O Olhar Interno

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Por trás do luxo daquelas paredes havia tremendas dores incrustadas. A atmosfera que rondava o vilarejo e a bela mansão era invernal, fria e solitária. Os ventos daquela manhã anunciavam a chegada da nova estação. O lugar era palco de tremendas covardias e injustiças camufladas por protocolos e burocracias. A bela mansão possuía uma arquitetura vitoriana, e dentro dela viviam alguns nobres. Duques para ser mais exato. Nos pés da colina tranquila havia um modesto vilarejo, dividido entre comerciantes, ricos e camponeses. 

Devem estar se perguntando, "por que esse vilarejo? Por que este cenário é tão importante? Que história emocionante há aqui?". Pois eu lhe digo caro leitor, se for sensível e atento, perceberá que este local místico é o encontro de dois mundos. De dois fantásticos mundos!

Da janela da mansão um de seus habitantes encarava a distância a paisagem gelada. Ele podia ouvir o coração de quem quer que ali pasasse, até mesmo da jovem mulher do outro lado do lago a plantar e a colher. Por que ela lhe atraia? Por que ela aleatoriamente? Deveria ser culpa do acaso. 

-Meu lorde, mandou chamar-me? -Uma voz rouca e velha soou. O rapaz sequer tirou os olhos da janela. O vento soprava gelado trazendo o cheiro peculiar de chuva. O céu era quase sempre cinza e pesado em contraste com a vegetação verde intensa.

-Os marqueses estão de acordo Orochimaru. Eles exigem uma nova seleção! -Orochimaru abriu um sorriso. O velho encarou as próprias mãos avermlhadas pelo frio rigoroso. 

-Deverá ser realizada aqui meu Duque? Ou desejam ir ao vilarejo? -O rapaz não moveu um músculo.

-Traga os eleitos! Tente nos agradar. -Orochimaru, um velho esguio de cabelos negros escorridos e oleosos sorriu. Se sentia gratificado pela honra de trazer aos nobres os futuros eleitos. Ele tinha palpites do que serviria bem aqueles homens. O jovem rapaz finalmente da as costas a janela sentindo-se insultado. Era impossível existir beleza tão sublime quanto a camponesa à quilômetros de distância? Jogou-se em sua poltrona abrindo mais pergaminhos com textura rugosa e amarelada sobre guerras enviados pelo rei do local.

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Distante da mansão, atrás da floresta que a circundava, atrás do gélido lago de águas azuladas encontrava-se uma mera camponesa. Suas unhas estavam sujas com a terra negra do local, era uma terra fértil e a garota miúda não era tola. Tratou de semear ali suas plantas com altos teores medicinais. 

Aos seus 18 anos já perdera a conta de quantos enfermos havia tratado com soluções, chás, pomadas... Todos estes elaborados por ela. A garota era a filha mais nova dos Haruno, uma família de caçadores. 

Mebuki Haruno e Kizashi Haruno viviam das caças e da venda de alimentos plantados na horta da família. Sakura Haruno era uma mulher a frente de seu tempo, muito inteligente ou muito observadora. A garota em trajes maltrapilhos limpou o suor da própria testa atenta ao que fazia. 

Mesmo com o vestido de tons claros rasgado e sujo a garota não conseguia ser menos bela. Seu rosto era delicado e com leves feições maduras. Lábios estranhamente avermelhados em seu centro, perdendo a cor gradativamente na extremidade deles. A jovem possuia uma pele clara, e o corpo salpicado por delicadas pintas. Ela possuía olhos verdes como as esmeraldas mais polidas, verdadeiras joias com um brilho sempre determinado. Os cabelos da garota eram um mistério, lisos e sedosos... Porém róseos. Róseos como as pétalas de cerejeira daquele local.

Como isto era possível? Talvez por culpa de uma condição genética rara que viria a ser descoberta anos depois com a evolução da ciência. Por um minuto ela olhou o horizonte, como se algo ali a encarasse. Apenas por meros segundos ela se sentiu assim e logo sorriu descrente.

-Ei Sakura! -Sakura encarou o rosto da amiga.

-O que foi Ino? -Respondeu a Haruno de imediato.

-Há boatos de que serão selecionados novos eleitos para a mansão da colina! -Disse Ino com um brilho nos olhos azuis celestes. Ino crescera com Sakura, era filha dos floricultores Yamanaka. Ser tola  não entrava nos padrões de Ino, mas talvez futilidade sim. A garota elaborara mil planos para enriquecer e subir seu status naquela sociedade, planos respaldados na própria beleza e astúcia. Possuía um olhar marcante e dissimulado, feições de mulher madura e lábios cheios. Um corpo muito bonito, admirado devido as roupas que usava.

House on the Hill [Terminada]Onde histórias criam vida. Descubra agora