CARTER
Foi mais rápido do que pensei que Lili aceitou conversar comigo. É apenas segunda-feira, o que significa que passeio o domingo todo me sentindo um babaca.
Não acredito que beijei ela do nada, mas eu estava guardando demais desde que Joshua e Shane tinham me enchido o saco na quarta e eu decidi arriscar.
Claramente, deu tudo errado.
Lili retribuiu o beijo por um segundo ou dois, sei que retribuiu, e então ela estava perturbada. Eu a magoei de alguma forma intensa.
Eu não vou a aula hoje, pode passar no apartamento?
Leio a mensagem de novo. E respondo que estou indo.
Eu vou dizer a ela que eu não estava pensando, que não estou a fim dela e que não precisamos arruinar nossa amizade. Não vai se repetir de novo. Eu percebo quando alguém não quer algo e Lili não quer, então eu só quero continuar o que temos há um mês e meio. Amizade.
Ainda assim estou apreensivo quando subo as escadas no prédio no Chapel Hill. O que me deixa menos nervoso é que quando abre a porta Lili parece ela mesma, inclusive na cara de poucos amigos. Eu deveria me sentir tranquilo com isso? Não sei.
— Entra aí. — Ela segura a porta me esperando entrar e eu passo por ela. — Não tinha aulas importantes também?
— Meio que toda aula é importante.
Lili bufa de leve e vai para o sofá onde o notebook está aberto e tem uma caneca de chá a esperando.
— Tenho que terminar essa edição. — Ela fala casual.
De repente, eu detesto que ela pareça tão ela mesma quando precisamos ter uma conversa para tirarmos o elefante rosa invisível do meio da sala.
— Não pode conversar agora? — Pergunto dando passos curtos pela sala do apartamento.
Ela tira o olhar da tela do notebook e me olha e algo sobre o sorriso que ela dá não parece certo.
— Claro. Sobre a madrugada de domingo, não é? Me desculpe por ficar tão brava, foi uma reação exagerada. — Ela sacode o rosto um pouco. — De qualquer forma eu te desculpo, sei lá, foi calor do momento, estávamos meio discutindo, você não pensou. Não foi?
— É... Foi isso com certeza. — Eu reluto um pouco.
Eu devo estar parecendo um idiota parado no meio da sala, olhando para ela agora. Não estava esperando por isso, é quase como se Lili não quisesse conversar. Quase não, é isso.
Lili se esconde, todo mundo só vê as partes dela que ela quer mostrar. Ela gosta das relações simples, sem profundidade, sem intimidade. Agora eu percebo isso.
Percebo também que tanto quanto ela gosta de evitar isso ela se importa com as pessoas e quer saber sobre elas, mas não quer dar o mesmo em troca. Não é assim que amizades funcionam.
Talvez a coisa mais importante sobre a madrugada de domingo não tenha sido o beijo, e sim a discussão sobre não contarmos coisas.
— Meu pai agride minha mãe desde que eu me lembro, e ele fazia o mesmo comigo, até me expulsar de casa. — Pronto, eu disse e Lili me olha tão surpresa quanto confusa.
Nossa amizade não vai durar se não confiarmos um no outro, e eu já gosto demais dela para não a querer mais perto.
— Você quer conversar sobre isso? — Ela finalmente fecha o notebook e se concentra em mim por mais do que meio segundo.
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Derrubando seus limites (Astros de Duke #4)
RomanceLilibeth Carmichael sempre teve muito na vida, família, dinheiro, beleza, inteligência e um namorado perfeito por seis anos. Até que ela foi forçada a entender que ele não era perfeito e sua família também não. Agora em Duke ela está descobrindo que...