Capítulo 8

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P.O.V. Chris:

Saio de casa e vou até a casa da Melissa. É impressionante sua capacidade de se atrasar toda vez. Moramos próximo ao meio do mato. Literalmente. O mal cheiro de terra e o canto das cigarras é constante. Ela mora do outro lado da rua, mas eu sempre preciso ir chamá-la.

─ Vamooooos!

Se ela não escutar, com certeza está surda. Já são 18 horas; daqui a pouco escurece. Melhor não ficar por muito tempo perambulando pelas ruas. Mesmo sendo um bairro calmo. Afinal, foi nesse bairro "calmo" que a levaram. Finalmente a vejo abrir a porta.

─ Toda vez é isso, Mel.

Ela pega o caderno e desenha um ponto de interrogação. ─ mas que audácia!

─ Não se faça de desentendida. Vamos indo. ─ digo, para nos apressar.

Nós vamos andando pela calçada, a caminho das montanhas, e conversando. Não literalmente conversando. Ah, não complique as coisas.

─ Você vai querer falar sobre o que passou? ─ ainda quero saber do que houve, mas ela nunca se abre. Sei que é difícil. Mas é horrível não ter a mesma intimidade que tínhamos três anos atrás. Mas não a culpo. Obviamente.

"Você disse que só faria se quisesse".

─ Sim, é claro. Mas você precisa. Não é tão ruim, sabe? Mas... é. Quando você estiver pronta. Só estou preocupado.

Faz mal para ela ficar sempre guardando tudo para si. Isso serve para qualquer pessoa.

─ Só quero o melhor para você.

Chegamos nas montanhas e ficamos em pé na grama, admirando o mar. Ela não ficou perto de mim, como sempre. Está no pôr-do-sol e o céu está rosado.

Ainda é tão estranho tê-la de volta. Mas, ao mesmo tempo, tão normal. Afinal, ela esteve aqui por tantos anos. Mas essa situação toda ainda é um enorme ponto de interrogação em mim. Não sei. Ninguém sabe, na verdade. É só tudo tão... Não sei! Triste, estranho... Enfim.

Me traz tantas lembranças vir aqui novamente, com ela. As estrelas têm um significado especial para nós. Não são apenas brilhinhos no céu, ou simplesmente uns astros luminosos. Vão muito além disso. Algo que nos traz alegria de novo. Nos traz esperança. E pensar que, acima de tudo que somos e fazemos, o universo continua incompreensível e... perfeito. Há algumas delas já surgindo no céu. E a Lua, que já está lá há umas duas horas, mesmo antes de começar a escurecer.

─ Você lembra de como descobrimos esse lugar?

"Credo, eu morri de medo".

Flashbacks on - 10 anos atrás:

─ Quem vai contar? ─ pergunto, para iniciarmos.

─ Eu! ─ Emma exclama. O porquê de ela gostar de contar, eu não sei.

─ Você é estranha. Quem gosta de contar? ─ David endereça exatamente a pergunta que estava na minha mente.

─ Me deixe, chato. ─ ela retruca, fazendo-o revirar os olhos.

─ Cinquenta segundos. Vamos. ─ Kurt diz, para nos apressarmos.

─ Não vale dentro das casas! Ouviram, não é?! ─ Melissa avisa, nos lembrando.

Por mais que já tivéssemos ido lá algumas vezes, e eles ficaram horas nos procurando.

─ Vamos, gente! Não tenho o dia todo. ─ o que a Gracie quer fazer para estar tão ocupada?

Talking To The Moon [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora