Capítulo 17

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Depois de um longo treino, a treinadora pede para nos reunirmos na arquibancada.

"Então, como vocês sabem, as estaduais estão chegando e apenas 3 de vocês irão nos representar, por isso, todas vocês estarão sendo avaliadas nos próximos treinos, então se esforcem!", ela diz.

"Você já era", a Débora sussurra para mim.

"Sabe Débora, se você passasse o tempo treinando em vez de me ameaçando, você talvez conseguiria chegar aos meus pés", digo me levantando e indo em direção ao vestiário quando sinto alguém segurar no meu braço.

"Porra, Débora!", me viro e dou de cara com Caio, "Ah, desculpa, achei que era outra pessoa", digo sem graça.

"Calma fia, tá bem?", ele pergunta.

"É essa Débora, ela me tira do sério, sabe? Fica enchendo meu saco toda hora e a falsidade dela? Ah! A falsidade dela é impressionante", eu continuo andando e ele vem atrás.

Abro meu armário e Caio para ao meu lado.

"Essa garota deveria ir pra Globo! É sério! Por que a atuação dela é im-pe-cá-vel! Mas não o suficiente pra me enganar! Ah, isso não! Já fui enganada demais por ela para simplesmente cair em uma dessas e um dia, me escuta, um dia eu ainda vou dar uma lição nela, e vai ser na pista de corrida", reviro meu armário procurando meu celular, "Inacreditável, i-na-cre-di-tá-vel!".

Olho para o lado e lá está ele, ainda me ouvindo.

"Você ainda está aqui?", pergunto.

"Você parecia nervosa e não parava de falar, então continuei aqui"

"Ah, é por que, normalmente, quando eu estou reclamando para Alice, ela simplesmente sai no meio da conversa ou dorme no meio dela", explico, "Enfim, queria falar comigo?".

"Não, eu só te vi quando estava saindo da quadra de basquete e pensei em te dar um 'Oi'"

"Oi", falo com um sorriso.

"Oi", ele bota as mãos em meu ombro e sua boca se curva em um sorriso.

"Então, não é por nada não, mas nós dois estamos suados então sem contato físico, ok?"

"Certo", ele ri tirando lentamente suas mãos de mim e indo para seu armário.

"Pode me dar carona hoje? A Alice já foi embora"

"Claro, sem problemas"

•••

Fomos para seu carro depois de eu esperar ele tomar banho por 15 minutos. Odeio banheiros unissex, por isso sempre tomo banho em casa.

Ligo a rádio assim que entramos em seu carro e de cara está tocando sertanejo.

"Ah não, de novo não", ele passa para a próxima rádio que está tocando um trap qualquer.

"Ah não Caio, essas músicas são entediantes", reclamo.

"Até por que sertanejo é super empolgante mesmo, né Cat"

"Mais que rap? Com certeza! Sertanejo te envolve, te faz ter empatia por que tá cantando a música, fora que é fácil de se identificar"

"Se você for corno é sim fácil de se identificar", ele provoca.

"Ei! Sertanejo não são para cornos, ok?", eu defendo e continuamos a discutir sobre o mesmo assunto até chegarmos na minha casa.

"Obrigada", eu agradeço.

"Sem problemas", ele se aproxima para um beijo pegando em meu pescoço.

"Ei! Suada, lembra?", brinco e me aproximo dele dando um rápido selinho e me afastando imediatamente dele.

Ele faz um biquinho fingindo estar chateado e eu começo a rir.

Assim que chego em casa tomo meu banho e caio na cama. Não para dormir. Eu não consigo dormir. Não assim. Minha cabeça tá cheia demais.

Caio tá sendo uma distração pra mim.

Depois de um longo tempo encarando o teto, tomei uma decisão. Preciso terminar, o que nem começou, com o Caio. Eu sempre fui focada e tenho que me concentrar nas corridas, não em um garoto.

É, está decidido, é a vida, fazer o que?

Mando uma mensagem para Caio, 'Precisamos conversar.' e marcamos de nos ver de noite na minha casa.

Eu não queria fazer isso com ele, mas eu não preciso de mais um problema na minha vida, e é melhor terminar agora enquanto ainda não se tem sentimentos envolvidos.

Planejei tudo em minha cabeça, o que vou falar, como vou começar.

Quando está perto do horário que marcamos de nos encontrar, subo para trocar de roupa, mas que roupa se usa quando vai terminar com alguém?

Ouço dois toques na porta e já sei de quem se trata. Desço os degrais quase que imediatamente e abro a porta.

"Oi, pode entrar", falo com um sorriso e vou para o lado dando passagem para sua entrada.

"Oi, então sobre o que queria falar?", ele pergunta tranquilo.

Puxo ele para o sofá e nos sentamos, e parece que todas as palavras planejadas em minha cabeça tinham apenas decidido desaparecer sem hora pra voltar.

Oi gente rs, não me matem

Someone To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora