Capítulo 57

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São 6:30 da manhã de um sábado e estou terminando de fechar minha mala. Meu coração está batendo forte mas ao mesmo tempo mais devagar do que o normal. Eu tô realmente indo para as estaduais!

Vamos chegar no hotel hoje e a corrida, de verdade, é só amanhã.

"Catarina?", minha mãe grita do andar debaixo, "O ônibus vai sair da escola às 7 horas, em ponto!".

Sim, infelizmente o efeito 'Mãe Dopada Compreensiva' já passou. Puxo minha mala até a cozinha.

Mas confesso que ela está bem mas tranquila do que antes do acidente. Acho que ele abriu os olhos dela, ou sei lá.

"Aqui", minha mãe desliza uma tigela de cereal pelo balcão, "Você tem que comer bem".

Sinceramente, eu nem estou com apetite pra comer agora mas também não estou afim de estragar o começo do meu dia com uma briga com a minha mãe.

"Bom dia pra senhora, também", coloco uma colher de cereal na boca.

"Então", ela começa a falar ignorando meu sarcasmo, "Como eu não estou podendo dirigir por causa da cirurgia, a Karen vem buscar a gente pra te deixar na sua escola".

"O que a Karen tá fazendo acordada às 6 da manhã de um sábado?", ironizo dando outra colherada.

A Karen e minha mãe são melhores amigas desde que me entendo por gente. Espero que seja assim comigo e com a Alice, só que sem sermos chatas.

Minha mãe ignora meu comentário, como de costume.

"Como é proibida a entrada dos pais no dia anterior, amanhã eu vou até lá com seu pai pra te ver", ela dá um gole em seu café.

"Certo", suspiro.

"Nervosa?"

"Um pouco. Ano passado eu fui boa mas não o suficiente para ir pras nacionais. Tenho medo de não ter me esforçado o suficiente, ou de ficar nervosa na hora e acabar tropeçando, sei lá", mexo nas minhas mãos.

"Olha, você treinou, se esforçou e fez o seu máximo. Se você não conseguir, ano que vem você tenta de novo", ela diz com um tom firme apesar das palavras gentis.

Dou um sorriso sem mostrar os dentes e ouvimos duas buzinas. Karen.

O caminho todo até a escola foi ao som das duas falando mal da tal Alessandra do trabalho, quando o carro estaciona em frente a escola quase pulo do carro.

Já tem um ônibus parado no estacionamento à espera dos competidores.

Minha mãe desce do carro e me dá um beijo na bochecha.

"Não vá fazer nenhuma loucura, viu?"

"Não sou desse tipo de adolescente, mãe", digo.

"Eu sei", ela dá um sorrisinho e volta até o carro.

"Oi", ouço a voz rouca de Caio atrás de mim.

"Oi", digo com um sorriso e dou um selinho demorado.

Ele está de moletom e bermudas esportivas com uma mochila nas costas. Ele é tão perfeito...

"Não tá mais preocupada com a sua mãe?", dou de ombros, "A Alice vai estar lá quando chegarmos?".

"Não sei, ela disse que ia tentar entrar no hotel pra dormir comigo mas acho difícil ela acordar antes das 8 da manhã".

Ele fica parado me olhando com um sorrisinho.

"Que foi?", pergunto estreitando os olhos.

"Você é muito linda", ele diz ainda olhando pra mim. Reviro os olhos, "É sério!".

"Aham, tá bom", falo não convencida sentindo meu rosto esquentar.

"Fica aí", ele diz se afastando e pegando seu celular.

Bufo, "É sério, Caio? Vai tirar uma foto do nada?"

"Sim, cala a boca e seja bonita", ele diz.

Finjo que nem tô vendo a câmera e espero até ele voltar ao meu encontro.

"Você é bem chatinho, hein?", o provoco.

"Você é bem mais!", ele infatiza.

"É?", aproximo do seu rosto o enfrentando.

"Com certeza", ele também se aproxima até nossas bocas se encostarem.

Começamos a nos beijar, não um beijo quente, um beijo normal. Mas até o normal com o Caio é perfeito.

"Pombinhos, vamos entrar?", a treinadora grita pra gente, interrompendo.

Caio pega minha mão e vamos até uma mesinha onde uma moça confere os nomes e esportes - graças as intrusões da Alice nos ônibus dos anos anteriores - .

"Caio Alves, basquete", ele diz. A moça confirma com a cabeça para ele entrar e Caio fica parado ao lado da porta do ônibus me esperando.

"Catarina Martins, atletismo", digo e ela confirma também.

Entramos no ônibus e nos sentamos no último assento do fundão. Já tem bastante gente, até porquê já está no horário de saída mas sempre tem gente que chega no último minuto. Tem vários alunos, líderes de torcidas, jogadores de futebol americano, jogadores de basquete e alguns da minha turma de atletismo. Vejo Débora subir no ônibus e desvio o olhar imediatamente para Caio.

"Hm, adivinha?", ele diz.

"O que?", pergunto esfregando meus braços de frio.

"Eu baixei alguns episódios de Brooklyn 99 pra gente assistir no caminho", ele confessa.

"Mentira!", exclamo, "Meu Deus, eu te amo!".

Ele me ignora mas ainda consigo ver a sombra de um sorriso em seus lábios.

"Tá com frio?", ele pergunta.

"Um pouco mas tô com preguiça de pegar meu casaco na mala", ele começa a tirar o moletom e eu o interrompo, "Não precisa".

"Deixa, eu já ia tirar mesmo", ele tira e me entrega.

Quando o ônibus finalmente começa a andar, assistimos uns 3 episódios até eu cair no sono e acabar dormindo em seu ombro.

as estaduais
chegaram carai🤠

p.s. já postei o prólogo
da outra história, é só
entrar no meu perfil e ver
a outra história postada sz

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