Capítulo 6

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•P.O.V. Melissa:

Hoje saio desse hospital! A médica está prestes a me liberar. Acordei e não tinha ninguém no quarto e
Estranhei, mas foi até melhor assim. Levantei da cama e parei em pé, virada de frente para a janela, admirando a cidade que não para.

Ouço um barulho de porta se abrindo, atrás de mim, e rapidamente me viro de costas, revelando para mim quem estava entrando no quarto.

─ Preparada para sair do quarto? ─ Chris pergunta num tom de animação. Descruzo meus braços e o admiro de cima a baixo. ─ Eu saio da porta depois você vem, ok? ─ assinto.

─ Aproveite que está de manhã, e não tem muita gente circulando pelo hospital. ─ ele sai do quarto, deixando a porta aberta, para facilitar minha passagem.

Vou andando pelo corredor e seguindo o Chris, que estava a poucos metros à minha frente. Os médicos me olham e sorriem para mim, eu os encaro com o canto dos olhos. Ando olhando quase completamente para o chão.

Passo pela porta do hospital e dou de cara com uma claridade muito forte, consequência da luz do Sol.

Depois de algumas piscadas, noto um carro à minha frente. Minha mãe está esperando por mim com a porta traseira do veículo aberta.

─ Entre, Melissa. Vamos para casa. ─ minha mãe me chama.

Respiro fundo e entro no carro. Fecho a porta e encosto a cabeça na janela. É dada a partida e algumas lágrimas caem dos meus olhos.

Depois de alguns minutos com o carro em movimento, e um silêncio instalado entre nós, paramos em um semáforo. Lembro das montanhas.

─ Se quiser ir para lá, é só descer. ─ ele afirma.

Vou andando até que chego no penhasco. É meu lugar aqui, sabe? É uma montanha relativamente pequena, coberta de grama, que fica de frente para o mar.

Me sento na grama e admiro o mar. Está um vento fresco e não está muito quente, acho que é porque uma nuvem cobriu o Sol.

Algumas imagens do local onde fiquei todo esse tempo, vêm à minha mente. Era horrível aquele lugar. Não tinha sons de pessoas, era solitário, amedrontador.

Aqui foi uns do lugares que mais senti falta. Talvez as coisas voltem a melhorar. Mas é difícil dormir, sem pensar que acordarei lá novamente. 

Estou começando a compreender o mundo de novo. Como é tomar minhas próprias decisões, como é ter liberdade. Mas ainda é tão complicado conciliar as coisas.

A presença de pessoas ainda é um tabu. E, apesar de sentir um certo receio, sei que também preciso delas.

Passo um tempo nas montanhas e volto para casa. Foi bom passar um tempo sozinha.

Abro a porta de casa e me dá uma nostalgia enorme. Não mudou quase nada! Minha irmãzinha cresceu bastante. Quando a vi da última vez tinha 12 anos e, agora, pelas minhas contas, tem 15.

Fecho a porta e vou para a sala. Encontro minha mãe e meu pai, sentados na sala, juntamente com minhas irmãs. Me encosto na parede. 

─ Você está bem? ─ não sei se ficarei completamente bem por algum tempo. Mas, na medida do possível, sim.

─ Mel, se você quiser conversar, fala comigo, ok? ─ eu sei que posso, Jessica.

Me viro e subo as escadas para ir ao meu quarto. Vou andando, passando a mão levemente na parede e olhando tudo ao redor. É tudo tão antigo, mas, ao mesmo tempo, tão novo. É estanho.

Talking To The Moon [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora