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LILI

Eu estou farta de recusar ligações dos meus pais nos últimos dias, achei que a essa altura eles já entenderiam que eu não quero falar com eles.

Talvez eles tenham achado que é um novo ano e então temos a chance de nos reconectarmos de novo. Sendo que isso não deu certo no ano anterior também. Nas férias passadas eu parti em um mochilão pela Europa. Isso para mim soa como um aviso de fique longe.

Entretanto, meus pais são egocêntricos demais para prestarem atenção no que outra pessoa quer. Eu estou terminando de colocar o tênis quando uma nova ligação surge no celular. É vovó Elizabeth.

Golpe baixo. Ela sabe que eu nunca recusaria uma ligação dela.

— Oi vovó. Não deixe mamãe te colocar nos jogos dela. — Digo assim que atendo.

— Ela só está preocupada. — Ela fala com sua voz doce. — Mas não precisamos falar sobre seus pais, se não quiser.

Obrigada, Deus.

— Você sabe que não estou exatamente empolgada com eles há um tempo. — Deito na cama enquanto falo. — Sei que eles vivem dizendo que pensam no melhor, mas eles nunca me perguntaram e eu cheguei ao limite com isso. Eles não podem achar que vou agir como se nada tivesse acontecido.

E eu estou falando sobre eles, mesmo que ela tenha me dito que eu não precisava.

Viu, é por isso que detesto me deixar envolver emocionalmente, eu acabo me abrindo demais, sendo toda a flor da pele. Eu consigo manter distância emocional das pessoas quase o tempo todo.

— Você continua abalada com isso. — Ela nota. — E se eles pedissem desculpas?

Não seria sincero e honestamente significa nada para mim atualmente.

— Não faria nenhuma diferença. — Afirmo. — Vovó, você está bem? O que tem feito?

— Você sabe, tardes chatas de chás com senhoras caretas.

Eu rio. Ela detesta essas coisas, mas ela continua indo a elas.

— Parece um saco. — Rio e vejo uma notificação de mensagem piscar na tela.

Roger. Já faz quatro dias desde que deixei meu número com ele no mercado.

— Vovó eu estou indo correr um pouco, podemos conversar depois?

— Oh Deus, você poderia ir a uma academia.

— E perder a vista? Não mesmo.

Nós nos despedimos e meio segundo depois abro a mensagem que Roger enviou.

Não tenho certeza se você estava sobre influencia de algum entorpecente no outro dia ou estava falando sério sobre a companhia saudável

Meus dedos correm a tela.

Totalmente sério

Se estiver a fim estou indo correr

Eu não sou do tipo fazer o bem pelas pessoas e tudo mais. Mas eu vejo Roger parecer confuso, e eu sei como é estar nesse lugar, como é se deixar levar pelas decepções. Só quero que ele saiba que ninguém vale o esforço.

E sim, talvez eu queira companhia, porque estou entediada sem as garotas.

Uma nova mensagem chega.

Estou dentro, onde nos encontramos?

Área de piquenique da floresta de Duke, aí seguimos a pista

Derrubando seus limites (Astros de Duke #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora