•P.O.V. Melissa:
Depois de algum tempo abraçados, estamos sem fôlego para nada e deitamos na calçada esperando por alguém que viesse nós ajudar.
(...)
Após alguns minutos deitados, olho para o lado e vejo uma menina andando na calçada. Até que ela nos vê e grita pela mãe. A menina vira na calçada e, depois de apenas alguns segundos, surgem ambulâncias e muitas pessoas apressadas, curiosas vindo nos ver.
Eu: Você... conseguiu...
Duas ambulâncias se prontificam e próximas à nos e abrem as portas retirando uma maca dentro de cada uma. Nos tiram chão e nos põem em macas separadas. Eles posicionam-nos próximos às ambulâncias.
Olho para o lado, estendo a mão e ele faz o mesmo. Vejo colocarem uma máscara em seu rosto e, assim que o levam para dentro, colocam uma em mim também. As coisas começam a ficar embaçadas. Tudo começa a tremer quando me carregam e ouço um barulho de portas se fechando.
(...)
Por algum motivo, ainda sinto como se eu estivesse queimando sem parar.
Não sei se é só sensação. É tão real.Acordo na cama do hospital. Novamente. Odeio isso. Minha família está aqui. Meu pai está de frente para mim e, percebo, facilmente, seu rosto de preocupação e arrependimento.
Eu: O que aconteceu?
Jessica: Eles te deram um monte de coisas. Você teve algumas queimaduras mas nada muito grave. Poderia ter sido muito pior.
Eu: E o Chris...? Cadê ele?
Julie: Ele tá bem, não se preocupe.
Kristina: Ele tá em outro quarto, mas tá bem.
Eu: E o que esse cara tá fazendo aqui?
Jim: Olha...
Eu: Não...! Fique exatamente onde está.
Digo quando ele dá um passo em minha direção.
Jim: Filha..., deixa eu me explicar.
Eu: Não me chama assim. Eu não sou filha de babaca.
Jim: Eu posso falar com ela... sozinhos?
Julie: Tá. A gente espera lá fora. Vem, meninas. E toma cuidado no que você vai falar.
Ele assente e elas saem do quarto.
Jim: Olha, Mel. Eu não sei o que deu em mim. Eu, talvez, tava com medo te você não voltar mais a falar com a gente ou se distanciar demais. Mas eu mesmo acabei fazendo isso. Me perdoa, filha. Eu acho que fiquei com medo de te perder pro Chris, porque você sempre foi mais próxima dele que de nós. Mas eu entendi que fiz besteira. Eu entendi que não deveria ter dito aquilo e entendo o que você passou.
Eu: Minha vez?
Ele concorda.
Eu: Muito obrigada. Não, Jim. Você não entende mesmo! Você nunca vai entender o que é ficar três anos fora da humanidade. Três anos da sua vida perdidos porque quatro desgraçados quiseram arruinar com ela. O que é ficar vinte horas do seu dia num quarto completamente escuro chorando sem esperanças de que alguém ainda procura por você, de que alguém ainda te ama. Se sentir como um brinquedo. Ter medo do dia seguinte ou se você vai viver até lá. E aí, te tiram de lá vendada ou desmaiada todos os dias. Todos. Te dão, no mínimo, quatro injeções ou fazem testes horríveis com você. Depois te jogam, de novo, no quarto como se você fosse um animal. Você nunca vai entender, o que é achar uma mínima felicidade em uma maçã quando jogam pra você depois de dias. Não vai. E o Chris não me pediu nada. Não forçou absolutamente nada. Esperou meu tempo, não importava o quanto fosse. O único que me fazia seu sentir segura, quando estava perto dele. Porque ele sempre significou isso pra mim. Ele sempre estava lá quando eu precisava. Então, "me desculpa", se eu quis conversar antes com ele e não com você. Sua vez.
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Talking To The Moon [EM REVISÃO]
FanfictionMelissa e Christopher são melhores amigos de infância. Conhecem o outro melhor que a si mesmo. Até que, em uma noite, ela é sequestrada com apenas 17 anos. Milagrosamente, é resgatada e trazida de volta para casa. O problema é que... isso acontece...