O sábado chega e as buzinas impacientes do Samuel me irritam.
"Eu já disse que tô indo, caralho", grito da janela do meu quarto e mesmo daqui consigo ver o sorriso zombeteiro dele dentro do carro.
Eu disse que ele fica ainda mais chato sem a Alice por perto.
Quando pego na maçaneta do carro ele buzina de novo, me fazendo dar um pulo de susto e ele cai na risada.
"Você é hilário", digo sem emoção entrando no carro.
"Obrigado", ele faz uma reverência.
"Só anda com o carro, por favor", bufo e ele dá partida, ainda rindo de mim.
"Alice desistiu de você?", ele pergunta no meio do caminho.
"Deve ter desistido de você. Foi só eu mencionar seu nome que ela cancelou comigo", digo e consigo ver ele franzer sua testa pelo retrovisor.
Ele parece estar pensando. Samuel pensando? Não sabia que isso era possível.
"Samuel?", começo e ele murmura um 'O que?', "Quando você vai me contar o que aconteceu entre você e o Caio?", pergunto e consigo ver ele acertar sua postura e apertar o volante com mais força.
"Quando você vai parar de encher meu saco com isso?"
"É sério, eu preciso saber", insisto.
"Precisa? Como assim precisa?"
Respiro fundo. Contar pra ele é a minha única opção.
"Minha mãe descobriu que eu e ele estamos namorando", digo e espero a bomba explodir, o que não demora mais que meio segundo.
"O que?", ele grita e o carro perde um pouco do controle.
"Samuel!", grito desesperada.
Não achei que ia morrer assim.
"Você tá namorando com ele?", ele grita.
"Aham"
"Porra, Catarina! Você não pode fazer a única coisa que eu te peço? Eu já tinha dito pra você nem falar com ele e você NAMORA ele?", grita novamente.
"Quando você vai entender que eu não sou seu cachorrinho que você pode mandar e desmandar?", grito de volta.
"A questão não é você ser meu cachorrinho! A questão é a sua própria segurança!", ele grita e parece se arrepender no mesmo segundo que as palavras saem de sua boca.
"Minha segurança? O que você quer dizer com a 'Minha segurança'?"
Ele respira fundo e fica olhando para os lados como se estivesse procurando uma saída de emergência do carro que ele mesmo está dirigindo.
"Catarina, por favor, me ouve, ele não é boa pessoa", ele fala num tom de aviso.
"Samuel, me explica o que está acontecendo agora!", grito.
"Eu não posso, porra!", grita.
"Você é um escroto", fecho a cara e fico em silêncio o resto do caminho.
Não estou a fim de falar com ninguém quando chego mas assim que avisto Olga meu coração dispara e eu corro para o seu abraço.
"Oi pequena!", ela passa a mão por minhas costas.
"Eu já estou mais alta que você, está na hora de mudar esse apelido", digo ainda abraçando ela e Olga ri.
"E a Alice? Não quis vir hoje?", ela pergunta.
"Não. Suspeito que seja pela chatice do Samuel", digo brincando e me sento no balcão vendo ela preparar o almoço.
"Se a razão fosse a chatice do Samuel ela não teria vindo aqui semana passada só pra falar com ele", ela começa a picar um pimentão.
"O que?", pergunto.
"A Alice. Ela veio aqui no domingo. Você não sabia?", ela me olha confusa.
Suspiro e fico parada pensando por um instante. Ela sumiu no dia seguinte da festa(no domingo) e a moça que ela contratou pra arrumar a bagunça disse que ela tinha sumido por mais de duas horas...
"Não deve ter sido nada demais, pequena, relaxa", ela tenta me tranquilizar.
"Certo... Vou falar com meu pai", saio da cozinha e entro no escritório do meu pai.
"Precisamos conversar, Cat", ele diz.
"É, precisamos mesmo", me sento na cadeira à sua frente.
"Então... Sua mãe me contou que você está... namorando"
"Isso mesmo", dou um sorrisinho cínico.
"Filha, eu não veria o menor problema, mas depois do que o seu irmão me contou sobre ele e toda a história que eles já tem, eu acho melhor vocês terminarem"
Até o meu pai sabe a razão da briga deles? E o que o Samuel falou dele?
"Pois é, toda a briga deles, né... Um absurdo...", tento fazer ele falar da briga.
"Eu sei que você não sabe e não cabe a mim contar. Seu irmão me pediu especificamente pra não te falar nada sobre", ele diz.
Que droga. Bufo e me levanto.
"De qualquer jeito, eu não vou terminar com o Caio", saio da sala mesmo depois do meu pai ter chamado meu nome.
Me aproximo da porta do quarto do Samuel na intenção de esmurra-la mas ouço meu nome sendo mencionado.
"Não, a Cat não sabe", Samuel diz do outro lado da porta, "Eu sei que ela não sabe porque eu disse pra ninguém contar"
Ele provavelmente está no telefone. O que eu não sei?
"Aham... Aham... Tá..."
Não aguento mais e abro a porta.
Ele olha pra mim e se apressa em desligar o telefone, "Tenho que ir", se vira pra mim, "Quem deixou você sair entrando no meu quarto assim?", ele pergunta.
"O que caralhos você falou do Caio pro papai?", pergunto.
"A verdade", ele diz abrindo uma gaveta e pegando uma camisa e a veste.
"Que é...?"
"Ele não é bom pra você", se deita na sua cama e liga a TV.
"Isso cabe a mim decidir se ele é bom ou não", sento do seu lado.
"Tá, a gente pode brigar outra hora? Vai passar malhação agora", ele diz e eu me interesso na hora.
"Acordo de paz momentâneo?", estendo o mão e ele a aperta.
"Sim", ele chega para o lado, dando espaço para eu me deitar do seu lado.
A gente sempre assistiu malhação juntos e esse é literalmente o único momento em que temos uma trégua.
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vocês acham que sabem
mas não sabem de nada
e eu amo ver as teorias
de vocês pq elas sempre
estão erradas✌🏻🤠votemmmm
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Someone To You
Novela JuvenilCatarina é uma adolescente de 17 anos que odeia adolescentes de 17 anos, e no 2° ano do ensino médio a única coisa que ela realmente quer é se formar e acabar com esse inferno. 01 de maio de 2020 - 16 de novembro de 2020. Revisada em 15 de maio de 2...