maratona #3/1
●"O que aconteceu?", Alice pergunta assim que me vê, meu rosto encharcado provavelmente me denunciou. Ela se afasta da menina com quem estava conversando.
"Eu só... Eu não consigo, isso tudo foi uma péssima ideia", digo sentindo mais lágrimas escorrendo.
"Tá bom, vamos por aqui", me puxa para a saída do local, "Eu vou chamar um Uber e você me conta o que aconteceu", ela diz mexendo no celular com uma expressão de preocupação.
Me sento na calçada.
"Tá tudo errado, tudo", continuo dizendo baixinho para mim mesma.
Alice se senta do meu lado e puxa minha cabeça para seu ombro e não consigo me segurar. Caio no choro e só consigo me recuperar quando o carro chega para nos buscar.
•••
Estamos na minha cama, não tiramos a maquiagem, não tiramos o salto, não tiramos os vestidos. Alice me abraça pelas costas, me fazendo me sentir a conchinha menor, protegida.
"Shhh... Tá tudo bem", ela passa a mão pelos meus cabelos.
Finalmente me acalmo e me viro de frente para ela.
"Eu achei que fosse conseguir... conhecer pessoas novas, mas tudo... tudo me lembra ele. Cada menor coisa como o meu banheiro, ou água com gás", digo rindo enquanto as lágrimas insistem em cair, "Ou aquela vez que a gente foi tentar fazer pizza e acabou queimando porque nenhum de nós dois estava prestando atenção", falo com um sorriso bobo.
Alice respira fundo.
"Eu sou muito otária, né?", pergunto.
"Não, de jeito nenhum", Alice diz limpando meu rosto, "Você ama ele e ainda sente saudade dele.", ela diz balançando a cabeça.
"Eu sinto tanta falta dele", admito.
"É normal. Tudo tem seu tempo, desculpa se eu forcei a barra achando que seu tempo já tinha chegado. Não é algo que se possa controlar"
"Você não fez por mal. Eu também achei que já estava pronta, mas pelo visto não estava. Foi a coisa mais humilhante do mundo"
"O que aconteceu?", Alice pergunta e conto tudo nos menores detalhes.
"[...] E então eu saí correndo dele. Ele não deve ter entendido nada, tadinho. E ele é tão bonzinho, não merecia isso."
"Você deixou ele duro e sozinho", Alice enfia outra colherada de brigadeiro na boca.
"Alice!", rio e dou um tapinha a repreendendo.
"Vocês...", minha mãe abre a porta do quarto e então se interrompe, deve ter se assustado com a cena porque fecha a porta lentamente. Nós nos olhamos e rimos.
A cena: eu com o rosto inchado, com o vestido ainda no corpo amassado e sujo de maquiagem, Alice de roupão e nós duas comendo brigadeiro e rindo que nem duas hienas.
O sono bate e enfim fomos dormir.
•••
Estou andando pelos corredores em direção ao meu armário quando vejo ele. Por que o armário dele tinha que ser justamente embaixo do meu.
Eu paro assim que o vejo e quando Caio finalmente levanta a cabeça, também paralisa.
"É, oi...", ele diz baixinho.
Respiro fundo.
"Oi", abro meu armário com descaso, como se não tivesse passado a noite anterior chorando por sentir saudade dele.
Guardo alguns livro e pego outros enquanto ele observa cada movimento meu. Quando vou fechar o armário meu celular cai de minha mão com a tela no chão.
"Merda", fico olhando sem fazer nenhum esforço pra pegar.
"Não vai pegar?", ele pergunta.
"Tô sem coragem... Você pode...?", digo com um riso nervoso.
É a terceira película que eu vou ter que trocar só esse mês.
"Eu pego, como sempre", ele diz rindo se abaixando e pega pra mim.
"Rachou?", pergunto antes de ele devolver pra mim.
Ele me dá um sorriso bobo e olha pra tela e então seu sorriso se fecha, "Não", responde seco e me entrega, "Eu preciso ir", diz rápido e some da minha vista.
Quando olho pra tela entendo sua pressa. Tem uma mensagem de Marcos - que Alice colocou um monte de corações coloridos no contato - que diz 'Eu me diverti ontem à noite', mas quando aperta na mensagem tem uma continuação.
'... não entendi o que aconteceu depois, eu fiz alguma coisa?'
Sinto vontade de correr atrás de Caio para explicá-lo o que realmente aconteceu, mas sinto que falar 'Quase bati uma punheta pra ele mas lembrei de você e saí correndo' não vá ajudar muita coisa.
'Além do mais, você não deve nenhuma explicação pra ele', meu subconsciente acrescenta.
Respiro fundo e tento me controlar, pelo menos o meu celular está intacto.
•••
Eu deveria estar praticando para as Estaduais mas aqui estou eu, comendo chocolate enquanto assisto um filme da Sessão da Tarde. Graças a Deus minha mãe nem a treinadora estão vendo essa cena, tenho certeza que elas não estariam muito orgulhosas.
De repente me lembro de Marcos e que ainda não o respondi.
'Oi, desculpa a demora. Você não fez nada demais, acha q a gnt pd se encontrar?", pergunto.
Ele merece pelo menos uma explicação.
Alguns minutos depois ele concorda, dizendo para nos encontrarmos amanhã.
●
tadinha da pitica
dança gatilho, dança💃#paremdeodiarocaio
🖐🏻😔apertem a estrelinhaa
ihrrissnsbdns
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Someone To You
Novela JuvenilCatarina é uma adolescente de 17 anos que odeia adolescentes de 17 anos, e no 2° ano do ensino médio a única coisa que ela realmente quer é se formar e acabar com esse inferno. 01 de maio de 2020 - 16 de novembro de 2020. Revisada em 15 de maio de 2...