ter que voltar a pé pra casa, não trouxe blusa então vou ter que ir de top de academia pra casa. Maravilha.

"Pensando na vida?", ouço uma voz atrás de mim e tomo um susto.

"CARALHO!", eu grito e coloco a mão no meu peito tentando normalizar minha respiração.

"Te assustei?", Caio pergunta tentando segurar o riso.

"Não, po, to tranquilassa aqui", eu sorrio.

"Mals, mas tá tudo bem contigo? Você parecia estar passando mal quando eu cheguei", ele pergunta e só agora me pergunto o que ele tá fazendo aqui.

Só agora percebi que ele está com uma bermuda de malha e uma regata.

"Eu to bem, tu joga basquete?", aponto com o queixo pra ele.

Ele é alto pra caralho, então não duvido.

"Sim, era o capitão na minha antiga escola, vou ver se consigo entrar nessa equipe", ele fala e vai até seu armário, que é praticamente na frente do meu.

"Legal, os garotos daqui são mesquinhos mas são até que bons, tu vai conseguir entrar facilmente, com certeza", sorrio de lado e ele sorri de volta.

Agora eu só fico mais curiosa sobre o passado dele. Ele era o fucking capitão e foi transferido de escola? Isso é muito estranho.

"Ouviu o que eu disse?", ele fala me tirando dos meus pensamentos.

"Ah, não, malz, tava voando aqui", rio e ele também.

"Perguntei se quer carona pra casa ou já vai com aquela sua amiga lá, Letícia"

"Acho que você quer dizer Alice", rio, "Na verdade ela sumiu, eu quero", solto o meu cabelo do rabo de cavalo e ele ficou observando cada movimento meu.

Parece cena mexicana, ave. Viro de costas rapidamente e fecho o armário.

"Tá, espera um pouco", ele fala e tira sua camisa, expondo seu belo físico.

C A R A L H O

Ele tem entradinha cara, eu sou apaixonada em entradinhas, fora que o abdômen dele é bem marcado.

Percebo que estou encarando a barriga dele quando ele coloca uma camisa e me chama.

•••

Ele me deixou em casa e não falamos muito no caminho, tô começando a me preocupar real com a Alice.

Someone To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora