Capítulo 2

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P.O.V. Melissa:

ALGUMAS HORAS ATRÁS...

Estou deitada no chão, em um quarto completamente escuro. Não enxergo nem a mim mesma.

De repente, alguém abre a porta e entra no lugar onde eu estava. A luz que entra pela porta, me cega um pouco e eu não consigo ver quem está à minha frente. Ponho a mão na frente do meu rosto, um pouco afastada, para tentar impedir que a claridade chegue aos meus olhos.

Sinto alguém me puxar pelos braços, fazendo-me ficar em pé e começar a tentar, à força, me beijar. Não aguento mais isso.

Escutamos um barulho de alguém arrombando a porta da sala onde estamos. Então, vejo várias lanternas e homens munidos de armas chegando. Não enxergo quase nada do que está acontecendo. Desamarram-me, e encaminharam-me para fora. Ouço uma gritaria e um pequeno tiroteio atrás de mim, após eu passar pela porta.

Me assusto com cada tiro que é dado e tremo com os disparos. Confesso, com muito medo. O que raios está acontecendo.

Um óculos-de-sol é colocado sobre meus olhos. Alguém que estava me carregando, abre uma porta na minha frente e me deparo com o ar livre.

Não consigo ingerir tudo que está acontecendo comigo nesse momento. Ainda estou muito assustada e sem enxergar algumas coisas, pois até agora pouco, estava em um quarto completamente escuro, e agora, estou livre. Não consigo entender nada. Tudo virou de cabeça para baixo em alguns segundos.

Me colocaram sentada em uma ambulância, que estava parada, e com as portas traseiras abertas. Fico com os pés encontrados na rua e sentada no chão da ambulância.

Sinto alguém tocar meu ombro e me assusto. É uma mulher que parece ser uma médica.

─ Desculpe, eu não queria te assustar. Como você está? ─ não sei nem o que está acontecendo. Também não saberei responder.

Encolho os ombros, em forma de neutralidade.

─ Olhe, eu sou uma médica. Eu posso te ajudar. Mas preciso que me diga se você está bem.

Eu não sei. Não sei de mais nada.

(...)

─ Acabei de te tratar, ok? Daqui a alguns minutos, te levarão para o hospital. Mas, se não quiser ser tocada, avise.

Assinto e ela sai de perto de mim. Estou vendo o Sol novamente. Isso é tão estranho. Senti tanta falta das estrelas.

Após alguns minutos, vejo um policial vindo até mim, e pedindo para que eu entre no carro. Estava tentando hesitar quando minha mãe apareceu do meu lado.

─ Mel...? ─ estou escutando sua voz...

Ela tenta me dar um abraço, mas eu simplesmente não consigo. Sou travada pelo pânico. Não consigo falar, nem agir. O que está acontecendo comigo?

─ Está tudo bem, eu entendo. Venha, vamos embora. ─ acabo entrando no veículo. Só quero sair daqui o mais rápido possível.

Chegando lá, fui colocada em um quarto. Deitei na cama que havia lá e injetaram, depois de muita hesitação minha, um soro na minha veia. Eu não disse nada desde que saí daquele lugar e ainda não estou entendendo muito do que está acontecendo. 

Após uns trinta minutos, vejo entrar no quarto meu pai e minhas irmãs. Eu não deixo meu pai chegar perto de mim. Não sei o porquê, mas eu estou com medo deles. Me traz más lembranças. Pessoas machucam as outras.

─ Como você está, Mel? ─ Jessica pergunta. O que eu faço para responder? Argh! Eu não consigo!

Encolho os ombros novamente. É tudo que consigo e tenho forças para fazer em resposta a qualquer pergunta que seja feita a mim.

─ Jessie e Kristina, não perguntem nada para a irmã de vocês, por favor. Ela ainda está traumatizada e não disse uma palavra. ─ finalmente alguém conseguiu colocar em palavras um pouco do que estou sentindo. Mães sempre entendem.

Minhas irmãs concordam com a cabeça. Viro meu olhar para um ponto na parede. Tenho medo de fechar meus olhos, vai que alguém tente algo contra mim? 

(...)

Se passou uma hora e meia, mais ou menos, e já são 20:30 P.M. Minhas irmãs e meu pai voltaram para casa. As meninas até insistiram de ficar um pouco, mas minha mãe não deixou.

Estou somente eu e minha mãe no quarto. Percebo o tanto que ela está cansada, mas não quero ficar sozinha. Queria falar sobre o que aconteceu. Mas não consigo. Não quero lembrar de nada.

Alguém, de repente, abre a porta. É o… Chris?! 

─ Posso ficar aqui? ─ ele pergunta ao chegar no quarto. Eu não... Ele cresceu tanto...

─ Claro, Neno. ─ minha mãe chama o Chris de "Neno", desde que ele tinha 4 anos, porque ele dizia que o peixe Nemo, era "Neno". Então, o apelido ficou assim.

Ele se senta ao lado da minha mãe, em um sofazinho, que há ali, a alguns metros da cama onde estou.

─ Cuida dela um pouquinho? Eu preciso sair rapidinho. Estou aqui desde cedo.

─ Claro, tia.

Eu olho para minha mãe e tento pedir para que ela ficasse com os olhos, mas o recado não foi captado. 

Chris se levanta e vem até perto de mim, ficando em pé, ao lado da cama. Chego um pouco para o lado.

─ Mel? Sou eu, não precisa ter medo.

Ele tenta tocar em meu braço, mas eu chego para mais longe dele. Quase caio da cama. Ele franze as sobrancelhas.

─ Você tem medo de mim? Mas… ─ ele estende sua mão. ─ Você pode segurar aqui?

Eu não queria, mas é melhor fazer o que está pedindo. Sabe, as coisas têm consequências.

─ Está vendo? Sou eu. ─ afirma, soltando sua mão da minha. ─ Espero que possa voltar a confiar em mim. Quando você quiser, ok?

Assinto e ele sorri pra mim.

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próximo capítulo no domingo

Talking To The Moon [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora