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CARTER

Um Ano Novo sozinho.

Eu passei os dois últimos finais de ano com Josh e a família dele, mas esse ano não tinha clima nenhum. Primeiro, porque Josh está com a namorada. Segundo, os pais estão se divorciando. Terceiro, estão se adaptando a ter um irmão. Quarto, nós ainda não estamos no melhor momento da amizade. E, quinto, e mais importante, Hayley está lá com o marido.

Pensar nela faz minha cabeça doer ainda mais. Bebi demais ontem e teria bebido ainda mais se a amiga de Krista não tivesse interferido.

Queria poder estar em casa, com mamãe e Nan, exceto que aquela não é minha casa mais, e eu fui expulso três anos atrás. Porque eu as defendi do que era suposto ser a pessoa que protegeria nossa casa.

Ainda assim, é ruim estar sozinho.

Desço as escadas e vou até a cozinha vendo o que tem na geladeira, praticamente nada. Preciso fazer compras urgente ou só continuar a comer besteiras. Principalmente nos dias que trabalho na oficina.

Eu gosto de carros, de verdade, mas eu não sou muito fã do trabalho como mecânico, só que é o único emprego que encontrei que me deu um horário flexível durante o período de aulas.

O celular jogado sobre a mesa da cozinha vibra e eu ignoro enquanto procuro um analgésico.

Deve ser Shane respondendo com atraso a mensagem de feliz Ano Novo. Ele provavelmente estava mais bêbado que eu ontem. Joshua me respondeu ontem a noite mesmo.

Eu espero que a gente converse quando ele e Krista voltarem. Quero reestabelecer nossa amizade.

Acho uma caixa de Advil e tomo dois de uma vez, bebendo um copo de água por cima. Antes de subir pego o celular e destravo a tela para ver a mensagem que chegou.

Não era Shane. Era Hayley.

Mas que porra!

Eu não respondo as mensagens dela há dezesseis dias, isso deveria dizer a ela que eu não estou a fim de falar com ela. E achei que ela tivesse entendido já que as mensagens pararam por três dias.

Não com alguém que me tratou como um caubói negro que era o fetiche de menina mimada dela. Ninguém vai me rebaixar assim.

Eu sofria por querer estar com ela, mesmo depois que ela casou, porque eu achava que ela gostava de mim e tinha se casado apenas para agradar aos pais. Joshua abriu meus olhos.

Mesmo assim eu abro a conversa.

Carter, eu sinto muito. Queria começar o ano de outra forma com você. Eu sei que errei, mas converse comigo. Deixe eu reparar isso.

Olho para a mensagem por alguns segundos, eu não vou responder. Na verdade, testo meus dedos sobre o botão de bloquear contato, mas desisto e apenas apago a conversa.

Não tem jogos na TV, não tem lugar para ir, eu só vou comer e ficar na cama o dia todo curando a ressaca nada bem vinda. Se eu correr consigo pegar o Supermercado Co Op aberto pela parte da manhã. Eu devia ter um carro, devia, mas não tenho como pagar.

Ao invés disso, eu faço uma corrida pela rodovia Rose of Sharon onde moramos, uma corrida que dura quarenta minutos, apenas porque se viesse caminhando normal seria o dobro do tempo e só deixarei para pegar o Uber na volta.

- Bom dia. - Cumprimento o segurança na entrada e pego uma cestinha começando meu caminho pelas prateleiras.

Eu não tenho o dinheiro de Shane e Joshua para ajudar nas compras desse mês, tenho que comprar o básico. Jogo uma quantidade considerável de macarrão instantâneo na cesta, seguido por uma caixa de cereal e um saco de pão. Isso é do que me alimento a maior parte do tempo que estou sozinho. Shane e Josh são melhores cozinhando.

Derrubando seus limites (Astros de Duke #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora