Catarina é uma adolescente de 17 anos que odeia adolescentes de 17 anos, e no 2° ano do ensino médio a única coisa que ela realmente quer é se formar e acabar com esse inferno.
01 de maio de 2020 - 16 de novembro de 2020.
Revisada em 15 de maio de 2...
"Tá melhor?", Samuel pergunta quando termino de virar a garrafinha de água.
"Tô, só... Vamos logo", peço com a voz fraca e ele dá partida no carro, a caminho do mercado.
Ainda estou tonta, mas colocar tudo pra fora ajudou um pouco a extravasar.
"Sabe o que eu não entendo?", pergunto, "Uma hora você odeia o Caio com todas forças, disposto a passar a noite na delegacia só pra bater nele e na outra você sugere eu conversar com ele"
"Achei que você não quisesse conversar sobre ele"
"Não quero, só tô curiosa"
"Acho melhor a gente não mencionar ele agora. Tipo, você vomitou só de ouvir o nome dele"
"Eu não vomitei só porque ouvi o nome dele...", tento mais convencer a mim mesma do que a Samuel.
"Jura?", ele pergunta com sarcasmo, "Só pode estar grávida, então", ele ri e depois vira para mim espantado, "Meu Deus, você tá grávida?", quase grita em desespero.
"NÃO! Pelo amor de Deus, Samuel!", grito, igualmente desesperada.
Não posso mentir dizendo que pensamento de estar grávida não passou pela minha cabeça, mas só se eu for a Ave Maria da próxima geração.
Parece que 3 toneladas são retirados do ombro de Samuel.
"Relaxa", coloco uma mão em seu ombro, "Não é agora que você vai ser titio", provoco.
"Nem brinca, Catarina", ele fala suspirando.
Ficamos em silêncio o resto do caminho e eu prefiro assim.
"O que acha dessa aqui?", Samuel levanta uma casinha rosa.
"Isso é uma casa para gatos, Samuel", digo sem paciência.
"Ela é mau humorada, Peralta, boa sorte", Samuel fala com voz de bebê para o filhote que está em seu colo.
"E você é chato, 0 novidades", digo tentando pegar o MEU cachorrinho de seu colo mas ele nega, "Samuel, ele é meu!"
"Você não tem responsabilidade pra cuidar dele, eu estou oficialmente sequestrando o Peralta de você", ele diz abraçando o cachorrinho.
"Ei! Eu tenho responsabilidade sim!", falo franzindo o cenho.
"Você deixa seu celular cair de 5 em 5 minutos, imagina o que vai fazer com um cachorrinho!", ele exagera.
Reviro os olhos.
"Você é muito dramático, sabia?"
"Eu só prezo pela vida do Peralta", ele dá de ombros.
Praticamente arranco o filhote de sua mão e faço carinho, "A mamãe é boazinha, não é?".
Samuel, do nada, começa a fazer cócegas em minha barriga.
"Para!", dou um tapa em sua mão ainda rindo.
"Viu? Quase derrubou o Peralta no chão, você é uma péssima mãe!", ele diz rindo.
Dou língua pra ele, e ele também, que nem duas crianças de 7 anos.
Essa é a primeira vez na semana toda que eu estou genuinamente feliz.
"Aqui", Samuel levanta seu celular e tira uma foto minha com o Peralta, "Pro povo do seu Instagram não pensar que você morreu"
'Eu meio que já morri por dentro', tenho vontade de dizer.
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curtido por samuel_martins e outras pessoas ●catarina.martinss o peralta não me acha irritante! Ver todos os 26 comentários samuel_martins eu sou um fotógrafo profissional, pode falar
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"Cat?", Samuel me chama quando enfio um punhado de pipoca na minha boca, "Alice terminou comigo"
"O que?", quase engasgo com a pipoca.
"Eu não quero ficar no meio da amizade de vocês duas e eu sei que vocês brigaram, mas eu achei que tinha que te contar", ele acrescenta baixinho. Parece abatido.
Respiro fundo, "Fica tranquilo, não foi você que ficou no meio da nossa amizade, foi ela mesma", falo olhando para baixo.
"Ela ficou se sentindo culpada, não falou comigo a semana inteira, Cat"
"Isso é estranho", ajeito minha postura, "Se ela não estava comigo nem com você, com quem mais ela poderia estar?"
"Com a família?", ele sugere.
"Acredite, a casa dela é o último lugar que ela gostaria de pisar", digo pensativa. Isso definitivamente é estranho.
"De qualquer jeito, hoje é o seu aniversário, a gente podia sair pra algum lugar. Não se faz 18 anos todo dia", ele muda de assunto.
"Sair pra uma balada com meu irmão mais velho? Não, obrigada", ironizo.
Ele se levanta, "Eu tive uma ideia", ele diz saindo de casa.
"Ele é louco", sussurro para Peralta que fica em sua cama observando a gente, entediado.
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Depois disso, Samuel só disse para eu trocar de roupa e esperar ele do lado de fora de casa. O carro para e eu entro no banco de trás para me livrar do frio.
"Você deve estar de brincadeira", digo indignada assim que vejo Alice também no banco de trás, "Boa noite", coloco a mão na maçaneta, mas Samuel tranca as portas, "Jura?".
"Vocês vão se resolver por bem ou por mal, a gente vai viajar para outra cidade então vocês tem muito tempo para se resolver"
"Eu não tenho nada para falar", cruzo meus braços e mantenho meu olhar na janela.
"Uau, muito adulta", Alice sussurra.
"Licença?", falo com raiva, "Não é porque você transa que é mais ou menos adulta que eu"
"Pra quem não tinha pra falar, você fala muito bosta, hein?", me seguro para não dar um tapa em sua cara.
