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LILI

Eu já estava no avião para Eugene quando percebi duas coisas. Um, eu estou sem bateria no meu celular, e dois, eu esqueci o carregador em casa.

Quando acordei a uma da tarde e decidi atender a milésima ligação da minha mãe a última coisa que eu esperava era que ela dissesse que vovó descobriu um câncer no pâncreas e se recusa a fazer o tratamento. Então, eu obviamente estou indo para casa, porque ela é o único motivo pelo qual eu faria isso.

Consegui um voo saindo de Raleigh as 16h, tive que sair de Durham as 14h para pegar um ônibus até lá, então quando embarquei lá fiquei três horas dentro do avião. Depois disso, uma hora e meio esperando em Salt Lake City até por fim um vôo de uma hora até Eugene, onde acabo de desembarcar e estou tentando conseguir um táxi livre.

São nove e meia da noite e tudo que consigo pensar é em ver a vovó e falar com Roger o mais breve possível. Eu disse a ele que apareceria hoje a noite.

— Estrada Cheroke, por favor. — Digo entrando no táxi com a mala pequena ao meu lado.

Vovó gosta de morar afastada da cidade, sozinha, em uma mansão enorme de arquitetura alemã. Ou seria holandesa? Uma diarista vem duas vezes na semana. Não consigo imaginar ela continuando assim se fizer o tratamento.

Estou indo para a casa dela porque minha mãe disse que ela teria alta no fim da tarde e queria estar na casa dela, mas mesmo se não fosse o caso eu pediria a chave e ficaria lá sozinha.

Quando desço do táxi vejo dois carros na garagem. Meus pais estão aqui, meus tios também, eles moram em outra cidade. Respiro fundo algumas vezes antes de apertar a campainha da mansão.

— Ok. Eu posso fazer isso. — Digo a mim mesma e aperto o botão. Alguns segundos se passam até a porta ser aberta por Alex. — Nossa, você está crescendo rápido.

Alex é meu unico primo, já que meu pai é filho único e tio Gale, único irmão da minha mãe também optou por ter apenas um filho.

— É isso que acontece com adolescentes. — Ele diz.

Vê? Existem traços comuns de personalidade nessa família.

— A vovó está no quarto?

— Sim, e todo mundo também, ela está se recusando a fazer o tratamento.

Tiro minha jaqueta e penduro.

— Eu sei, é uma mulher louca. — Resmungo enquanto subo as escadas e paro na porta do quarto vermelho.

Todo vermelho. Isso diz muito sobre a vovó Elizabeth.

— Existe um tratamento, por que não fazer? — Tio Gale pergunta.

Vovó emite um som muito parecido com um rosnado e então vira o rosto e é aí que ela me vê. Ela parece mais magra e está abatida.

— Acho que nós duas precisamos ter uma conversinha. — Forço um sorriso. — E olá para todos.

Meus pais me olham, mamãe me analisa e começa a caminhar até mim. Nós não nos víamos desde o réveillon de 2018 para 2019.

— Você está aqui. — Eu noto o alívio em sua voz.

Sei que ela vai me abraçar então me apresso e vou até a cama me sentando ao lado da minha avó.

— Como se sente? — Dou um beijo no rosto dela e a abraço.

— Ótima, eu não sei porque eles continuam aqui. E por que você largou suas coisas para vir para cá.

Mais uma herança de família, querer ser independente e achar que não precisa de ninguém.

Derrubando seus limites (Astros de Duke #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora