"Eu preciso ir, Caio", digo tentando levantar do sofá mas ele colocou suas pernas em cima do meu colo.
"Você pode dormir aqui", ele sugere se aproximando pra me abraçar
"Você sabe que eu não posso...", respondo ainda tentando livrar suas pernas de mim.
"Por favor, fica...", ele fala com uma voz manhosa.
"Você tá fazendo voz de bebê pra mim ou é impressão minha?", o provoco.
"Eu não, deve ser ilusão da sua cabeça", ele diz só que agora fazendo uma voz extremamente grossa.
Eu estreito os olhos e balanço a cabeça.
"Aham..."
"Por favor, namorada, fica", ele pede dando ênfase no 'namorada'.
Fico arrepiada de ouvir ele falando isso.
"Então, namorado, você sabe que minha mãe já não gosta de você e ela vai gostar ainda menos se eu dormir na sua casa no mesmo dia que você brigou com meu irmão"
"Sua mãe não gosta de mim? Que nada! Ela me acha o melhor genro que ela já teve!", ele brinca.
"Até porque é o único que ela já teve e mesmo assim é o pior"
Ele finge estar ofendido, "O pior? Que absurdo!", começamos a rir.
"Agora é sério, eu realmente preciso ir!"
Ele bufa cruzando os braços e fazendo biquinho.
"Ô meu Deus, amanhã eu volto, tá?", forço pra ele olhar pra mim e roubo um selinho dele.
Ele tenta fingir ainda estar bravo mas consigo ver a sombra de um sorriso ali.
"Promete?"
"Prometo, criança", digo e ele se levanta me acompanhando até a porta.
Ele olha no relógio, "Olha, meia-noite. Feliz primeiro dia de namoro", ele me beija colocando a mão na minha cintura.
"Te amo", sussurro ainda com nossas bocas coladas.
•••
Fui chegar em casa umas 00:40 por que o Caio ficou fazendo graça de novo quando fui entrar no carro.
Ele tava todo grudento hoje, foi estranho mas eu até gostei.
"Seu irmão está no seu quarto", minha mãe diz assim que cruzo a cozinha.
"O que? Por que?", pergunto.
"Já está muito tarde pra levar ele pra casa do seu pai. Sem contar que ele é seu irmão, Catarina, ele pode dormir aqui quando bem entender"
"Mas ele tem que dormir no meu quarto?", pergunto com raiva e ela dá de ombros.
Subo as escadas com rapidez e abro a porta com um empurrão.
"Sai!", grito.
Ele estava desamarrando o tênis então eles provavelmente não chegaram há muito tempo.
"O que foi agora, Catarina?", ele pergunta com um tom de voz cansado.
"Não me venha com essa de ficar sem paciência comigo por quê eu sei o que você fez com a Laura", no momento que digo isso seu rosto fica pálido.
"O que você disse?"
"A Laura. Eu sei de tudo"
"Aquele desgraçado que te contou, né?", ele se levanta com raiva e eu o empurro de volta na cama.
"Você não tem o direito de ficar bravinho!", grito, "Como você pode fazer isso com alguém? Com uma mulher? Sempre falam que tem que tratar as mulheres da maneira que queriam que tratassem sua mãe ou irmã e você nunca pensou nisso? Primeiramente que você tinha que tratar ela como um ser humano a cima de tudo...", minha voz já não está tão alta mas a decepção está clara nela.
Ele olha pra baixo e... Chora?
A última vez que vi Samuel foi quando ele tinha 10 anos e eu dei um chute em sua canela depois de ele rasgar um dos meus desenhos."Você tá... Chorando?", pergunto confusa.
"Eu amava ela, Catarina. Eu amava ela", ele murmura com o rosto entre suas mãos.
"Ha", rio sarcástica, "Por que caralhos você ia fazer o que fez se amava ela? Tudo por que ela não quis transar com você!"
"Você não entende!", ele grita.
"Então me explica!", grito de volta.
Ele suspira.
"Eu não ligava se ela era virgem ou não por que eu amava ela e nunca forçaria ela a fazer nada que não quisesse... Mas quando eu contei pro Pedro", ele diz e provavelmente prevê que eu não sei de quem ele está falando, "Aquele garoto que apareceu com olho roxo na casa do pai no dia da festa", ele explica, "Quando eu contei pra ele que eu e a Laura brigamos ele veio com uma ideia louca de criar boatos sem sentido sobre ela. Eu desaprovei na hora, óbvio, não deixaria ele falar assim dela"
"Então como eles se espalharam?"
"Porque ele não me ouviu e espalhou do mesmo jeito"
"E você não fez nada?", pergunto indignada.
"Claro, Catarina! Quem você acha que fez um dos olhos roxos dele naquele dia? Eu tentei acabar com os rumores há tempo mas já tinha se espalhado pra toda escola e... Quando fui tentar conversar com a Laura, esclarecer as coisas, ela não acreditou em mim", outra lágrima escorre e ele a limpa com força.
"E por que eu deveria acreditar em você?", pergunto.
"Eu sou seu irmão, Cat... Você me conhece", ele fala quase... ofendido com a minha pergunta.
"Eu não te conheço. Eu nunca achei que você brigaria com uma garota simplesmente por ela não estar preparada pra fazer sexo com você e depois deixar rumores horríveis serem espalhados...", falo com todo o nojo explícito em minha voz.
"Cat, você tem que acreditar em mim! Eu juro, eu não faria nada pra machucar a Laura!"
Eu passo as mãos pela minhas têmporas e respiro fundo.
"Tá, Samuel, agora deixa eu dormir", falo tirando meu tênis.
"Eu não posso dormir com você?", ele pergunta com o olhar do Gato de Botas.
"Tem um sofá grande o suficiente pra você lá embaixo"
"Por favor...", ele pega no meu ombro.
A ideia de dar um tapa na cara dele por ele ter coragem de tocar em mim passa pela minha cabeça mas eu decido a ignorar.
"Você pode dormir no chão, se quiser tanto assim", digo sem olhar pra ele.
Ele parece ficar feliz com a resposta por que vai todo contente pegar um colchão para posicionar do lado da minha cama.
•••
"Cat?", ele pergunta no meio da noite.
Pelo visto não sou a única que não está conseguindo dormir depois de tantas informações.
"Oi", murmuro.
"Eu não acho que o Caio tenha te contado tudo", ele diz e eu me sento na cama.
"Como assim?"
"O Caio...", ele começa mas é interrompido por minha mãe abrindo a porta.
"O que vocês dois ainda estão fazendo acordados? Os dois, dormir agora!", ela anuncia e eu me sinto como se tivesse 8 anos e eu e Samuel estivéssemos montando uma cabaninha no meio da noite.
"Tá...", Samuel diz rapidamente e se deita de novo olhando para a parede.
Aí tem coisa, penso comigo mesma e tento dormir novamente.
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sei de nada...
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Someone To You
Roman pour AdolescentsCatarina é uma adolescente de 17 anos que odeia adolescentes de 17 anos, e no 2° ano do ensino médio a única coisa que ela realmente quer é se formar e acabar com esse inferno. 01 de maio de 2020 - 16 de novembro de 2020. Revisada em 15 de maio de 2...