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LILI

Eu abro meus olhos e demoro um pouco para perceber que estou no meu quarto na casa dos meus pais.

A noite passada volta em minha mente. A chegada de Roger, os risos no jantar, Daniel chegando, o sexo com Roger no escritório, então Daniel sendo um lixo racista e aí eu surtei, eu gritei não foi? E eu chorei enquanto despejava tudo sobre todos eles. Vovó estava lá também. E depois... eu não me lembro.

— Você acordou.

Me viro na cama para encontrar Roger do outro lado, sentado encostado na cabeceira sem paletó, sem gravata, botões da camisa abertos. Ele parece exausto.

— Por que estamos aqui? — Eu pergunto baixo. — Não gosto daqui.

— Você precisava descansar, acho que ficou muito nervosa, estava em colapso ou algo assim. — Ele aperta os lábios e me olha firme. — Você me assustou. Estava nos meus braços tremendo e mal conseguindo respirar.

Não consigo dizer nada a ele. Eu não queria ter o assustado. Não queria expor ele a sofrer racismo, de novo. Se eu apenas tivesse resolvido tudo sem o chamar nada teria acontecido.

— Onde está minha vó? Que horas são?

— Quase onze da manhã. Sua vó está lá embaixo com seus pais. — Ele conta e eu me movo na cama até deitar com a cabeça no colo dele. — E ela está bem, a mulher é uma força da natureza. Ela conversou com a sua mãe ontem e com seu pai hoje.

Não quero saber sobre isso. Na verdade, quero pensar menos sobre tudo, seguir em frente de verdade, apesar das cicatrizes. Ontem eu finalmente disse o que queria agora quero olhar para frente, quero poder confiar e sentir sem medo.

— Quero ir para casa. — Sinto minha cabeça doer um pouco. Talvez de estresse.

— Para casa da sua vó?

— Não. Durham.

Os dedos dele passam por mechas do meu cabelo, é uma sensação tão boa. Caramba, eu amo ser independente, mas carinho e cuidado as vezes não são nada mal.

— Nós vamos quando você quiser. — Roger me garante. — Mas...

— O que?

Qual a porra do problema agora? Minha avó ainda não quer fazer o tratamento não é? Claro que não, essa família deve parecer uma merda maior agora que ela sabe a verdade.

— Seus pais querem conversar e sua avó também, vocês quatro juntos. — Ele conta.

Estou pronta para reclama e me negar a isso e dizer que eles já tiveram muito tempo antes e nunca tentaram ter essa conversa. Mas também tem essa parte de mim que sabe que essa conversa é necessária, para encerrar algo.

— Ok. Eu vou conversar com eles. — Roger suspira alto e eu rio um pouco. — Achou que seria mais difícil né?

— Com  certeza. — Os dedos dele param o carinho. — Vou buscar seu café da manhã e avisar que acordou, mas para esperarem um pouco.

— É, vou tomar um banho. Depois quando eu for conversar com eles você deveria ir para a casa da minha vó, fazer o mesmo e descansar.

— Se for ficar bem aqui eu vou.

Ele inclina seu rosto para o meu e então me dá um beijo lento, gentil.

— Volto logo.

Ergo minha cabeça para ele sair e fico o observando ir até a porta e então me lembro de algo importante.

Derrubando seus limites (Astros de Duke #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora