29 (Extra - POV pai da Lili)

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Vou postar o capítulo da Lili também hoje ou amanhã, mas primeiro esse é um capítulo para mostrar um pouco do que acontece entre o 28 e o 30.

PETER

— Eu achei que estava fazendo o melhor para ela. — Cassandra chora dentro do quarto enquanto fala com a sua mãe. — Ela só tinha dezessete anos.

— Olhe para ela agora, foi o melhor? Cassandra eu não sou uma velha antiquada contra aborto, eu acho que sim que Lili era nova, mas você a devia ter aconselhado, conversado e então a deixado decidir. — Minha sogra diz.

Eu estou no corredor sem saber para onde ir. Ainda há um jantar no jardim. Lili está dormindo no quarto com seu... Namorado?

Olhar para aquele garoto me deixa mal depois do que ele e Lili contaram sobre o que Daniel falou. É como saber que alguém não pode considerar esta casa confiável. Bom, na verdade essa é notícia velha já que Lilibeth já acha isso algum tempo.

Com toda razão.

— Nós não tínhamos ideia do que fazer, e como eles são médicos disseram que conheciam alguém confiável. — A conversa continua lá dentro. — Mãe, você sabe que é uma sociedade cruel, onde honra, conexões e nomes falam muito alto. Os pais de Daniel eles fizeram pressão, mas eu sei não é culpa deles se nós concordamos. Naquele momento eu só pensava na imagem da Lili, na nossa.

Isso soa tão superficial, tão egoísta. É exatamente isso que fizemos, nós colocamos prioridades e nenhuma delas incluiu a opinião da Lili.

Me sinto um monstro, não um pai. Principalmente por só conseguir enxergar essa noite o estrago que causamos. Eu nunca pensei sobre aquele dia mais do que o necessário, acho que todos nós passamos uma borracha. Mas não Lili, foi egoísta pensar que seria tão fácil para ela.

— Eu não ligo para a sociedade, não ligo para imagem, eu ligo para aquela garota que eu fiz vir para cá sem saber o tamanho da dor que vocês causaram nela. — O tom de voz de Elizabeth fica mais duro. — Sei que pediu desculpas para ela uma vez, mas ela precisava que você sentisse muito de verdade, que mostrasse que sentia. Que não fosse mais só pela sociedade, pela imagem e por conexões, como com os pais daquele rapaz. Sua filha precisava que fosse algo por ela sem outras intenções, que você sentisse de verdade.

— Continuei me dizendo todos os dias que era o melhor, que um dia ela entenderia. — Ouço a voz fraca da minha esposa. — Até essa noite. Eu falhei como mãe.

— Você também falhou como pessoa.

É doloroso ouvir isso, mas extremamente necessário. Nós não podemos continuar a sermos as mesmas pessoas, e precisamos melhorar por Lili, mas também por nós mesmos.

Não posso mais continuar a ouvir a conversa, por isso desço as escadas e vou para o escritório me servindo um pouco de whisky. Pensando e repensando.

Mando uma mensagem para Trevor, do escritório, preciso que ele vá a delegacia com Carter pela manhã.

O telefone toca minutos depois, mas não é Trevor, é John Finnegan.

Os Finnegan sempre foram clientes do escritório Carmichael, antes de mim meu pai representava o pai de John que tinha uma fábrica, e antes disso meu avô representava o avô dele. Sempre foi uma relação de conexões, alguém que parecia bom para se ter por perto.

Mas vendo agora ter por perto e manter por perto é um grande arrependimento. Ainda assim atendo a ligação.

— O que? — Pergunto.

— Sua filha fez um show desnecessário essa noite, Peter. E se outras pessoas tivessem ouvido? Seus convidados? As pessoas me questionaram como médico.

Isso não pode ser real. Lembro de algo que Lili gritou no corredor para Daniel quando ainda estavamos nos aproximando deles. É tudo sobre você, você e você. Egocêntrico do caralho! Não é difícil de entender de onde ele puxou isso.

— Minha filha está mal e desabafou sobre algo que nós fizemos com ela, seu filho se provou um racista, e você está me ligando para dizer que as pessoas poderiam ter ouvido e isso prejudicaria você? — Eu bato o copo de whisky na mesa. — Vá se foder John.

— Nos prejudicaria. — Ele parece tão calmo, como se ele não desse a mínima para o que houve essa noite. — Se as pessoas souberem elas vão pensar...

— Que nós somos pessoas de merda? Nós somos e eu não dou a mínima para isso agora. Se minha filha quiser contar a todos, se ela quiser nos processar e processar a clínica, eu estou pronto para isso. Eu a estou perdendo e se eu tiver que descer ao inferno e voltar para recuperar ela, para me importar e ser um pai melhor eu farei isso. E não ligo para a porra da opinião das pessoas, ou exposição, ou para você e a porra do futuro do seu filho racista. Só Lili importa agora.

Deixo o copo e empurro a cadeira me sentando, logo passando a mão na cabeça que agora está doendo. O silêncio dura um pouco demais na ligação.

— Já que mencionou Daniel e o pequeno deslize dele, acho que podemos continuar contando com o escritório se isso se tornar um problema. — A sugestão na voz de John. — Embora eu acredite que você vá convencer Lili e o outro rapaz a não tentarem nada.

É muita cara de pau ou falta de caráter, ou ambos. Mas eu estou saindo desse jogo de interesses, isso acabou hoje. Eu ouvi da minha filha que se ainda tenho algum caráter preciso ter atitude.

— Deslize? Daniel cometeu um crime. E, espero que consiga novos bons advogados porque nós estamos indo registrar ocorrência logo cedo. O escritório Carmichael não tem mais nada a ver com vocês, e minha família também não. — Estou pronto para desligar e então me lembro de acrescentar algo. — Mais uma coisa, não é o primeiro deslize do seu filho, tivemos perturbação da ordem, assédio moral, destruição de patrimônio, desacato. Não era a gravidez da Lili que impediria o futuro do seu filho como médico, mas eu vou fazer o possível para que a falta de caráter dele seja.

Encerro a chamada e expiro forte.

Passo outra mensagem, para o meu cunhado, pedindo para ele e a esposa se desculparem com os convidados e encerrarem o jantar mais cedo. Não tenho capacidade disso.

Cassandra está sozinha em nosso quarto quando subo, ela parece arrasada.

— E a Elizabeth? — Pergunto.

— Aceitou dormir em um dos quartos. — Ela para de puxar os lençóis da cama e me olha. — Ela tem razão de estar brava comigo, e Lili também. Não sei nem como olhar para ela amanhã. Eu estraguei tudo.

Vou até ela e termino de arrumar a cama, e me inclino beijando sua testa.

— Nós estragamos. — Eu a corrijo. — Mas depois de ver nossa filha hoje espero que esteja disposta a melhorar nossa relação com ela daqui para frente, já que o passado não podemos mudar.

— Não sei por onde começar.

Abraço o corpo dela por trás e a guio até a cama, soltando seus cabelos pretos.

— Talvez a gente vá descobrir isso todos juntos.

Derrubando seus limites (Astros de Duke #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora