•P.O.V. Melissa:
Ele sai e fecha a porta. Eu percebi que o Chris está meio estranho ultimamente, mas sei que ele não me contaria. Para não me preocupar, eu acho. O que ele quer me contar, realmente, ele sempre diz o quanto antes. Então, eu não pressiono.
Assim que ele sai, me levanto e vou até a janela. Dá para ver tudo daqui. Os carros, as ruas, as casas, os prédios... Aqui, no centro da cidade, é movimentado. Mas moramos na parte mais afastada, mais calma e com uma quantidade média de moradores. Então, sempre que volto ao hospital, procuro ver mais as pessoas em seus dia-a-dia corridos. Mas, mesmo assim, essa cidade nem se compara com as outras grandes metrópoles, como Xangai, Paris e Nova York.
Eu queria poder sair agora, mas, por conta da minha imunidade baixa, da cirurgia recente e um aglomerado de coisas, preciso ficar trancada aqui. Eu tenho tanto medo de que as coisas não se resolvam. Mas não tem nada que eu possa fazer, só esperar, continuar o tratamento e esperar pelo melhor.
Cruzo os braços e, de frente para a janela, fico observando. Já estou aqui a uns dias. Respiro fundo, mesmo tudo estando fechado. Não sei, acho que é só a sensação mesmo.
Sou tirada dos meus pensamentos quando, num susto, sou despertada por um enorme barulho. Uma explosão. Um curto. Não sei. Olho para trás, rapidamente, na esperança de ver alguém com informações, mas nada.
Ando, com receios, até a porta. Abro-a e vejo pessoas em um certo desespero. Grito por informações, mas ninguém se pronuncia. Vejo enfermeiros levando pacientes em macas às pressas. De repente, no quarto ao lado, sai um homem se debatendo tentando tirar chamas da sua roupa. Meu coração dispara. Quando, finalmente, ponho um pé para fora do quarto, uma chama chega até próximo à mim. Ele se aproxima. Volto com o pé para dentro e fecho a porta em um só movimento.
Essa não. A porta contém um vidro. Me afasto e, quase simultaneamente, por conta do calor, ele explode. Acaba caindo um caco no meu braço.
Eu: Ai! Merda!
Calma. Sento na beirada da cama e fecho os olhos. Seguro o caco com o polegar e o indicador. Respiro fundo e, rapidamente, puxo-o.
Eu: Argh! Cacete, isso dói!
Ponho a mão sobre o machucado. Levanto e volto à porta. Não dá para ver nada além de um corredor em chamas. Esqueceram de mim.
Vou até próximo à uma janela que dá para um quarto do lado. Ponho a mão na fechadura e me inclino tentando abri-la,as está emperrada. O calor deve ter feito isso.
Volto à janela. Vejo um caminhão de bombeiros chegando. Faço sinais, bato no vidro, mas nada. O problema que ele é à prova de balas e não me vêem por conta da fumaça.
Como eu saio daqui? De repente, vejo o Chris chegar à frente do hospital. Noto ele me procurando no meio da multidão. Eu não estou lá. Faço gestos, mas ele não vê.
Está tão quente, que não tem como chegar perto da porta mais. Meu pulmão já não é um dos melhores e essa fumaça não está ajudando.
No desespero, dou socos e chutes no vidro, mas nada acontece.
Eu: Vamos, por favor! Que ódio!
Bato com os punhos no vidro e nada acontece de novo. Me desespero. Começo a chorar e me abaixo com as mãos ainda encostadas no vidro.
Eu: Por... favor...
Olho para a direita e, por conta da fumaça, o vidro fica sujo. É isso! Limpo-o em forma de um "S.O.S.".
Procuro o Chris novamente na multidão. Acho-o e vejo sua expressão de desespero. Ele corre até a porta do hospital, até que não o vejo mais. Essa não.
Eu: Não, não, não! Você não, seu maluco!
Levo um susto quando, a porta, atrás de mim, é tomada por fogo também. Agora já era.
•P.O.V. Chris:
Não a acho de jeito nenhum no meio das pessoas. Ela não pode estar lá dentro. Olho para as janelas que dão para os quartos, mas nenhum sinal.
Até que, em uma delas, vejo ser escrito um pedido de ajuda. Só pode ser ela. Quer saber? Que se dane!
Entro às pressas no hospital. Logo, sinto a quentura do fogo. É extremamente quente aqui. Eu só espero que ela esteja bem. É difícil enxergar algumas coisas, a fumaça não deixa. Dobro o cotovelo e ponho o braço à frente do meu rosto. As tossidas já começam rapidamente. Os olhos quase fechados por cima do braço, começam a arder pelo calor.
E agora? Elevador não funciona. Escadas estão completamente bloqueadas. Como eu chego lá em cima?
Eu: Mel?! Consegue me ouvir?!
Uma chama cresce na minha frente e eu me afasto num impulso para trás.
Eu: Mel?!
Viro o corredor gritando seu nome. Até que olho para cima e vejo um buraco que foi aberto no teto por alguma explosão. É aqui.
Pego um pedaço de tijolo acimentado que caiu no chão e posiciono embaixo do buraco. Piso em cima do mesmo e, apoiando as mãos no teto, faço pressão e escalo.
Eu: Mel?! Onde você tá?!
Outra chama ganha tamanho na minha frente. Me afasto, mas acaba pegando um pouco no meu casaco. Bato no meu braço na tentativa de apagar o fogo mas nada funciona. Decido tirá-lo e jogo num canto.
Eu: Mel?!
Vou gritando seu nome, mas sem respostas. Por favor, me diz que ela está bem...
Eu: Mel!
Me responde, por favor. Abro uma porta e não vejo ninguém dentro, apenas fogo e mais fogo. É simplesmente insuportável ficar aqui. É absurdamente quente.
Eu: Mel! Onde você tá?!
Começo a me desesperar e um pouco da esperança se vai. O cheiro de fumaça aumenta e ponho o braço na frente do rosto novamente.
Eu: Mel! Me responde, por favor...
Antes de deixar o desespero tomar conta, respiro fundo, mesmo sem poder direito.
Eu: Vamos, você tem que estar bem.
Ando por um corredor quase sem enxergar nada. Parece que eu vou derreter a qualquer momento.
Eu: Mel!
Nada. A chamo repetidas vezes, mas nada. Me desespero. Chamo mais vezes e só retorna o barulho das chamas.
Sinto uma lágrima escorrer. Sinto meu coração errar algumas batidas. Não posso ter outra crise aqui, eu não sou assim. Não e não. Eu não aceito isso. Não passamos por tudo isso à toa. Isso não termina aqui.
Eu: Mel!
Melissa: Chris?! Chris, é você?!
Ufa... Meu coração se acalma novamente. Até que volto ao meu corpo e percebo a situação que estamos.
Eu: Sou eu!
Melissa: Não consigo te ver!
Eu: Nem eu! Onde você tá?!
Melissa: Ainda tô no mesmo quarto! Tá tudo bloqueado!
E agora? Como saímos daqui?
(Desculpa, mas eu precisava fazer isso)
(Próximo capítulo na quinta)
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Talking To The Moon [EM REVISÃO]
FanfictionMelissa e Christopher são melhores amigos de infância. Conhecem o outro melhor que a si mesmo. Até que, em uma noite, ela é sequestrada com apenas 17 anos. Milagrosamente, é resgatada e trazida de volta para casa. O problema é que... isso acontece...