Capítulo 7

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Depois de 3 horas de estrada, finalmente chegamos.


"Acorda", balanço a perna da Alice, que não responde.

"Eu já tenho experiência, olhe e aprenda.", Samuel fala e eu reviro os olhos, mas ainda asdim empolgada para ver como ele acordar o urso que está em hibernação.

Ele coloca suas mãos no ombro da Alice e começa a sacudir ela desesperadamente.

"Você é chato, hein cara?", ela fala puta e empurra ele.

Samuel pisca pra mim sorrindo convencido e sai.

"Ei! Não vai ajudar com as malas?", grito.

"Não!", ele grita de volta, andando para a entrada da nossa casa.

"Inacreditável", sussurro e pego minha mala e a de Alice, que ainda está dormindo em pé e vai demorar pelo menos 10 minutos para deixar de ser um zumbi.

Com dificuldade, levo as malas para dentro de casa e vou para cozinha, sentindo o cheiro da comida.

"Pai!", grito e envolvo seu pescoço com meus braços.

"Oi, linda", ele larga a comida e me abraça de volta.

"Cadê a Olga?", pergunto. Olga é nossa cozinheira, mas ela é como uma amiga pra mim, conheço ela desde os 10 anos, quando meus pais se divorciaram.

"Nem um 'Tudo bem, pai?', 'Como que tá o senhor?'", rio, "Dei férias pra Olga, já fazia 2 anos que ela não saía"

"Hum, que cheiro de queimado é esse?", pergunto e ele se vira pro fogão.

"Merda", ele mexe no macarrão, que agora é uma massa preta.

"Pede uma pizza", dou um beijo em seu nariz e saio.

Da cozinha já consigo ouvir os dois cão e gato se atacando.

"Você é muito chata!", Samuel empurra Alice que está tentando tirar o controle de sua mão.

"Então deixa eu escolher o canal!", ela grita voando em cima dele e Samuel levanta o controle pra cima.

"Vocês parecem duas crianças", sento no chão na frente do sofá que eles estão fazendo de ringue de luta e mudo manualmente para o canal de esportes e nenhum dos dois percebe.

Depois de uns 10 minutos assistindo TV, e os dois brigando sobre outra coisa que não me importo nenhum pouco, a campainha toca.

Por isso que eu gosto quando a Alice vem, o Samuel se distrai em irritar ela e esquece que eu existo.

Levanto para atender a porta, já que a campainha não para de tocar. Tô morrendo de fome e essa pizza já demorou muito. Pego um dinheiro que está em cima da mesa e abro a porta.

"Boa tarde", digo e olho pras mãos do garoto na minha frente que estão sem as pizzas, "Cadê minha pizza?", pergunto já indignada.

Ele parece bem novo, e é bem bonito, apesar do olho roxo. Mas é típico garoto playboy de condomínio. Camisa de marca, bermudas e tênis.

"Não... sei?", ele olha pra mim confuso, "Tô procurando o Samuel"

Meu Deus, eu confundi ele com o entregador de pizza.

"Ah, pode entrar", viro de costas e deixo a porta aberta atrás de mim.

"Quem era?", Alice pergunta.

"Infelizmente, não a pizza, mas tinha esse garoto querendo te ver, Samuel", me sento no meio dele e da Alice e o garoto fica em pé na nossa frente.

"Posso falar contigo?", ele pergunta e os dois vão para o quintal, mas consigo ver eles cochichando alguma coisa e Samuel ficando bravo.

"Samuel tá putinho", falo deitando com minha cabeça no colo da Alice.

"O que será?", ela cerra os olhos.

"O bordel deles deve estar no prejuízo.", jogo minhas pernas para cima do sofá.

Os dois entram e param na frente da TV olhando pra gente.

"Vão ficar parados, aí?", pergunto.

"Você conhece 'Caio Alves'?", ele fala com raiva e cruza seus braços.

Someone To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora